Dando início às comemorações da Semana da Mulher, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) realizou ontem (08) a palestra “Mídia e olhares sobre mulheres”, com a professora Tatiana Carvalho Costa. A palestra foi a primeira de uma série de atividades programadas em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – 08 de março.

A atividade contou com a participação de servidores da Escola e público externo, que tiveram a oportunidade de analisar, juntamente com a palestrante, o discurso e a narrativa machistas e preconceituosos presentes no cinema, na televisão e na publicidade.

Segundo Tatiana, o que predomina nesses cenários é o olhar masculino, tendo a mulher sempre como objeto e nunca como protagonista. “A violência de gênero e contra os corpos femininos estão presentes desde a mitologia, servindo apenas para vender produtos, seja na indústria de alimentos, bebidas, automóveis, esportes e cosméticos”, disse.

Em sua apresentação, a professora ainda destacou as questões de desigualdade de papéis na sociedade e as relações de poder hierarquizadas entre homens e mulheres, sendo a mulher uma “imagem” e o homem o “dono do olhar”. “Essa realidade precisa ser mudada e a nova geração de mulheres tem essa consciência, as redes sociais ajudam muito nessa bandeira de que o lugar da mulher é onde ela quiser”, afirmou.

Visões

Para a servidora do setor de Compras e Contratos da ESP-MG, Gabriela de Brito Santos, a palestra abordou temas atuais e de uma forma interseccional, ou seja, não oprimindo uma bandeira por outra mais opressora. “Gostei muito quando a palestrante intercalou questões raciais e o fato de que alguns homens não reforçam estereótipos de gênero e também sofrem nesse sistema”, disse.

Ela também notou a pouca presença dos servidores homens na atividade, que segundo ela, muitos não conseguem perceber o quanto é prejudicial a negação do feminismo e as condições que as mulheres são submetidas diariamente. “Essas ações deveriam ser espaços para que os homens sejam nossos aliados nessa luta, eles não percebem o quanto é grave o machismo”, destacou.

Para o servidor do Núcleo de Gestão em Saúde, Jean Souza, os temas abordados foram importantíssimos, e tratados de forma leve e ao mesmo tempo didática e questionadora. “Algumas brincadeiras machistas que são tidas como “normais” em nossa sociedade precisam ser analisadas. É um longo caminho e as amarras sociais são grandes, mas estamos caminhando”, afirmou.

Já a superintende de pesquisa da Escola, Marilene Melo, destacou que a palestrante brindou o público com um discurso leve e afetuoso sobre o ‘lugar’ que a mulher tem ocupado no campo publicitário e nas produções televisivas e cinematográficas. “Ficou explicita a pluralidade e a potencialidade do “ser” mulher. Entretanto, ainda convivemos no mundo contemporâneo com situações em que a mulher permanece como um ‘objeto’ de decoração, frágil, submissa aos interesses do capital e culpabilizada pelas suas diversas estratégias de ‘insubordinação social’ às normas prescritas", enfatizou.

Semana Mulher

As atividades na Escola seguem ao longo do mês de março, com Dia da Beleza, sessão pipoca, almoço especial para as trabalhadoras e mais uma palestra com a temática “Prostituição, gênero e sexualidade”.

Por Sílvia Amâncio