O Hospital Alberto Cavalcanti (HAC) melhorou a qualidade de vida dos pacientes oncológicos, ampliou o atendimento e, ao mesmo tempo, reduziu os custos do tratamento ao adotar, desde janeiro deste ano, o uso de bomba elastométrica para infusão de quimioterápico intravenoso para uso domiciliar. O HAC é a única instituição pública de saúde em Belo Horizonte que oferece esse procedimento.

Ao longo do último semestre, os pacientes com diagnóstico de câncer colorretal (cólon e reto) atendidos pelo HAC, e que fazem uso da medicação 5-fluorouracil infusional por 46 horas, recebem o quimioterápico em suas casas devido ao uso da bomba infusora. O aparelho é acoplado a um cateter venoso central e a medicação é liberada regularmente sob um fluxo contínuo, pré-programado, para períodos que podem variar de 2 a 7 dias.

Crédito: Alexandra Marques

Melhor qualidade de vida

De fácil manuseio, portátil e descartável, o equipamento pode ser usado de forma oculta, sob a roupa numa bolsa de carregamento. Embora a bomba não substitua totalmente o tratamento hospitalar, ela reduz significativamente a permanência do paciente nesse ambiente e permite que a pessoa receba o medicamento ao lado da família, o que melhora a adesão ao tratamento e a qualidade de vida do paciente, além de reduzir os riscos associados à internação, como infecções, por exemplo. Antes da introdução do equipamento, os pacientes eram submetidos a sessões de oito horas por dois dias seguidos, com intervalos de 15 dias entre as sessões. Agora, eles fazem apenas uma sessão de quatro horas, a cada quinzena.

Usuário da bomba elastométrica desde fevereiro, o aposentado Oswaldo Romualdo de Paula Filho, de 70 anos, conta que as horas ganhas com o novo procedimento são investidas no convívio com a esposa, as quatro filhas e os seis netos. “A bomba é melhor porque me dá mais liberdade e autonomia. É discreta, ninguém percebe”, revela entusiasmado. Ele faz questão de sublinhar que o estímulo que recebe da família e das enfermeiras que o atendem no HAC é fundamental para o sucesso do seu tratamento. A dedicação e a compreensão da minha esposa Maria Geralda são valiosas. As enfermeiras me dão encorajamento para enfrentar a doença. Aí de mim se não fosse o tratamento do Hospital Alberto Cavalcanti”, completa.

Maior número de atendimentos

Com a adoção da bomba elastométrica, houve ainda um aumento da rotatividade das poltronas no ambulatório de quimioterapia em decorrência da redução do tempo de permanência dos pacientes no setor e consequente aumento do número de atendimentos, cuja expectativa de crescimento é de aproximadamente 30%. “Melhorou a assistência e a dinâmica do trabalho dos servidores”, avalia a enfermeira cancerologista Ana Luisa Colares.

Economia

Segundo a coordenadora da Unidade de Quimioterapia (UQT), Gisele Vaz, após um estudo detalhado dos custos em que foram comparadas as modalidades de tratamento para esse tipo de quimioterapia (internação, ambulatorial e domiciliar), foi verificada uma redução de cerca de 20% dos custos do tratamento por diminuição das diárias hospitalares, honorários médicos, cuidados de enfermagem e menor uso de material médico-hospitalar, num contexto em que o câncer colorretal representa a segunda maior demanda de atendimentos da UQT.  

Por Alexandra Marques