A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros está recebendo, nesta terça e quarta-feira (20 e 21/10), a visita de monitoramento e avaliação do Programa de Controle da Tuberculose. Os trabalhos estão sendo avaliados pelo coordenador do Programa de Controle da Tuberculose em Minas Gerais, Pedro Daibert de Navarro, e pela referência técnica da coordenação estadual de controle da tuberculose, Rômulo Morato. Também participam das avaliações técnicos da SRS, da Secretaria Municipal de Saúde e do Presídio Regional, que atualmente possui 1,2 mil detentos.
Crédito: Pedro Ricardo

Montes Claros é município prioritário no controle da tuberculose em Minas Gerais. Com 258 casos detectados no ano passado, o Norte de Minas se encontra em terceiro lugar no registro da doença. Os dois primeiros lugares são ocupados por Belo Horizonte e Juiz de Fora. 

Pelo fato de Minas Gerais estar localizado numa região de divisa com vários estados, Pedro Daibert explica que o controle da tuberculose se constitui numa ação prioritária do governo mineiro pactuada com o Ministério da Saúde. O Estado ocupa o quarto lugar em número de casos detectados de tuberculose e, para quebrar o ciclo da doença, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) trabalha com a meta de detectar, no mínimo, 70% dos casos de forma precoce e curar, pelo menos, 85% dos pacientes infectados. Os públicos alvos das ações são os detentos, moradores de rua, indígenas, pessoas portadoras do vírus HIV/aids e profissionais da área de saúde.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, anualmente, são notificados no país aproximadamente 70 mil novos casos da doença e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência de tuberculose resistente aos medicamentos. O Brasil ocupa o 16º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo.

Ao apresentar o panorama epidemiológico e operacional da tuberculose em Minas Gerais, Pedro Daibert destacou a importância dos profissionais das unidades básicas de saúde estarem atentos para identificar casos precoces de tuberculose. Isso porque, explicou, quando os casos são detectados em policlínicas e hospitais, unidades estas que se situam nos níveis de média e alta complexidade na área de saúde, os pacientes já estão em estágio mais avançado da doença e, por isso, o tratamento se torna mais difícil.

Avanços

Neste ano, o Laboratório Macro Regional administrado pela SRS de Montes Claros passou a ser o primeiro do Norte de Minas que está fazendo o teste rápido molecular que detecta a tuberculose. Para isso, em janeiro, o Laboratório recebeu da Fundação Ezequiel Dias (Funed), administrada pelo Governo do Estado, um novo equipamento importado do Canadá. Trata-se do Genexpert, capaz de diagnosticar a doença em apenas duas horas. O aparelho tem alta sensibilidade e especificidade que diminuem a possibilidade de um resultado negativo.

Antes da aquisição do equipamento, o Laboratório Macro Regional de Montes Claros encaminhava todas as amostras de exames para a Fundação Ezequiel Dias. Após a aquisição do Genexpert, já foram realizados em Montes Claros 180 testes rápidos. Desse total, foram detectados 27 casos positivos de tuberculose.

Dez servidores da SES-MG trabalham no Laboratório Macro Regional. A unidade atende demandas de exames encaminhadas pelas secretarias de saúde de 120 municípios que integram as áreas de atuação das superintendências regionais de saúde de Montes Claros e Diamantina, bem como das diretorias regionais de saúde de Pirapora e Januária.

Em Minas Gerais, além da unidade sediada em Montes Claros, outros quatro laboratórios macro regionais sediados em Uberaba, Teófilo Otoni, Pouso Alegre e Juiz de Fora também já estão fazendo o teste rápido molecular que detecta a tuberculose. Em Belo Horizonte, o teste é realizado em três laboratórios sediados no Hospital Júlia Kubitscheck, na Secretaria Municipal de Saúde e na Faculdade de Medicina da UFMG. O teste rápido é realizado para diagnóstico dos sintomáticos respiratórios (casos novos) e retratamento.

A doença

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. A doença é curável.  Anualmente são notificados cerca de nove milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. O surgimento da AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose resistente aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário.

Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado à pobreza e à má distribuição de renda. Assim, alguns grupos populacionais possuem maior vulnerabilidade devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos.

Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças, obrigatoriamente, no primeiro ano de vida ou, no máximo, até quatro anos, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de AIDS não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados.

Por Pedro Ricardo