Cerca de 500 profissionais de saúde de todo o estado participaram, nessa quarta-feira, 26/03, do II Fórum Estadual Integrado para Prevenção, Vigilância, Controle do Câncer e Tabagismo. O evento, que acontece em Belo Horizonte até amanhã (27),  tem como objetivo reunir gestores, referências dos programas estaduais, profissionais e pesquisadores interessados no tema, para discutir a situação do câncer e seus fatores de risco no Estado.

Em sua apresentação, o Coordenador do Programa de Prevenção do câncer de colo do útero e câncer de mama em Minas Gerais, Sérgio Martins Bicalho, disse que um dos fatores para o controle da doença é a prevenção. O Coordenador ainda lembrou que o câncer de colo do útero é a terceira maior doença entre as mulheres do estado e que o exame de papanicolau deve ser realizado por elas. “A prevenção é o melhor caminho para o diagnóstico e o tratamento da doença. Cerca de 32,4% dos casos já chegam nas unidades de saúde de forma critica”, afirmou.

Sérgio Martins Bicalho ainda lembrou sobre a importância da prevenção também nos casos de câncer de mama e das ações desenvolvidas pelo Estado para o diagnóstico e prevenção da doença. “Ações como o Outubro Rosa e o mamógrafo móvel são atividades preventivas e de controle da doença pois muitas vezes as mulheres só se dão conta da importância da prevenção quando estão com algum sintoma”, disse. Ainda segundo dados da Coordenação Estadual de Controle do Câncer de Colo do Útero e Mama, no ano de 2013, o estado de Minas realizou mais de 600 mil mamografias, registrando um recorde na história do Estado.

Reforçando as ações do controle do câncer no Estado, outro tipo da doença também foi lembrando. O câncer causado pelo tabagismo também é um fator de alerta entre os fumantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundo e é um fator de risco para mais de 50 doenças.

De acordo com a Referência do Programa de Prevenção Primária do Câncer/tabagismo, Thereza Raquel Ribeiro Senra, Minas Gerais ocupa o 8º lugar sobre a prevalência do tabagismo. Segundo ela o tratamento e a abordagem intensiva para que as pessoas parem de fumar também é muito importante. “Na região sudeste aproximadamente 11,7% das pessoas querem parar de fumar, querem deixar a dependência da nicotina. Ajudar estas pessoas a acabar com a dependência química e minimizar os sintomas da síndrome de abstinência também é muito importante”, destacou.

Iniciativas de combate ao tabagismo

O Hospital Júlia Kubitschek, da Rede Fhemig, referência estadual para doenças respiratórias, tem um ambulatório destinado ao tratamento de tabagistas, aberto aos pacientes (que estejam internados ou em outros tratamentos) e funcionários da instituição que desejam parar de fumar. As consultas são realizadas às quartas e sextas-feiras.

O paciente é acompanhado durante 12 meses. Há um retorno após três semanas da primeira avaliação; retornos mensais, posteriormente; e trimestrais, até a alta. O tratamento é feito por meio da terapia cognitivo comportamental e, se necessário, com uso de medicamentos específicos. “O fumante desenvolve uma dependência física e psíquica à nicotina. Por isso, quem fuma tende a ter várias tentativas frustradas de abandono do vício. Ao parar de fumar, a sensação de perda é semelhante à de um ente querido. A pessoa pode ficar desnorteada”, explica a pneumologista e coordenadora do ambulatório de tabagismo do HJK, Clarissa Marina Biagioni Silveira.

Além do ambulatório, funcionários e pacientes que desejam para de fumar podem ainda procurar pelo grupo de abandono de tabagismo. A iniciativa teve início no dia 12 deste mês. Serão 4 grupos anuais, cada um com duração de 3 meses. No primeiro mês são realizadas 4 sessões semanais. No segundo mês, duas quinzenais. Por fim, no terceiro mês, apenas uma reunião. “No grupo, abordamos o tabagismo e formas de tratamento. Há o uso de medicação, além da promoção de uma troca de experiências entre os participantes”, explica Clarissa.

Pesquisa deu origem a tratamento de tabagismo no HGV

Desde 2013, o Hospital Psiquiátrico Galba Velloso (HGV), da Rede Fhemig, oferece, a pacientes e funcionários da unidade, um tratamento contra o cigarro, que faz parte do Programa para a Cessação do Tabagismo oferecido pelo INCA e pelo Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Secretaria de Saúde (SES/MG).

A iniciativa teve origem em decorrência de uma pesquisa realizada há dois anos. Com o tema “Prevalência do tabagismo em um hospital publico psiquiátrico de Minas Gerais”, o trabalho realizou um levantamento dos usuários de tabaco no HGV (pacientes e funcionários) e um questionamento sobre o fumo, com perguntas sobre o nível de incômodo causado pela fumaça no ambiente e o desejo de parar de fumar, entre outras.
“Os resultados do levantamento demonstram uma prevalência de tabagismo no HGV de 55,13% entre pacientes e de 16,28% entre funcionários, chegando a uma média em torno de 23% no total. Taxa elevada em relação à população geral, que é de 14,8%, segundo o INCA”, explica Dagmar Fátima de Abreu, coordenadora de implantação do tratamento de tabagismo no HGV.

Por Alessandra Maximiano