Com o objetivo de alinhar ações de vigilância epidemiológica e manter o trabalho de mobilização contra a febre amarela, a Regional de Saúde de Montes Claros realizou nesta sexta-feira (25/11) reunião com representantes da Secretaria Municipal de Saúde e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

A coordenadora de vigilância epidemiológica da regional, Josianne Dias Gusmão, destaca a importância da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) manter o trabalho de mobilização e vigilância contra a febre amarela envolvendo outras instituições atuantes no Norte de Minas, visando evitar a ocorrência de casos humanos da doença. Até o momento não foram registrados casos humanos suspeitos ou confirmados da doença.

Crédito: Pedro Ricardo.

Por sua vez o coordenador de vigilância em saúde da Regional de Saúde de Montes Claros, Valdemar Rodrigues dos Anjos, frisou que paralelo às ações contra a febre amarela, os municípios do Norte de Minas precisam intensificar o trabalho de combate aos focos do mosquito Aedes aegypti que, além de transmitir Zika, Chikungunya  e Dengue também transmite febre amarela. “Como o Aedes aegypti tem sido encontrado não apenas em áreas urbanas como, também, na zona rural, é preciso que o trabalho dos agentes de controle de endemias seja intensificado em todos os municípios a fim de se evitar a ocorrência de epidemias”, frisou Valdemar Rodrigues.

Durante a reunião, o especialista em primatas e professor do Departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de Montes Claros, Waldney Martins, abordou sobre “A Febre Amarela em Primatas”. Na oportunidade o professor ressaltou que no Norte de Minas são encontradas quatro espécies de primatas: Macaco Prego de peito amarelo; Guariba ou Bugio; Soim Micro Estrela e o Guigó que, pelo fato de viver escondido, ainda não se sabe se é ou não hospedeiro de febre amarela.

Ainda, de acordo com Waldney Martins, o Soim Micro Estrela é a espécie de primata que requer mais atenção no que se refere à transmissão de febre amarela, pois se adaptou ao ambiente urbano. Pelo fato do animal encontrar alimentação farta, tem se proliferado de maneira crescente.

“Moradores de áreas urbanas podem até achar o Soim um animal bonitinho, mas jamais se deve alimentá-los. Isso porque, além de haver possibilidade de transmissão de herpes humana para os animais eles acabam tendo o comportamento influenciado e chegam a invadir residências e estabelecimentos comerciais onde se acostumaram a encontrar pessoas que lhes ofertam alimentos”, ressaltou o professor.

Waldney Martins observou também que os primatas são sentinelas importantes para que os serviços de vigilância epidemiologia investiguem a ocorrência ou não de febre amarela, pois num prazo máximo de sete dias após serem acometidos pela doença, os animais morrem. Porém, roedores e gambas também são transmissores de febre amarela.

Prevenção

Entre as ações de prevenção tomadas pela SES-MG e municípios da região está a avaliação e intensificação da vacinação, priorizando populações de áreas rurais e silvestres, principalmente para aqueles indivíduos com maior risco de exposição (população de área rural, silvestre, pessoas que fazem turismo ecológico ou rural, agricultores, extrativistas e outros que adentram áreas de mata ou silvestres).

Além disso, população e profissionais de saúde estão sendo mantidos informados sobre a doença e a importância da notificação de casos suspeitos em primatas. Todos os casos humanos suspeitos também devem ser notificados e investigados (até 24h), incluindo as doenças febris hemorrágicas e óbitos por causa desconhecida.

Além da Secretaria de Saúde de Montes Claros, o grupo de trabalho formado pela Superintendência Regional de Saúde para implementação de ações preventivas contra a febre amarela também conta com a participação do Instituto Estadual de Flores (IEF), Corpo de Bombeiros, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Unimontes.

Tratamento e Vigilância

De acordo com o Ministério da Saúde, a febre amarela é uma doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável. A forma grave caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Deve-se levar em conta seu potencial de disseminação em áreas urbanas.

Em ambas as formas epidemiológicas os mosquitos vetores são os reservatórios do vírus amarílico. Na doença urbana, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica. Na forma silvestre, os primatas são os principais hospedeiros do vírus amarílico e o homem é um hospedeiro acidental.

A doença só é transmitida por meio da picada de mosquitos transmissores infectados. O período de incubação é de 3 a 6 dias após a picada do mosquito. O diagnóstico pode realizado por isolamento do vírus amarílico e detecção de antígeno em amostras de sangue ou tecido e por sorologia. Também podem ser realizados exames de histopatologia em tecidos pos morten.

Ocorrência de suspeita de febre amarela deve ser notificada imediatamente e investigada o mais rapidamente possível, pois se trata de uma doença grave e de notificação compulsória internacional - todos os casos suspeitos devem ser informados às autoridades sanitárias, já que um caso pode sinalizar o início de um surto, o que pede medidas de ação imediata de controle.

Não existe um tratamento específico no combate à febre amarela, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, em todo o país, vacina segura e eficaz contra a doença.

 

Por Pedro Ricardo