Mobilizada e preparada para combater a dengue e a febre chikungunya, a população de Pedro Leopoldo participou, neste sábado (06/12) do “Dia D” de mobilização para o combate ao Aedes Aegypti, mosquito transmissor de ambas as doenças. As ações sensibilizaram os moradores e marcou um momento de conscientização sobre a importância de cada cidadão fazer a sua parte para evitar a proliferação do inseto e, consequentemente, casos das doenças.

O dia de ações de mobilização social é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) e a Prefeitura de Pedro Leopoldo e acontece nacionalmente, com convocação do Ministério da Saúde. Partindo da ideia de que uma semana tem mais de 10 mil minutos, a proposta é que o cidadão utilize apenas 10 minutos por semana para a checagem em sua residência de locais onde o mosquito possa colocar seus ovos.

Crédito: Marcus Ferreira

Seja levando um pneu ou uma lata para serem trocados ou aprendendo como descartar corretamente objetos que poderiam servir de criadouros para o mosquito, a população de Pedro Leopoldo se envolveu e participou ativamente do “Dia D”. O Subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Felipe Caram, explicou que a escolha do município para abertura do Dia D foi devido às ações de mobilização social que a cidade já realiza. “Pedro Leopoldo é destaque entre as ações desenvolvidas, pois o processo de mobilização social se torna fundamental para a melhoria da saúde das pessoas”, afirmou.

Para combater o mosquito da dengue e da febre chikungunya os agentes de saúde ganharam kits contendo botas, calças, camisas, bonés e coletes para que, já uniformizados, também despertem a atenção das pessoas.  

Visitando a casa de um morador da cidade, os agentes de saúde, acompanhados pelas autoridades, perceberam porque Pedro Leopoldo pode ser considerada um exemplo para o combate ao Aedes Aegypti. O engenheiro Diogo da Cunha Tavares e sua esposa, Maria da Consolação Godinho, deixam o quintal limpo e para isso tomaram algumas atitudes simples que fazem a diferença. Para não acumular água o casal fez furos nas calhas para evitar que a água da chuva fique parada servindo de criadouro para o mosquito.

Para evitar a doença Maria da Consolação se diz uma verdadeira caçadora de focos do mosquito e enumerou uma série de ações que já realizou para não ter o mosquito em casa. “Na minha casa o mosquito da dengue e da febre chikungunya não entra. Quando meus filhos realizam alguma festa ou churrasco eles sempre deixam copos de plástico e garrafas espalhados pelo quintal. No mesmo dia eu vou lá, recolho, guardo todas as garrafas de cabeça para baixo e explico que isso é para a nossa saúde”, ensinou.

A moradora conta ainda que abriu mão de algo que gostava muito, suas bromélias, para evitar os criadouros. “Sempre gostei muito de flores e plantas, mas do jeito que estava não podia ficar com elas mais. Quando chovia a noite eu já ficava preocupada se no dia seguinte um mosquito da dengue poderia ter colocado uma larva entre as folhas que acumulam água. Por isso decidi não cultivá-las mais”, disse a dona de casa.

Crédito: Marcus Ferreira

Mesmo sabendo a lição na ponta da língua o casal recebeu a visita da Agente de Saúde, Juliane Aparecida Lima, que explicou os lugares improváveis que podem se tornar criadouros. “O mosquito pode depositar a larva até mesmo onde não imaginamos, como ralos de esgoto que acumulam lixo, tampinhas de garrafas e até mesmo na gaveta que se encontra atrás da geladeira. Todos os lugares devem ser vistoriados”, orientou.

Mobilização

E pensando em eliminar os focos do mosquito de Pedro Leopoldo três ações chamaram a atenção dos moradores que pouco a pouco foram se dirigindo para a praça, localizada no centro da cidade. O grupo de teatro Saúde em Cena, formado por servidores da Secretaria de Estado de Saúde, e que atuam voluntariamente, mostrou de forma lúdica e divertida o que pode ser feito para que a doença seja evitada. Logo em seguida, foi a vez do “Gastronomia Sustentável”, projeto que ensina como transformar objetos que são possíveis criadouros do mosquito em objetos de artesanato. Cerca de 50 auxiliares de cozinha que trabalham nas escolas e creches da cidade participaram da ação. Elas tiveram a oportunidade de experimentar um delicioso Penne al limone e aprenderem a reutilizar a lata de creme de leite utilizada na receita, que pode se transformar em um porta lápis.

Crédito: Marcus Ferreira

A auxiliar de cozinha da creche Chiquinho de Carvalho, Elisabete Pereira de Souza, participou do momento e aprovou tanto o prato quanto o objeto que foi reaproveitado.  “Realmente ao trabalharmos na cozinha acumulamos muitos objetos que vão parar no lixo. Hoje foi bom conhecer uma receita tão deliciosa e ainda aprender o que eu posso fazer com o que eu considerava lixo”, afirmou.

Durante toda o dia, até as 15 horas, crianças e adultos também puderam trocar objetos que servem de criadouros para o mosquito como pneus, latas e garrafas pet por kits de saúde bucal. A cuidadora de idosos, Maria da Conceição Pereira, levou 10 garrafas pet e 30 latas. Para ela combater a dengue e a chikungunya não é apenas trabalho de um, mas de todos. “Penso que muitas vezes só quem já passou por esta doença sabe o que ela é de verdade. Já fiquei doente por causa do mosquito da dengue e não quero ficar mais. Eu faço a minha parte e o meu vizinho também tem que fazer a dele”, alertou.

Por Alessandra Maximiano