Com os números de contaminação pelo Aedes Aegypti crescendo em todo Brasil, Coromandel, localizada na região do Alto Paranaíba, viu os casos na cidade diminuírem em quase 90%. Para conseguir este resultado, foi preciso cumprir algumas medidas como visitar 100% dos imóveis nas áreas rural e urbana, notificar e multar moradores e proprietários que não colaboraram com os agentes de endemias e ações de educação em saúde para conscientizar a população. 

Os agentes da saúde do município visitaram 13.117 imóveis urbanos e rurais. A ação, que contemplou 100% dos imóveis, atingiu não só a sede do município como também os distritos. Os moradores que não colaboram com os agentes, podem ter consequências legais, como multas, notificações e até mesmo apreensão. Desde 2013, Coromandel aplica a Lei 3.258, que determina como deve ser o cuidado em borracharias, imóveis com piscinas, caixa d’água, estabelecimentos que comercializam produtos e embalagens descartáveis e recicláveis, cemitérios, construção civil, ferro velhos, imobiliárias e floriculturas. 

Até março, 480 proprietários de imóveis foram notificados, ou seja, 4% do total. Cinquenta e uma multas foram expedidas. A coordenadora da equipe de agentes de combate às endemias, Valéria Almeira, relata que “Tudo isso é fruto de muito trabalho, provas fotográficas, agilidade nas informações colhidas entre os moradores, leis municipais mais severas e celeridade nas ações judiciais”, explica Valéria. 

O secretário municipal de saúde de Coromandel, Luiz Augusto Moreira, lembra casos interessantes, como o de moradores que decidiram, em conjunto, limpar um imóvel da vizinhança. “Como a proprietária se recusava abrir sua propriedade aos agentes de endemias, os vizinhos fizeram o serviço. Esta atitude evitou que a moradora fosse notificada e multada pela prefeitura, além de eliminar focos do mosquito”, conta o secretário. 

Crédito: divulgação  Prefeitura Coromandel

É a partir da conscientização e da responsabilidade dos gestores municipais que é possível reduzir os casos de dengue, pois somente assim que se mobiliza a população e as demais secretarias e poderes, avalia Almir Fontes, superintendente regional de saúde de Uberlândia. “É uma ação conjunta do poder público, do legislativo, judiciário e da comunidade para que se consiga ter sucesso na redução dos casos” explica Fontes. 

Preocupado com a epidemia que muitos municípios já enfrentam no país, o prefeito de Coromandel, Osmar Martins Borges, reforçou a importância em ter ações de controle do Aedes durante o ano inteiro. “Ano passado, a situação parecia estar perdida, mas com o empenho da equipe e o auxílio da população, começamos a vencer esta guerra. Nós iniciamos a batalha muitos meses antes da chegada do verão”, destaca o prefeito. 

Desde julho de 2015 as ações são contínuas. Os agentes de endemias visitaram todas as famílias do município e fizeram um trabalho educativo em cada casa, onde “leram, para todos os moradores, as recomendações necessárias a se evitar focos do mosquito. Esta ação expandiu a compreensão e o nível de conscientização", afirma o secretário de saúde. 

O trabalho de mobilização e educação da população também são medidas que os trabalhadores de saúde adotam. Ações como as do médico de um dos Postos de Saúde, Geizon de Souza, que por iniciativa própria elaborou cartaz e distribuiu pelo bairro, com a orientação "Se o mosquito te pegar, a culpa também é sua (...) Não fique parado... Não deixe água parada. (...) dengue, zika, chikungunya eu não quero e você? ", fazem toda diferença no combate ao Aedes Aegypti em Coromandel. 

Em fevereiro, os educadores em saúde do município realizaram blitz educativas e palestras em creches. “O objetivo ainda é visitar todas as escolas do município e orientar todos os alunos, além de sensibilizar as demais secretarias e entidades religiosas. Estaremos em todas as salas de aulas em Coromandel” explicou o secretário de saúde.