O I Seminário Estadual de Influenza e Outros Vírus Respiratórios reuniu, na manhã desta quinta-feira, 16/04, no auditório do BDMG, em Belo Horizonte, cerca de 170 profissionais de vigilância epidemiológica, imunização e assistência de todo o estado.  O objetivo do encontro, que se estende até sexta-feira (17/04), é preparar as equipes para o enfrentamento à gripe e às infecções virais respiratórias agudas, que são as que ocorrem com maior frequência nos meses de outono e inverno. As infecções respiratórias são causadas por mais de 10 gêneros de vírus com mais de 200 tipos diferentes. Estima-se que anualmente ocorram de 3 a 5 milhões de casos graves de doenças respiratórias no Brasil e de 250 a 500 mil mortes, principalmente entre idosos e portadores de doenças crônicas. Em 2014, foram registrados no País, 326 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em 2015, até o momento, são 1.856 casos registrados, sendo 45 por influenza, e sete óbitos. Dos óbitos registrados neste ano, quatro (57%) foram de idosos com 60 anos ou mais, sendo que a maioria apresentava algum outro fator de risco, como hipertensão e diabetes.

Crédito: Osvaldo Afonso

Em Minas Gerais, dados preliminares de 2014, apontam o registro de 2.562 casos de SRAG e 352 óbitos, sendo 136 casos e 31 óbitos causados por vírus Influenza. “A sazonalidade é anual e a importância desse seminário é que a gente está se antecipando à instalação da sazonalidade em si. Quando começa o inverno, os vírus começam a circular. Então o intuito é preparar os profissionais para enfrentarem essa sazonalidade da melhor maneira”, explica a Coordenadora Estadual de Doenças e Agravos Transmissíveis, Janaína Almeida.

Cláudio Henriques, do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, chamou a atenção dos profissionais para a cultura da população em geral em tratar a gripe como uma condição banal resolvida com chás e antigripais. “Os cuidados básicos de higiene parecem que foram esquecidos após a epidemia de 2009. A tarefa difícil que temos na saúde pública é transformar a imagem da influenza na imagem de uma doença real e que é perigosa”, alertou.

Henriques explicou aos profissionais as quatro frentes de intervenção a que eles devem estar atentos no cuidado com os vírus influenza e com as síndromes respiratórias: prevenção, imunização, atenção oportuna e adequada dos casos suspeitos e vigilância.  “Hoje o Brasil se sente mais confortável entre os países que fazem a vigilância da influenza e na preparação dos laboratórios para trabalhar com o vírus. Essas medidas são importantes para entendermos e termos informações sobre a circulação dos vírus na América do Sul e para o desenvolvimento da vacina com mais efetividade”, acrescentou.

A Subsecretária de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), Celeste de Souza Rodrigues, falou sobre a importância do trabalho conjunto da assistência e da vigilância no plano de enfrentamento à influência e às doenças respiratórias. Ela chamou a atenção para a necessidade de que o trabalho consiga não apenas atingir as metas gerais de vacinação, mas que as metas sejam alcançadas em todos os municípios, protegendo a parcela mais sensível da população ao desenvolvimento de casos graves da doença. “Esse casamento e união da vigilância e da assistência potencializa muito mais o nosso trabalho. A campanha de vacinação em Minas atinge os 80% de cobertura, mas essa cobertura não é homogênea. Precisamos fazer a vigilância nos municípios onde não estamos atingindo as metas. Minas é muito grande, temos 853 municípios, mas também temos equipes muito boas tanto no nível central quanto nas regionais. E temos condições de fazer um trabalho muito bom em conjunto”, avaliou.

Sobre o papel da Atenção Primária na redução da mortalidade por síndromes respiratórias, a Superintendente de Atenção Primária da SES, Maria Aparecida Turci, chamou a atenção para a necessidade de preparar as equipes para o atendimento aos pacientes com sintomas agudos, trazendo para as unidades básicas a responsabilidade de serem portas de entrada para o tratamento adequado da gripe. “Se as equipes não estiverem organizadas para manter o acompanhamento do paciente crônico e também do usuário que apresenta quadro agudo, esse usuário não vai conseguir o cuidado oportuno dessa patologia. Além do papel da cobertura vacinal, as unidades básicas precisam garantir o acesso ao medicamento especializado para o vírus influenza, contribuindo para a redução da mortalidade”, analisou.

Vacinação Contra a Gripe

A campanha de vacinação contra a gripe neste ano acontecerá entre os dias 4 e 22 de maio. A vacina estará disponível em todas as unidades básicas de saúde e salas de vacinação do estado e do País. Serão imunizados idosos maiores de 60 anos; crianças de seis meses a cinco anos; trabalhadores da área de saúde; gestantes; puérperas (mulheres até 45 dias após o parto); povos indígenas; população privada de liberdade; e pessoas portadoras de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas, transplantados, etc. A meta é vacinar 80% de cada grupo prioritário. Em todo o Brasil a expectativa é imunizar 49,7 milhão de pessoas.

Carla Magda Domingues, da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, explicou que a vacina deste ano é trivalente e contém cepas dos vírus H1N1, H3N2 e Influenza B. “O objetivo é vacinar as pessoas com maior risco de complicações graves da doença. A imunidade da vacina se mantém por um período menor que 12 meses, por isso o ideal é vacinar nesse período, entre abril e maio, para que a população de maior risco esteja protegida no pico de transmissão”, afirmou. A especialista frisou, ainda, que a vacina não interrompe a cadeia de transmissão do vírus e que o maior objetivo da vacinação é reduzir as taxas de internação por complicações da doença e os óbitos. 

Por Giselle Oliveira