Histórias que inspiram e emocionam ao extraírem do sofrimento e da dor uma beleza singular, caracterizada pela força, pelo cuidado, pelo companheirismo e pela esperança. Este é o mote da mostra fotográfica "Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor?", que acontece entre os dias 08 e 28 de junho no Shopping Monte Carmo [Av. Juiz Marco Túlio Isaac, 1.119 - Ingá Alto - Betim].

Idealizado pelo professor da Faculdade Pitágoras Alberto Mesaque e pela pesquisadora da Fundação João Pinheiro (FJP) Maria Nogueira, o projeto foi abraçado pela supervisora assistencial da Organização Regional de Combate ao Câncer de Betim (Orcca) Fernanda Martins e pelos fotógrafos Fabricio Goulart, também da FJP, e Alexandre Ferreira Nunes.

Motivada por histórias de homens e mulheres diagnosticados com câncer e pela canção Quem sabe isso quer dizer amor?, dos irmãos Márcio e Lô Borges, a iniciativa esquiva-se da tradicional representação do amor de contos de fadas que envolve o dia dos namorados ao trazer a tona um outro viés - realista e para além do mito do amor romântico - desse sentimento.

“O ensaio fotográfico foi feito com casais em que um dos pares esteja vivenciando ou tenha passado pela experiência do adoecimento por algum tipo de câncer”, explica Maria Nogueira. “Como forma de passar por um momento que implica em sofrimento e desafios, o dia dos namorados foi escolhido como temática para retratar o amor, o cuidado e o afeto entre esses casais”, completa.

A experiência foi um desafio tanto para os casais, que saíram de suas rotinas, quanto para os fotógrafos. “Não queríamos um ensaio romântico tradicional, mas também não pensávamos em fotos que expusessem apenas as fragilidades de pessoas que estão enfrentando o tratamento contra o câncer”, conta o fotógrafo Fabrício Goulart. “Foi muito gratificante trabalhar as particularidades de cada casal, propiciar a eles uma pausa em uma rotina muitas vezes sofrida, escutar suas histórias e registrar suas emoções”, avalia.

Conceito

Por meio de uma seleção de imagens de seis casais assistidos pela Organização Regional de Combate ao Câncer de Betim (ORCCA), a mostra é um convite à reflexão sobre a influência do amor no processo de recuperação de pacientes oncológicos. Ainda, as imagens oferecem ao público a percepção das dificuldades impostas pelo câncer, ao mesmo tempo em que expõem a experiência de quem encontra no cuidado de seus pares um motivo a mais para enfrentar um longo processo de recuperação.

Um dos idealizadores do projeto, Alberto Mesaque, explica que a ideia da exposição surgiu a partir de dois conceitos do criador da psicologia humanista, Carl Rogers. “Para ele, temos duas forças básicas e inatas que nos movimentam: a Tendência Atualizante, que nos move em direção ao crescimento e ao alcance máximo das nossas potencialidades; e a Tendência Formativa, que se refere à tendência à criação em meio ao caos”, esclarece. “Na psicologia humanista, o caos, a dor e o sofrimento são uma oportunidade muito rica de crescimento”.

Mesaque destaca, ainda, que o papel da mostra é despertar no público o reconhecimento de sentimentos como a união e a coragem, que também perpassam o processo de adoecimento por câncer. “Nossa experiência junto aos pacientes oncológicos e seus familiares revela que apesar de toda a dor e sofrimento acarretados pelo câncer, este também é um momento de renovação de forças e de aprendizagem, que leva as pessoas a olhar a vida com outros olhos”, observa.

Assim como Mesaque, a supervisora assistencial da Orcca Fernanda Martins ressalta a função social de se mostrar um lado diferente do tratamento oncológico, evidenciando a importância das relações afetivas e o papel do cuidador nessas relações. “Durante os atendimentos realizados na Orcca percebemos a diferença para aqueles pacientes que encontram o apoio de seus companheiros no processo de tratamento”, afirma.

Parceria

Além da possibilidade de ampliar o alcance da discussão sobre a temática do câncer para outros contextos no estado de Minas Gerais, a ideia de convidar a Fundação João Pinheiro para viabilizar a execução do projeto de forma criativa veio a partir do conhecimento da experiência da pesquisadora Maria Nogueira com a utilização do audiovisual no contexto das práticas de saúde coletiva.

 

Por Fundação João Pinheiro / ASCOM