Nesta sexta-feira (26/02), profissionais de saúde e acadêmicos da área de saúde se reuniram, no auditório da Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, para o simpósio “Aedes e as Epidemias Atuais: Realidade, Possibilidades e Ações”. O evento, que contou com a parceria da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), teve como objetivo possibilitar um espaço de atualização e de intercâmbio de informações relacionadas à infecção pelo Zika Vírus e suas consequências. O fato de o Brasil, por toda a magnitude de seu território e da população, ter se tornado referência das doenças causadas pelo Aedes aegypti para o restante do mundo, reforça a importância da discussão acerca do tema. 

A subsecretária de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Celeste Rodrigues, compôs a mesa de abertura do simpósio e enfatizou o papel fundamental da universidade na formação dos novos profissionais e no fomento de pesquisas científicas. “Envolver estudantes de graduação em torno da discussão das novas doenças associadas ao Aedes contribui para uma maior disseminação das informações e melhor qualidade dos serviços prestados à população. Quando falamos de dengue, Zika e Chikungunya, é preciso não só ter uma assistência efetiva, como também uma vigilância epidemiológica muito ágil e oportuna. Esse casamento é fundamental e a discussão que teremos aqui hoje contribui para que possamos fortalecer a perfeita sintonia entre as áreas”, afirma. 

Crédito: Osvaldo Afonso

Participaram, ainda, da mesa de abertura representantes da Faculdade de Medicina da UFMG, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, do Conselho Regional de Enfermagem e de Medicina de Minas Gerais, da Unimed-BH, do Hospital das Clínicas da UFMG e da Sociedade Mineira de Pediatria. As autoridades reforçaram a importância de unir esforços e compartilhar conhecimentos para um controle mais efetivo do Aedes aegypti. 

Simpósio Zika Vírus: Panorama atual 

Durante a manhã, os participantes puderam conhecer um pouco mais sobre o Zika Vírus e debater acerca de suas consequências para a saúde do homem. Apesar de muitas perguntas ainda não terem resposta, pelo fato de a associação da doença com outras enfermidades ser nova, os palestrantes apresentaram ao público casos e estudos recentes, que ajudaram a entender melhor as manifestações do vírus no ser humano. As explanações abrangeram desde o histórico do vírus e sua introdução no território brasileiro, passando pelas manifestações clínicas e exames laboratoriais, situação epidemiológica e medidas de prevenção ao Aedes aegypti, critérios e diagnósticos da microcefalia, além dos fluxos assistenciais da gestante e recém-nascido com microcefalia.  

Crédito: Osvaldo Afonso

O superintendente de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-MG, Rodrigo Said, apresentou os dados sobre dengue, febre Chikungunya e Zika vírus no Brasil e em Minas Gerais, e reforçou a importância da união de esforços entre o poder público e a população para o controle do Aedes aegypti. “A dengue é hoje classificada pela Organização Mundial da Saúde como a principal doença reemergente no mundo. Nos boletins epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde, vemos um aumento do número de casos da doença, quando comparado ao mesmo período de 2015, que já foi um ano de epidemia. Em Minas Gerais, o quadro não é diferente. Soma-se isso ao fato de que circulam pelo país os vírus da Zika e da febre Chikungunya, tornando a prevenção e controle do vetor um grande desafio a todos”, reforça.  

Para falar sobre os fluxos assistenciais da SES-MG de triagem, diagnóstico e acompanhamento de gestantes com Zika vírus e recém-nascidos com microcefalia, foram convidas a diretora de Redes Assistenciais, Cláudia Pequeno, e a referência técnica da Coordenação de Atenção da Mulher, Regina Amélia Aguiar. Elas reforçaram que a Secretaria vem se preparando para lidar com números cada vez mais elevados de casos da doença e que o trabalho tem sido de fortalecer a rede assistencial e aumentar a retaguarda para receber esses novos pacientes. 

Para atender aos casos de Zika vírus em gestantes, foi construído um fluxograma específico para viabilizar a comunicação com o serviço assistencial dos municípios de residência das gestantes. A SES-MG busca informações sobre a idade gestacional e o impacto nos fetos/bebês. Essas gestantes são acompanhadas pelos serviços de referência em pré-Natal de Alto Risco, permitindo assim, o monitoramento oportuno dos casos. 

A Superintendência de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador do Estado da SES-MG está monitorando os casos já identificados de gestantes com Zika vírus, a fim de realizar a investigação epidemiológica e detectar precocemente novos casos, garantindo assim o manejo clínico adequado. As Unidades Regionais de Saúde estão também em contato com os municípios para adoção do Protocolo de Acompanhamento recomendado pelo Ministério da Saúde, garantindo assim a essas gestantes o acompanhamento de Pré-Natal de Alto de Risco nos respectivos serviços de referência.

As apresentações realizadas durante o simpósio serão disponibilizadas no site da Faculdade de Medicina da UFMG: http://medicina.ufmg.br/contraoaedes/index.php 

Por Ana Paula Brum