O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Antônio Jorge de Souza Marques, apresentou os panoramas atuais e futuros do Sistema Único de Saúde (SUS) durante o 2º Seminário de Gestão do Corpo Clínico promovido pela Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), na tarde de ontem, 27/11, no Hotel Mercure.

 

Durante o encontro, o secretário de saúde salientou que a mudança no Modelo de Atenção se coloca como o principal desafio na gestão do SUS. “Precisamos formular Políticas Públicas de Saúde que reestabeleçam a coerência entre a situação de saúde, com transição demográfica acelerada e tripla carga de doenças com predomínio relativo das fortes condições crônicas, e um sistema integrado de saúde que opera de forma contínua e proativa, voltado equilibradamente para a atenção às condições agudas e crônicas. Em Minas Gerais já estamos fazendo isso com as Redes Prioritárias da Mulher e da Criança, do Idoso, da Saúde Mental, da Urgência e Emergência e da Hipertensão e Diabetes”, afirma.
No decorrer de sua apresentação, Antônio Jorge discorreu sobre os desafios da gestão da saúde e pontuou as principais dificuldades enfrentadas pelo setor e que fazem o SUS estar aquém da necessidade da população. “Temos cinco grandes desafios na gestão da saúde que são a transição demográfica, com rápido e crescente envelhecimento da população; a transição epidemiológica que aumentou os casos de neoplasias e doenças do aparelho respiratório, embora tenha diminuído as infecciosas e parasitárias; a transição alimentar, um enorme desafio que afeta muito a América do Norte e está diretamente ligado à nossa cultura. Saímos de 3% de obesos em 1975 para 15% em 2010. E 50% da nossa população está com sobrepeso; a transição tecnológica que trouxe o crescente fenômeno da judicialização da saúde; e a falta de recursos, que vai muito além da má aplicação dos recursos. A proporção dos gastos governamentais do Brasil é menor do que a do Chile, Costa Rica, Uruguai e Argentina, por exemplo. Enquanto o gasto federal  em saúde cresceu 38%, os gastos dos Estados com o SUS cresceram 137% e os recursos municipais evoluíram 147%”, explica.

Autocuidado

Antônio Jorge encerrou sua palestra falando sobre a importância da integração e da desfragmentação da gestão. “Não adianta pensar em um modelo de atenção à saúde que pressupõe integração, se o modelo de financiamento é fragmentado e a gestão não é compartilhada. A chave para sanar as dificuldades da integralidade está também no envolvimento dos cidadãos, através da participação e do autocuidado apoiado. Temos o exemplo do programa Geração Saúde, que pretende estimular a prática de atividades físicas regulares, entre jovens de 15 a 19 anos. Atualmente existem 60 academias contratadas em 56 municípios. Nestas academias, 1.699 jovens estão sendo acompanhados. O potencial de vagas disponíveis é de 5.600 vagas. O que evidencia que o desafio enfrentado está diretamente relacionado com as dificuldades de captação dos jovens e, sobretudo, de adesão. É necessário mudar também essa realidade”, acredita.

Também participaram da Mesa 4, que tem o tema “SUS e Saúde Suplementar: panoramas atuais e futuros”, o presidente da UNIMED-BH, Helton Freitas e o presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Lopes Ferreira, intermediador do debate.

Por Silvâne Vieira