Tendo como tema “Amamentação e Trabalho” a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) realizará nesta quarta-feira, 26/08, em Montes Claros, seminário macorregional destinado a coordenadores de atenção primária e vigilância em saúde, profissionais de maternidades e centros Viva Vida e integrantes da Pastoral da Criança. Também foram convidadas referências técnicas da população feminina privada de liberdade e profissionais do sistema Fiemg-Sesi (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e Serviço Social da Indústria). O seminário será realizado no período de 8 às 17 horas no auditório da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams).

Neste ano a Semana Mundial do Aleitamento Materno, comemorada de 1º a 8 de agosto, teve como tema as mulheres que trabalham fora de casa e amamentam. A iniciativa busca sensibilizar empresas sobre a importância da amamentação. O bebê que continua recebendo o leite materno possui anticorpos que previnem doenças.

O aleitamento também reduz os índices de obesidade infantil; os casos de infecções digestivas e respiratórias e de alergias alimentares. Estudos mostram que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. A amamentação também ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia. As chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente para mulheres que amamentam.

Desmame precoce

A referência técnica da Saúde da Mulher e Criança da SRS de Montes Claros, Helen Regina Pinheiro Rodrigues, destaca que a proteção ao aleitamento materno tem como objetivo preparar vários segmentos da sociedade para identificar os fatores que levam ao desmane precoce, com foco na mulher trabalhadora com vínculo empregatício formal e informal.

“Diante de várias atividades desenvolvidas pela mulher na sociedade, as evidências científicas apontam para uma maior prevalência do desmane precoce na mulher com trabalho informal. Isso justifica a necessidade de se garantir ações que visem à promoção, apoio e proteção ao aleitamento materno na atenção primária à saúde, hospitais, centros especializados e população em geral”, adverte a referência técnica da SES.

Já a superintendente regional de Saúde de Montes Claros, Patrícia Aparecida Afonso Guimarães Mendes, destaca a importância da realização de um seminário com abrangência regional levando-se em conta que, atualmente, tanto nas grandes, médias e pequenas cidades as mulheres vêm ocupando várias funções na sociedade e, por isso, o reforço do debate sobre a importância da amamentação se constitui num fator de saúde pública.

“O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo entre mãe e filho e se constitui na mais sensível, econômica e eficaz interação para a redução da morbimortalidade materno infantil”, frisa a superintendente.

A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que o aleitamento materno comece já na sala de parto e que seja exclusivo e em livre demanda (o bebê mama a quantidade que quer, quando quer) até o sexto mês e se estenda até dois anos ou mais.

Amamentação

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 34% das mães de bebês com menos de um ano e que trabalham fora de casa não amamentam mais a criança. Já entre as mães que não trabalham fora, esse índice é menor, 19%. De acordo com a legislação brasileira, a licença-maternidade pode durar até seis meses, mas para a maioria das trabalhadoras, é de quatro meses apenas.

Ao retornar ao trabalho, para que a amamentação seja mantida pelo menos até o sexto mês de vida do bebê, a legislação trabalhista prevê períodos de pausa no trabalho para que a mulher amamente ou retire leite para seu filho. São duas pausas, de meia hora cada uma, que não se confundem com os intervalos normais de repouso e alimentação. A mulher pode, inclusive, combinar com a chefia para chegar meia hora depois e sair meia hora antes do horário de trabalho ou ainda acumular os períodos e tirar uma hora por dia.

Para estimular a continuidade da amamentação ao voltar ao trabalho, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançaram em 2010 uma nota técnica com orientações para as empresas instalarem salas de apoio à amamentação. As salas são espaços dentro da empresa onde a mulher pode, com conforto, privacidade e segurança, esvaziar as mamas, armazenando seu leite em frascos previamente esterilizados para, em outro momento, oferecê-lo ao seu filho.

Esse leite é mantido em um freezer a uma temperatura controlada até o fim do dia. Cada recipiente é etiquetado com o nome da mãe, a data e a hora da coleta. No fim do expediente, a mulher pode levar seu leite para casa para que seja oferecido ao filho ou pode ainda doá-lo a um Banco de Leite Humano.

Por Pedro Ricardo