Infecção pode ser adquirida mesmo sem perceber e o ideal é a mulher se cuidar desde os primeiros momentos da gravidez

 

Os sintomas nas grávidas não são muitos, mas a toxoplasmose é uma doença infecciosa de características muito variáveis e que as mães devem ter todo cuidado para evitar problemas para o filho que vai nascer. A informação é da enfermeira do setor de controle do tratamento de toxoplasmose do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad/UFMG) Monique Felix Ferreira, que esteve reunida com enfermeiros da Estratégia em Saúde da Família e dos hospitais da região vinculados à coleta do teste do pezinho, em evento organizado pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano.

 


Também conhecida como doença do gato, o contágio pode levar a sérias implicações para o feto quando adquirida durante a gravidez. Segundo especialistas, em alguns casos, os sintomas da doença podem não se manifestar ou serem confundidos com os de uma gripe e a pessoa nem fica sabendo que se infectou. Por isso, o Programa da Secretaria de Estado de Saúde em parceria com o Nupad/UFMG disponibiliza os exames de diagnóstico da toxoplasmose nas mais de quatro mil Unidades Básicas de Saúde de Minas Gerais, que já realizam o acompanhamento pré-natal. O objetivo é um maior e efetivo controle sobre a toxoplasmose congênita, evitando suas graves consequências visuais e neurológicas, especialmente para o feto.

Importante é que as mães façam três exames durante a gravidez, uma em cada trimestre. Em alguns casos, se a mãe está com a doença ativa, a criança pode ter sequela auditiva, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e principalmente sequela visual, podendo chegar até a cegueira.

Recomendações


A toxoplasmose pode ser adquirida em ambientes onde existam gatos, os grandes disseminadores do parasita, por isso a necessidade de grávidas ficarem distantes desses animais, que eliminam os ovos do protozoário pelas fezes, poluem o ambiente e contaminam quem está por perto. Outra recomendação é que as gestantes não comam carne crua ou mal passada durante a gravidez.

De acordo com a enfermeira Monique Félix, são três os tipos de resultados para toxoplasmose. Uma delas é quando a mulher indica resultado negativo por nunca ter tido contato com o parasita. “Esse é o caso que demanda mais preocupação já que se a mulher se infectar durante a gravidez pode transmitir a doença para sua criança”, explica a especialista. A enfermeira do setor de controle do tratamento do Nupad reforça ainda a importância de a mulher fazer a higienização dos alimentos e ingerir somente água filtrada.

No segundo caso, é quando a mulher apresenta resultado positivo para uma toxoplasmose antiga e curada, oriunda de uma infecção anterior à gestação. “A grávida está protegida, já tem o anticorpo para combater o parasita e a doença não vai atingi-la novamente”, salienta. No último ponto, a mulher apresenta infecção aguda, está com toxoplasmose durante a gestação e é preciso realizar o tratamento. A SES/MG fornece todo o medicamento e acompanhamento das gestantes.

256 mil grávidas passam pela triagem a cada ano

O Projeto Mães de Minas nasceu para cuidar da vida dos novos mineiros. Trata-se de um conjunto de ações de saúde voltadas para a proteção e o cuidado da gestante e da criança no primeiro ano de vida, alicerçada na Rede Viva Vida de atenção à mulher e à criança existente desde 2003 no Estado de Minas Gerais. O projeto se propõe a conhecer e a zelar por cada gestante e criança de Minas Gerais e por isso, a identificação e informações da mulher assume um caráter fundamental. A meta do projeto é reduzir a mortalidade infantil em Minas Gerais e garantir um nascimento mais digno e mais saudável.


Dados do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico dão conta de que uma média de 256 mil grávidas passam pelo processo de triagem a cada ano em Minas Gerais. “Esse programa é fundamental na redução e eliminação de problemas para as mães e os filhos recém-nascidos. É uma ação que diagnostica precocemente diversas doenças congênitas no período neonatal, evitando assim sequelas associadas a cada doença”, ressalta Anchieta Poggiali, superintendente regional de saúde de Coronel Fabriciano.

Atualmente as remessas contendo os insumos necessários para a execução do Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita, da Secretaria de Estado de Saúde, são enviadas pelos municípios e o controle é feito por meio de parceria com o Hospital das Clínicas.

Por Roberto Bertozi