Diversos movimentos e grupos sociais estiveram presentes, neste último sábado (22/08), para a Plenária Estadual de Entidades, Movimentos Sociais, Sindicais e Populares com o objetivo de aprimorar e promover um Sistema Único de Saúde (SUS) mais igualitário e acessível a toda população. O encontro faz parte dos preparativos da 8ª Conferência Estadual de Saúde de Minas Gerais, que será realizada de 1º a 04 de setembro, no Expominas, em Belo Horizonte.

Com a oportunidade de exporem suas ideias, percepções e sugestões, os movimentos sociais, sindicais e populares se reuniram, no auditório da Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, com representantes do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Na oportunidade, eles abordaram diversos temas que incluem as ações de acolhimento e atendimento aos diversos públicos usuários do SUS. Para conferir todas as fotos da Plenária Estadual, clique aqui.

Crédito: Maurílio Nogueira.

Dialogando, os diversos movimentos presentes abordaram os problemas e dificuldades que existem para que as pessoas de seus segmentos acessem aos serviços de saúde. Por meio da plenária e de uma mobilização social conjunta, todos os movimentos refletiram sobre o uso, gestão e formulação acerca dos avanços, desafios e prioridades necessárias para o progresso da construção e fortalecimento do SUS para os diversos segmentos.

Presente no evento, o Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fausto Pereira dos Santos, afirmou que todos os movimentos sociais, sindicais e populares fazem parte da saúde e que o evento realizado antecede à realização de uma conferência de saúde, que é baseada na inclusão. “O momento antecede a uma conferência estadual mais contemporânea, em que os diversos segmentos que militam e que tem cada um as suas especificidades precisam ser ouvidos”, disse.

Voz para a Diversidade

Contando com a participação de cerca de 300 pessoas, os movimentos sociais abriram o evento com um grito de guerra entoado pela representante de todos os movimentos, Dinda do Quilombo da Lapinha. Compondo a mesa de abertura Dinda e todos os representantes gritaram: “Da luta não se cansa. Viva o movimento”.

O vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva, chamou a conferência de conferência da inclusão. “A apresentação de propostas específicas dos mais diferentes grupos é o que irá diferenciar esta conferência das outras”, disse. Representando o movimento negro, a mãe de santo, Beatriz Alves Ferreira, considerou o dia importantíssimo para o atual momento da saúde. Beatriz também é Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Uberaba e há 22 anos acompanha o movimento, que para ela não luta apenas contra o racismo e a discriminação.

“Nosso movimento não pede para ser tratado de forma diferente, mas que todos olhem e respeitem as especificidades das etnias. Um exemplo é o acolhimento das mulheres negras nas maternidades e outras doenças, como hipertensão e diabetes, que acontecem com a população negra. Acredito que as propostas hoje aqui discutidas muito em breve serão colocadas em prática de forma efetiva”, disse Beatriz.

Reunidos, os mais diferentes segmentos formaram grupos de trabalho para que as dificuldades e os problemas vivenciados por cada um deles no acesso aos serviços de saúde fossem expostos, debatidos e avaliados. O momento também foi para a indicação dos nomes dos delegados e das delegadas para a 8ª Conferência Estadual de Saúde.

A Plenária Estadual reuniu também participantes de movimentos que representam os 16 territórios de desenvolvimento do Estado, incluindo as regiões ampliadas de saúde. As entidades sediadas na região metropolitana de Belo Horizonte e que tem representatividade regional, estadual ou federam também foram convidadas.

Representante do Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) da região das vertentes, Carlos Bem, afirmou que o Conselho Estadual e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais marcaram uma nova forma de trabalhar a saúde. “Com a ampliação do diálogo, como estamos fazendo aqui hoje, com certeza o SUS será muito mais fortalecido”, disse.

Para a responsável pela organização da 8ª Conferência Estadual de Saúde, Conceição Rezende, a plenária foi um momento de inclusão de todos os movimentos sociais do Estado. “Este é realmente um momento único para o SUS e para a saúde mineira”, disse. Com a palavra os Movimentos Sociais: 

# “Este foi um momento único para todos os movimentos sociais. Nas questões da saúde a população indígena tem questões específicas como os costumes de cada tribo. Ficamos felizes em sermos lembrados e por estarem pensando na saúde do nosso povo”. Alexandre Pataxo – Representante do Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais e Vice Cacique da Aldeia Pataxo de Carmésia.

# “Estamos impressionadas com a diversidade das pessoas presentes. Nem sempre há orientações para os profissionais de saúde para que eles possam atender quem é diferente. No nosso caso esta é uma questão que afeta o nosso movimento, que muitas vezes se afasta do atendimento à saúde, principalmente do ginecológico, pela falta de um tratamento adequado”. Fernanda Coelho – Representante do Movimento Bissexual e Lésbico de Ipatinga – Coletivo Bil.

# “Este encontro foi um dos melhores eventos que ocorreu. Aqui tivemos conhecimentos das diferenças e semelhanças que cada movimento possui em relação as questões da saúde. Foi um momento de grande expressão e de ouvir quem muitas vezes se encontra do lado de fora”. Walter Agostinho da Silva – Representante  do Movimento Nacional da população em situação de rua de Belo Horizonte.

# “O movimento que represento não tem dificuldades para ser atendido pelo SUS, mas sim na estrutura física em relação à acessibilidade para atendimento. Há estabelecimentos de saúde que não possuem balanças para pesar cadeirantes e muitas vezes encontramos dificuldades na altura das macas e acesso aos banheiros”. Katherine Soares – Representante da Associação de pessoas com deficiência de Montes Claros.

# “Muitos profissionais do movimento tem dificuldades em procurar o atendimento de saúde devido a situações de constrangimento. Esta foi a oportunidade de expor nossas realidades e o que pode ser melhorado”. Tiago Mariano – Representante do Movimento dos Profissionais do Sexo de Sete Lagoas

# “O momento foi para nós uma novidade, uma conquista e que vai ficar na história. Foi gratificante expor nossos problemas em relação à saúde e saber que estamos sendo ouvidos”. Marlene Lemos da Rocha – Representante do Movimento Sem Terra – MST

# “Nós também sofremos com a discriminação das pessoas e muitas vezes até no atendimento à saúde. Foi um momento maravilhoso, uma oportunidade de melhoria, pois em 2050 teremos muito mais pessoas idosas do que jovens”. Claudete Liz de Almeida – Representante do Movimento de Aposentados, pensionistas e idosos de Belo Horizonte.

# “Nossa maior questão é termos uma carteira com o nosso nome social. Muitas não procuram os serviços de saúde por medo e pelo constrangimento. Levarei muitas informações deste evento”.  Skarleth Schynidr – Representante do Movimento LGBT e Transexual de Uberlândia.

# “Na nossa raça, a anemia falciforme é muito frequente e é tratada como uma doença comum. A oportunidade foi para realmente colocarmos o que nos atinge e o que pode ser melhorado em relação à nossa saúde”. Efigênia de Castro Gama – Representante do Movimento Negro –Grupo Afro Ganga Zumba de Ponte Nova.

# “Foi uma oportunidade única para falar de saúde. Hoje vou embora para casa muito mais entusiasmado e esperançoso”. Gervásio Pierre Araujo – Representante do movimento das pessoas com doença de Parkinson de Timóteo.

Por Alessandra Maximiano