Em novembro deste ano, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS) estarão se organizando em todo o Brasil para atender as mulheres do campo, indígenas e quilombolas de forma prioritária. Esta iniciativa atende às reivindicações das trabalhadoras rurais e extrativistas e serão coordenadas pelo Ministério da Saúde para todo o país. Isto inclui um mês de ações intensivas para a mulher nas áreas de promoção à saúde, odontologia e vigilância.

Durante 30 dias, serão priorizadas ações como prevenção do câncer do colo do útero e de mama, diabetes, hipertensão e esquema vacinal para melhorar a saúde das mulheres do campo, das florestas e das águas. A proposta é que a partir de 2015, em novembro, os postos de saúde passem a se organizar para acolhê-las, de forma prioritária, ofertando consultas clinico-ginecológicas e exames preventivos, como papanicolau e mamografia, reforçando, assim, o cuidado ao câncer, especialmente de mama e colo.

Crédito: Eduardo Aigner / MDA.

 

Também será feita a detecção de hipertensão e diabetes, distribuição da vacina do HPV, de pílula do dia seguinte e atualização do esquema vacinal. O plano também vai reforçar o enfrentamento à mortalidade materna. Para tanto, o Ministério da Saúde está propondo a capacitação de 200 parteiras tradicionais da população do campo e de áreas distantes e entregar um conjunto de instrumentos para auxiliá-las neste ofício.

No mesmo sentido, será incorporada ao SUS a distribuição de kits anti-hemorragia (traje de emergência), para serem utilizados, caso necessário, após o parto para controle de sangramento. Evitando a morte por hemorragia, dando tempo necessário para que a mulher possa ser transportada ao hospital mais próximo. Assim, serão disponibilizados, neste primeiro momento, 500 trajes de emergência e serão treinados profissionais de saúde para utilizá-los.

Saúde da Mulher

De 1990 a 2012, a razão da mortalidade materna no Brasil caiu 57%, passando de 143,2 mortes por 100 mil nascidos vivos para 61,5 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Um dos fatores que contribuiu para essa redução foi o aumento do número de consultas de pré-natal pelo SUS. Somente em 2014, foram realizadas mais de 20 milhões de consultas, ampliação de 105% em relação a 2003.

Por trabalharem no campo, as mulheres e suas famílias estão sujeitas tanto a contaminação por uso de agrotóxicos como a acidentes com animais peçonhentos. Por isso, o governo federal assumiu o compromisso na V Marcha das Margaridas de ampliar o acesso regulamentado aos Serviços e Centros de Informação Toxicológica na rede de urgência e emergência.

Esses serviços são geralmente mantidos por organizações não governamentais e não estão inseridos na rede do SUS. A medida também inclui aumentar a divulgação desses serviços, que poderão ser acessados por telefone para esclarecimentos e orientações tanto para profissionais de saúde, por meio do Telessaúde, quanto para a população em geral em caso de intoxicação ou picada por animal peçonhento.

Entre 2007 e 2014 foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 1.442 casos de intoxicação por agrotóxicos de mulheres trabalhadoras das áreas de agricultura, pecuária, extrativismo e pesca, esse total representa 24,34% (5.923) das notificações para esse conjunto de trabalhadores (campo, águas e floresta). Foram repassados aos estados um total de R$ 22,7 milhões para o fortalecimento das ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos.

Com isso, o objetivo é ofertar melhores condições para que os profissionais possam tratar com qualidade as intoxicações agudas e crônicas por agrotóxicos e acidentes por animais peçonhentos, pela exposição no trabalho, acidente doméstico ou ingestão intencional. Na zona rural, os acidentes mais comuns são com cobras, principalmente com trabalhadores rurais. No ano passado, ocorreram 27 mil acidentes com cobras em todas as áreas, urbana e rural.

Por Portal Brasil / Adaptação.