A popularização da internet e das mídias sociais estabeleceu novas formas de se produzir e circular informação. Quando pensamos na área de saúde pública, é possível perceber os benefícios advindos da rápida circulação de notícias de interesse público, mas também a face danosa da tecnologia: a propagação de boatos. Hoje conhecidas por fake news, as notícias falsas têm tido um incremento inédito em disseminação e engajamento em um mundo hiperconectado.
Foi considerando essas questões que a jornalista, servidora estadual e, atualmente, assessora Chefe da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Vívian Nunes Campos, pensou a produção do trabalho “Ferramentas digitais como uma estratégia de enfrentamento às Fake News: a experiência da Assessoria de Comunicação da SES-MG na produção de conteúdo em ambiente digital durante as 1ª e 2ª ondas da Febre Amarela”.
Coescrito com o também jornalista Wander Veroni Maia, coordenador de Comunicação Digital da SES-MG à época dos dois surtos da Febre Amarela, o artigo foi apresentado nesta quinta-feira (21), durante o VI Seminário Nacional e II Seminário Internacional As Relações da Saúde Pública com a Imprensa - Fake News e Saúde, promovido pela Fiocruz Brasília. “Esta foi a primeira vez, em toda a história da Secretaria Estadual de Saúde, que um representante da área de comunicação teve a oportunidade de apresentar um trabalho sobre uma ação de comunicação da Secretaria, dentro de um evento acadêmico”, aponta Vívian.
Na ocasião, Vívian Campos destacou as ações realizadas em ambiente digital (site oficial, blog e perfis nas mídias sociais) pela Assessoria de Comunicação (Ascom) da SES-MG no enfrentamento das fake news a partir do início do surto de Febre Amarela em Minas Gerais. Como o artigo revela, desde o início do surto da doença, em janeiro de 2017, as fake news já dificultavam o acesso do cidadão às informações, comprometendo as ações das equipes de epidemiologia e de imunização do Estado.
Estratégias
Nesse cenário, a equipe de Comunicação Digital construiu a primeira versão do hotsite informativo (www.saude.mg.gov.br/febreamarela) que reunia informações sobre a doença, a vacina que garantia imunidade à população, bem como a publicação dos boletins epidemiológicos.
Para as mídias sociais da SES-MG - Facebook, Twitter e Instagram - foram criados 62 peças digitais informativas e, em apoio a esse conteúdo produzido, 56 publicações no Blog da Saúde MG (http://blog.saude.mg.gov.br), que detalharam ações dos órgãos de saúde pública e abordaram informações e curiosidades relacionadas à Febre Amarela.
A fim de saná-las, a ASCOM da SES-MG promoveu uma transmissão ao vivo, por meio da ferramenta Facebook Live, com a participação do então subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Rodrigo Said. Em formato de programa de entrevistas, a transmissão contemplou perguntas feitas ao vivo pelos internautas, muitas delas referentes a boatos que circulavam pelas redes sociais. Você pode assisti-la, clicando aqui.
Destaca-se também, nesse período, a ampliação da produção e uso de peças digitais exclusivas para compartilhamento via Whatsapp, passando a estabelecer uma nova rotina de comunicação da ASCOM da SES-MG.
Nesse sentido, Vívian destaca a oportunidade de troca de experiências possibilitada pelo Seminário. “O contato com diversos profissionais da área de Comunicação e Vigilância irá nos proporcionar um aprimoramento do trabalho que já vem sendo executado aqui na SES-MG”, revela. “É ainda uma oportunidade ímpar apresentar a experiência da Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde em um seminário internacional, permitindo que várias pessoas de dentro e fora do país conheçam o trabalho que desenvolvemos aqui em Minas”, completa a assessora.
O artigo aponta que a eliminação das fake news pode ser considerada uma utopia, mas que, por sua vez, faz-se essencial aos órgãos públicos e instituições a tomada de responsabilidade sobre a questão. O ponto de partida, sugere o trabalho, é a criação de estratégias para o estabelecimento de um “elo de confiança” entre instituição e população, a fim de impedir comportamentos e atitudes oriundas de informações equivocadas, como por exemplo, medicamentos e vacinas sem indicação, ou a recusa à adoção de tecnologias e medidas de proteção necessárias.
É considerando esse cenário que o trabalho de Vívian Campos e Wander Veroni entende as fake news como ameaça às estratégias públicas de saúde e também como desafio ao trabalho de comunicadores públicos na área da saúde, desde já com a incumbência de contrapor informações falsas onde elas nascem e se disseminam: no ambiente digital.
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