Referências técnicas regionais e municipais de todo o estado participam de quarta-feira a sexta-feira, 21 a 23 de maio, da Primeira Reunião Técnica Estadual da Coordenadoria de Doenças e Agravos Não Transmissíveis. São esperadas aproximadamente 100 profissionais em cada dia do evento para debater as principais questões de vigilância, prevenção e tratamento dos agravos em saúde que mais atingem a população mineira.

Crédito: Henrique Chendes

Na programação do evento estão previstas palestras e mesas redondas que vão abordar o plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nacional e estadual; o projeto de fortalecimento da vigilância em saúde; os impactos de fatores externos como violência e acidentes na vigilância e nos serviços de saúde, abordando as linhas de cuidado integral às crianças e adolescentes e suas famílias em situação de violência; violência e saúde da mulher; violência e saúde do homem; violência e saúde do idoso; projeto vida no trânsito; entre outros temas relacionados.

A palestra de abertura conduzida pela referência técnica Elaine Machado, trouxe uma análise da situação de saúde de Minas Gerais no que se refere às DCNT. As doenças crônicas não transmissíveis afetam mais de 70% da população e vem crescendo devido aos processos de transição demográfica, epidemiológica, nutricional, globalização, menor atividade física e maior processo de urbanização. Considerando ainda, paralelamente, acidentes de trânsito e violência.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) países emergentes perdem mais de 20 milhões de anos produtivos de vida anualmente devido às DCNT o que torna a busca de ações que reduzam as morbidades advindas desses agravos ainda mais relevante.

Plano Estadual para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis

O plano estadual para o enfrentamento das DCNT tem como principal objetivo fortalecer o papel da atenção primária em saúde como coordenadora do cuidado e ordenadora das redes de atenção à saúde visando organizar as linhas de cuidado em Minas Gerais, considerando questões macropolíticas, legislações, ações intersetoriais, ações voltadas para promoção da saúde.

O desafio é implantar e fortalecer ações de vigilância em saúde em DCNT nos municípios mineiros visando guiar, contribuir, promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidência.

O plano é desenvolvido em três eixos de atuação: Vigilância, informação, avaliação e monitoramento; Promoção da saúde; e Cuidado integral.

Elaine Machado frisou a importância da atuação dos municípios na operacionalização do plano, no mapeamento dos usuários e na atenção às especificidades de cada região para que seja possível identificar os principais riscos de desenvolvimento de agravos não transmissíveis e adotar ações prioritárias e mais efetivas para os cidadãos. “Não podemos discutir o plano de crônicas só com as regionais, porque quem vai criar os indicadores, saber se alcançamos ou não as metas são os municípios”, ressaltou.

Metas Estaduais de Redução de Mortalidade Prematura por DCNT

A SES definiu as seguintes metas no plano de enfrentamento aos agravos crônicos não transmissíveis: redução da taxa de mortalidade prematura por DCNT em pessoas menores de 70 anos em 2% ao ano; reduzir a prevalência da obesidade em crianças e adolescentes; deter o crescimento da obesidade em adultos; reduzir a prevalência do uso nocivo de álcool; aumentar a prevalência de atividade física e lazer; reduzir o tabagismo; aumentar o consumo de frutas e hortaliças e reduzir o consumo de sal/sódio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma meta de redução em 25% da mortalidade prematura causadas por DCNT. O objetivo é que essas metas sejam alcançadas em 2027.

O papel da Atenção Primária

Um dos principais pontos abordados pelos palestrantes durante o evento foi o papel da Atenção Primária no cuidado e acolhimento dos usuários com doenças crônicas. Uma atenção primária resolutiva garante mais saúde à população e menores taxas de internação e necessidade de um especialista.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) vem trabalhando em oficinas de capacitação para preparar as redes de vigilância e atenção à saúde para receber os usuários que apresentem fatores de risco. Além de desenvolver programas para o acompanhamento e redução de fatores de risco, como tabagismo, uso abusivo de álcool, hipertensão e obesidade.

Segundo os palestrantes, um dos principais desafios é a construção de uma consciência sanitária coletiva para que o indivíduo e a sociedade como todo também atue no sentido de melhorar as condições de saúde, com hábitos mais saudáveis, trabalhando em parceria com o estado para que se chegue a uma melhor qualidade de vida com cidadãos mais saudáveis e com maior longevidade.

 

Por Giselle Oliveira