Diante do cenário epidemiológico de emergência em saúde pública em decorrência do surto de Febre Amarela em Minas Gerais e do início do período de sazonalidade da Influenza, a Unidade Regional de Saúde de Varginha promoveu, nessa segunda-feira (26/03), o Encontro Regional Integrado de Vigilância e Assistência em Saúde para Enfrentamento à Febre Amarela e Influenza. Tendo como público alvo coordenadores e referências municipais da Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária e Secretários Municipais de Saúde, o Encontro, que aconteceu no Campus Varginha da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), teve como objetivo auxiliar as Secretarias Municipais de Saúde no alinhamento das estratégias integradas de contingenciamento e prevenção da Febre Amarela e da vigilância da Influenza, além da operacionalização da campanha de vacinação em 2018.

Crédito: Tânia Corrêa Machado

Representantes da UNIFAL e do CISSUL/SAMU, respectivamente, Professor Wesllay Carlos Ribeiro e o Secretário Executivo Jovane Ernesto Constantini, realizaram abertura, ressaltando a importância de se utilizar aquele espaço para discussões em prol da saúde pública e a grande relevância do alinhamento das estratégias com representantes municipais no que tange à Febre Amarela e Influenza. Foram sucedidos pelo Superintendente Regional de Saúde, Tarcísio Luiz de Abreu, que abriu os trabalhos e deu início à programação do evento.

A apresentação do cenário Epidemiológico da Febre Amarela, realizada pelo Coordenador de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador (NUVEAST), da Regional de Varginha, Paulo Henrique Pazotti, analisou dados como casos por região, evolução dos mesmos e situação nas Regiões de Saúde.

Paulo frisou a “importância do trabalho conjunto entre Assistência e Vigilância, pois, somente através de integração, será possível vencer essa doença que, apesar de imunoprevenível, ainda apresenta um cenário que merece atenção”.

Mônica Maciel, Referência Técnica do Núcleo de Atenção Primária na regional de saúde de Varginha, apresentou as atualizações referentes à Nota Técnica Conjunta nº 03, de 13/03/2018, que altera as estratégias de enfrentamento à Febre Amarela, de acordo com as categorizações dos municípios, em especial, com a intensificação vacinal, casa a casa, em todos os territórios. Além disso, apresentou as estratégias de ampliação da cobertura vacinal em Minas Gerais, destacando, em muitos momentos, a importância da comunicação, seja entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Secretaria Municipal de Saúde (SMSs), entre Atenção Primária e Vigilância em Saúde e entre equipes de saúde e população, através de sensibilização e conscientização da importância da vacina. “Apresentamos um modelo de plano de ação, pois julgamos que o planejamento é primordial para um trabalho organizado no município, e isso demanda coordenação, tomada de decisões e acompanhamento”, destacou Mônica.

Renata Siqueira Julio, Referência do Programa de Imunização da regional de Varginha, apresentou o Monitoramento Rápido de Cobertura Vacinal (MRC), ação que permite conhecer a real situação vacinal das pessoas residentes em uma determinada localidade, podendo identificar e resgatar os não vacinados. Renata abordou as etapas para realização do MRC e destacou que as mesmas só devem ser realizadas após a conclusão da estratégia “casa a casa”. Os critérios de inclusão e exclusão do monitoramento também foram apresentados e afirmou que “os municípios podem reportar à Unidade Regional de Saúde a necessidade de recursos humanos e materiais para a realização do monitoramento, para que as ações sejam complementadas, caso necessário”.

Patrícia Fátima Bento Ribeiro, Referência do NUVEAST, realizou apresentação sobre Investigação de Evento Adverso Pós-Vacinal (EAPV), de Febre Amarela. Segundo Patrícia, eventos adversos associados à vacina de Febre Amarela são raros, apresentando uma incidência, de 2007 a 2012, no Brasil, de 0,42 a cada 100 mil doses aplicadas. Todos os casos suspeitos de EPAV-Febre Amarela devem ser considerados suspeitos também para a doença até completa investigação do caso, que devem ser notificados em até 24 horas e investigados em até 48 horas pós-notificação. “A notificação de qualidade, além de trazer a resposta oportuna, impede o retrabalho de investigar novamente”, frisou.

Sobre a investigação, Paulo Pazotti (NUVEAST) destacou como fatores determinantes a temporalidade, visto que a evolução da doença seja rápida, a busca de documentos e o apoio da assistência.

Influenza

Monique Borsato, Referência de Influenza na regional de Varginha, apresentou a Vigilância Epidemiológica da Influenza no Estado, retomando seu histórico e chegando até a última década, onde foi possível enxergar a característica de cada ano, com relação ao vírus.

A importância de se notificar todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e Síndrome Gripal, o diagnóstico e o tratamento com Oseltamivir foram detalhados, bem como recomendações às equipes, como manter o abastecimento deste medicamento em dia e com acesso facilitado, consulta diária ao Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) para gerenciamento das rotinas e intensificação das ações educativas, que se baseiam neste caso, na etiqueta respiratória e adequada lavagem das mãos. Renata Siqueira (NUVEAST) apresentou a operacionalização da 20ª Campanha Nacional Vacinação contra Influenza, que ocorrerá no período de 16 de abril a 25 de março, destacando a grande importância de se conscientizar os grupos prioritários para a vacinação e, assim, atingir a meta vacinal de 90% para cada um desses grupos. Tratou também sobre a eficácia, precauções e contraindicações da vacina.

Por Tânia Corrêa Machado