Centenas de profissionais de saúde participaram ao longo desta semana na Cidade Administrativa de um curso prático de auriculoterapia ofertado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina e apoiado pela Secretaria Estadual de Saúde de MG (SES-MG). A iniciativa, organizada pela Coordenadoria de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) da Superintendência de Atenção Primária à Saúde da SES-MG, encerrou a etapa presencial com foco em casos clínicos do curso. A parte teórica foi realizada anteriormente por Educação a Distância, com a participação de 441 profissionais.

Crédito: Fábio Marchetto

Em Minas Gerais, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde são ofertadas em todos os níveis de atenção, mas predominantemente na Atenção Primária à Saúde (APS). Em 2020, 73% dos municípios mineiros ofertaram alguma prática de PICS na APS, entre elas a auriculoterapia. Segundo a referência técnica da Coordenadoria de Práticas Integrativas e Complementares da SES-MG, Paula Souza Oliveira, o curso faz parte de uma ação de educação permanente em saúde. “Em nossos territórios é uma estratégia de fortalecimento do SUS-MG”, destaca Paula.

A auriculoterapia é uma técnica terapêutica milenar, oriunda da medicina tradicional chinesa, que funciona por meio de estímulos mecânicos em pontos energéticos localizados na orelha, nas chamadas zonas neurorreativas. Normalmente são utilizadas sementes orgânicas de mostarda nos locais. Complementar aos tratamentos convencionais, essa prática apresenta bons resultados evidenciados na literatura científica, no cuidado a condições como obesidade, tabagismo, ansiedade, insônia e lombalgia, frequentemente apresentadas por usuários das unidades de APS.

Além da tradição milenar, a explicação para a eficácia da técnica, segundo a médica acupunturista Andrea Ruschel Träsel, passa também pela reflexologia – que entende a orelha como representação do corpo humano, portanto ao estimular áreas há reflexos em partes do corpo respectivas aos estímulos – e pela importância dos nervos da área em questão. “Há três nervos importantes para nosso corpo que estão nessa região: o auriculotemporal, o auricular maior e o nervo vago. Com essa inervação, conseguimos utilizar a orelha para controle de dor, analgesia, controle anti-inflamatório e do sistema límbico, que ajuda no controle de emoções”, afirma Andrea, professora da UFSC e uma das instrutoras da capacitação.

Por Bernardo Almeida