Neste período de clima quente é bom fazer um alerta especial para as mulheres: a higiene íntima adequada pode evitar uma série de problemas de saúde. E, o excesso de lavagem na região íntima também pode não ser bom.

O hábito de usar a ducha higiênica, por exemplo, pode remover a proteção natural da vagina e tornar a área mais suscetível a alterações biológicas, que podem levar a corrimento, irritações, candidíase, infecções vaginais, e, nas grávidas, até mesmo aumentar o risco de trabalho de parto prematuro. 

Quem faz o alerta é a professora Andrea Moura Rodrigues Maciel da Fonseca, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG. Ela ensina ainda que o melhor é lavar a genitália na hora do banho, com água corrente e sabonete, e secar bem. Usar roupas leves, e evitar hábitos como ficar com o biquíni molhado por muito tempo, também ajuda a prevenir algum problema.

Com relação ao uso de sabonetes especiais, os chamados sabonetes íntimos, a médica explica que a diferença está no pH, um parâmetro relacionado à concentração de acidez do organismo e substâncias. Enquanto os sabonetes comuns têm pH básico (entre 9 e 10), os sabonetes íntimos têm o pH ácido (entre 4 e 4,5) que mantém a acidez normal da vaginal.

Embora a acidez seja necessária para manter vivos os microrganismos e lactobacilos que vivem nessa região, não há necessidade de todas as mulheres usarem sabonete íntimo. “Só as que apresentam infecções ou corrimentos recorrentes”, recomenda a ginecologista.

Por outro lado, ela explica que toda mulher em idade reprodutiva apresenta uma secreção vaginal, que é normal. As mulheres devem se preocupar quando surgirem sinais de alerta, como odor fétido, coceira, ferida na vulva, e alterações na cor da secreção, avisa Andrea Fonseca.

Já o corrimento, a secreção recorrente, pode acontecer por uma série de fatores, como o estresse, diabetes ou gestação, uso de duchas higiênicas ou calças apertadas.

“O aumento da temperatura local e a falta de aeração, principalmente nos dias mais quentes, predispõem ao crescimento de microrganismos na região”, esclarece, recomendando também usar tecido que favoreça a transpiração, como o algodão.

Absorventes

Durante a menstruação, o cuidado deve ser ainda maior. O absorvente, tanto o interno quanto o externo, deve ser trocado de acordo com a necessidade, não devendo ultrapassar período de quatro a seis horas. Dormir com absorvente interno pode causar a “síndrome do choque tóxico”, que leva ao aumento de bactérias no local e que se disseminam pelo organismo.

Aliás, qualquer absorvente só deve ser usado no período menstrual. A médica adverte ainda que se a mulher sente que precisa usá-lo diariamente por causa de corrimento, é necessária a avaliação de um ginecologista para certificar se a secreção está normal.

“O uso do absorvente sempre aumenta o calor na região e pode facilitar o aparecimento de infecções”, ensina a professora da Faculdade de Medicina da UFMG, lembrando que o acompanhamento contínuo de um ginecologista, sem medo ou vergonha, é fundamental para uma melhor qualidade de vida.

Por Faculdade de Medicina da UFMG