A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens durante a gestação, como exposição a drogas, álcool e certos produtos químicos, desnutrição grave, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. Dependendo do grau da doença, a criança pode apresentar deficiência mental, problemas de visão, auditivos, convulsões e dificuldades de locomoção. 

Crédito: EBC

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.

Diagnóstico 

Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas após o nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Tratamento 

Dependendo do tipo de microcefalia, é possível corrigir a anomalia por meio de cirurgia. Geralmente, as crianças, como já informado, precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida. Nos casos de microcefalia óssea existem tratamentos que propiciam um desenvolvimento normal do cérebro.

Microcefalia e Zika Vírus 

Em relação ao monitoramento da entrada do vírus Zika em Minas e em consequência aos casos de microcefalia ocorridos nos Estados do Nordeste, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está cumprindo os protocolos do Ministério da Saúde e reativando a vigilância sentinela, ou seja, equipes das unidades de saúde tecnicamente treinadas para identificar os sintomas agora ligados ao Zika e encaminhar para a análise. Embora não tenha registro de circulação do vírus no estado, as unidades estão distribuídas estrategicamente nos municípios de Uberaba, Belo Horizonte, Montes Claros, Teófilo Otoni, Juiz de Fora e Pouso Alegre. 

O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação de casos da microcefalia em todo território nacional, incluindo Minas Gerais. O protocolo para identificação de bebês com o problema deverá ser usado em todo o país. As instruções preveem os critérios para detecção da microcefalia em recém-nascidos, definem o fluxo de atendimento, diagnóstico, vigilância e acompanhamento de bebês com a anomalia. 

As medidas de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como Dengue, Chikungunya e Zika, estão sendo reforçadas em todo o Estado. A SES-MG realiza, desde outubro, oficinas regionais para atualização dos planos de contingência dos municípios. 

Combater o mosquito é a forma de evitar as três doenças. A forma, mesmo já conhecida pela população, é eliminar qualquer foco de água parada no qual o mosquito possa se reproduzir. A recomendação é para que as pessoas mantenham suas casas e locais de trabalho sempre limpos e longe de qualquer possibilidade de acúmulo de água.

 

Por Míria César