Minas Gerais está com a segunda edição, em andamento, do curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS). O objetivo da capacitação é o fortalecimento das práticas dos trabalhadores da saúde, tendo como referência as políticas e metodologias da diretriz nacional. 

A estratégia é um caminho para potencializar o cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS), a participação e a mobilização popular nos territórios de desenvolvimento. Em 2016, sob a coordenação da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), a atuação prioritária foi traçada para junto dos municípios atingidos pela "Rota da Lama", em virtude do rompimento da barragem de rejeitos de mineração no ano passado.

Crédito: Arquivo / Divulgação ESP-MG.

“Vendo a situação das pessoas e da cidade, entende-se melhor as dificuldades que os profissionais das equipes de Atenção Básica do SUS enfrentam diariamente em seu trabalho", destaca a coordenadora do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde (NRAS) da ESP-MG, Silvia Franco. Como resultados práticos da execução até aqui, Silvia destaca o reforço da tradição do saber e dos trabalhadores para a realização destes serviços. 

Construção 

Antes de chegar à etapa dos encontros presenciais, foram realizadas, em novembro, oficinas para Formação dos Educadores em duas localidades: Belo Horizonte – no Centro de Formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – e em Barra Longa, município próximo ao distrito de Bento Rodrigues. “Essa etapa foi extremamente rica para o fortalecimento da metodologia utilizada durante o curso, que dialoga com os saberes e as práticas populares de saúde”, destaca a coordenadora da ESP-MG. 

Já na atual fase, que prevê 17 encontros presenciais (8h cada) entre dezembro desse ano e abril de 2017, a ação já passou por Ponte Nova (em 8/12) e Mariana (9/12). “Em ambas as ações educacionais, o foco foi na sensibilização e solidariedade como essenciais para entender as diversas realidades dos territórios e que os educadores e educandos são multiplicadores dessa prática humanizada nos serviços de saúde pública”, explica Silvia. 

Experiências

A participação de vários atores e pluralidade de movimentos sociais, como MST, Atingidos pelas Barragens, assentamentos e quilombolas, enfatizam também mais uma estratégia do Governo do Estado em favor dos atingidos, da maior participação popular e transparências nas ações e políticas públicas. 

Reforço de parcerias, visibilidade aos movimentos sociais, um novo aprendizado no SUS, autonomia, cogestão, colaborativismo e as potencialidades dos trabalhadores envolvidos nesse projeto são alguns resultados destacados institucionalmente pela ESP-MG, coordenadora do curso em MG. “As oficinas contam com cerca de 80% de mulheres e são agentes fundamentais no papel de diálogo com as comunidades e com os usuários do SUS”, observa Silvia.

 

Os professores do EdPopSUS (um para cada município) aprovam a metodologia participativa e colaborativa do curso, com atenção à pluralidade de vozes. É o caso, por exemplo, do educador popular e poeta, Guilherme Salgado (Timóteo – Território Vale do Aço), e da coordenadora de Atenção Básica à Saúde, Patrícia Costa (Cachoeira da Prata – Território Metropolitano), ambos professores no curso. 

Para Salgado, a formação um caminho para conhecer a realidade do outro e, também, criar espaços para o fortalecimento de pessoas e trabalhadores. “Experimentar o outro e se fortalecer no outro. De alguma forma, ressignificar a nossa relação, entre nós, com o mundo e com o que a gente tem chamado de país ou de região”, destaca. 

Patrícia, por sua vez, destaca a oportunidade única que o curso permite vivenciar. “Ele vai nos ajudar a levar todas as reflexões, tudo que nos afetou, essas vivências e convivências para as pessoas, e também aprender a lidar com o coletivo, com o agente comunitário de saúde (ACS) que está na base do SUS”, afirma. 

EdPopSUS 

O curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS) é uma realização da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) do Ministério da Saúde, sob organização e planejamento da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

Nessa segunda edição, o curso está sendo ofertado em 10 estados (Minas Gerais, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe). Em Minas, a ação tem o apoio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e é coordenada pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG). Em 2016, o EdPopSUS alcançou 36 municípios mineiros e vai formar 174 educadores e 315 alunos. 

O público prioritário no EdPopSUS são agentes comunitários de Saúde, agentes de combate às endemias, profissionais e lideranças comunitárias, com destaque para as comunidades assentadas, quilombolas e demais movimentos sociais. Em síntese, trata-se de uma qualificação da prática educativa de profissionais e lideranças comunitárias que atuam em territórios com cobertura da Atenção Básica do SUS

O curso faz parte das ações estratégicas da Política Nacional Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS), contribuindo, inclusive, para a sua implantação e fortalecimento. A primeira edição ocorreu em 2013, com a realização do curso de sensibilização em nove estados,  com 19 mil educandos matriculados.

 

 

Por Agência Minas