De 23 a 30 de setembro, o Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, promove a Semana de Prevenção de Intoxicação e Acidentes com Envenenamento e Animais Peçonhentos - uma exposição dos principais agentes causadores de intoxicações atendidas na unidade. Quem passar pelo pátio do hospital, cujo acesso se dá pela entrada de visitantes, poderá conferir uma série de itens tóxicos, que vão desde plantas a animais peçonhentos, passando por produtos de limpeza e medicamentos.

“A iniciativa da exposição surgiu da necessidade de levar informação ao público sobre como prevenir ou diminuir a gravidade de possíveis acidentes com agentes tóxicos, além de retratar o trabalho desenvolvido pela Toxicologia do HJXXIII, que é referência nesse tipo de atendimento”, explica Délio Campolina, coordenador do setor de Toxicologia do hospital.

Intoxicação por cáusticos

De janeiro a julho deste ano, a unidade de Toxicologia do HJXXIII atendeu 594 casos de ingestão indevida de produtos como soda cáustica, ácidos, cloro, água sanitária, desengordurante, entre outros. Em 2012, foram 974 casos desse tipo atendidos na unidade.

Campolina alerta para o perigo de armazenar esses itens em excesso. “É necessário adquirir somente a quantidade suficiente do produto para o uso imediato e guardá-lo em local fechado, alto, onde crianças não tenham acesso”, reforça.

Atenção para as crianças

Em 2012, 4.147 crianças entre 0 e 14 anos foram atendidas na unidade de Toxicologia do HJXXIII, o que representa 36,5% dos casos de intoxicação recebidos pelo hospital no ano passado. Campolina alerta que os perigos podem estar em diversos cantos da casa.

“Um bom exemplo são aqueles produtos de limpeza armazenados em garrafa pet. Geralmente, são líquidos bem coloridos que, por se parecerem com suco ou refrigerante, podem levar a uma ingestão acidental. Recebemos muitos casos também de crianças intoxicadas por medicamentos. Os acidentes ocorrem mais com xaropes, que são doces, têm cheiro, e a criança ingere como se fosse alimento. Ou mesmo pílulas que, em alguns casos, se parecem com balas. Na maior parte das vezes, as crianças imitam o ato do adulto de tomar o remédio”, afirma.

O especialista pondera que a maior parte dos casos de intoxicação por medicamentos ainda são relacionadas a tentativas de autoextermínio. “Os mais comuns são casos de ingestão exacerbada de analgésicos, medicamentos anti-hipertensivos, tranquilizantes e psicoativos, como antidistônicos, antidepressivos e anticonvulsivantes. A pessoa, geralmente, tem o remédio em grande quantidade em casa, porque é de uso contínuo. Isso é um risco não só para as crianças, mas também para um adulto com instabilidade emocional”, esclarece.

De janeiro a julho deste ano, foram recebidos 2.170 casos de intoxicações por medicamentos no HPS, o que representa 25,7% do total de atendimentos realizados pela unidade de Toxicologia nesse período.

Como proceder em caso de intoxicação por cáusticos e medicamentos?

A conduta inicial vai depender do agente ingerido. Por isso, o mais indicado é entrar em contato imediatamente com o centro de toxicologia da região para pedir orientação. Dependendo do produto, pode ser contraindicado induzir vômito ou tomar leite, por exemplo.

“A medida de descontaminação deve ser o mais precoce possível. A recomendação geral é fazer contato com o centro de toxicologia, realizar o procedimento instruído pelo atendente e, na sequência, procurar atendimento na unidade de saúde mais próxima”, afirma Campolina.

Plantas e animais peçonhentos

1.774 casos de intoxicação por plantas e animais peçonhentos foram recebidos no HPS de janeiro e julho deste ano, o que corresponde a 21% dos atendimentos realizados pela unidade de Toxicologia do HJXXIII nesse período.

“No caso dos vegetais, a intoxicação por Comigo Ninguém Pode é a mais recorrente, pois muitas casas possuem essa planta. Também atendemos com frequência casos de ingestão de Chapéu de Napoleão (planta arbustiva, de textura lenhosa e folhagem e floração decorativas). Esse vegetal produz castanhas que, ao contrário do que muito gente imagina, não são comestíveis”, explica Campolina.

Os sintomas decorrentes da intoxicação por essas plantas são, geralmente, queimação e inchaço nos lábios e na língua, náuseas, vômitos, diarreia, distúrbios cardíacos e asfixia que podem levar à morte.

Em relação aos animais peçonhentos, o aumento de casos costuma se dar em época de calor e chuva, quando serpentes e escorpiões ficam mais agitados e saem de seus habitats à procura de alimentos. Os temporais também deixam os bichos desalojados, o que provoca maior contato com as pessoas e, consequentemente, maior número de acidentes.

Escorpião: campeão de atendimentos

Entre os acidentes com animais peçonhentos atendidos na unidade, os mais recorrentes são com escorpiões. De janeiro a julho de 2013, foram recebidos 852 casos de intoxicações causadas pelo contato com o animal. “Na região sudeste do país, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) é o mais comum, sendo frequentemente encontrado nos centros urbanos. Eles se alimentam de baratas e insetos, por isso, um ambiente limpo ajuda a afastá-los de casa”, esclarece Campolina.

As serpentes, lagartas e escorpiões também aparecem no ranking dos principais casos de intoxicação por animais peçonhentos. No primeiro semestre deste ano, foram 333 casos de atendimentos por contatos com lagartas (taturana, lonomia e mariposa), 186 por serpentes (cascavel, grupo das jararacas e corais) e 147 por aranhas (armadeira, aranha de jardim, aranha marrom e viúva marrom).

Entre os cuidados para evitar complicações com animais peçonhentos estão a atenção na hora de fazer a capina, procurando usar sempre equipamentos de proteção, como botas e luvas. No caso de um ataque de cobra, por exemplo, o uso desses materiais evita a inoculação do veneno.

Manter o ambiente limpo, evitando acúmulo de lixo dentro de casa, e entulhos pelo quintal, ajuda a reduzir as chances de acidentes com animais peçonhentos.

Assistência Toxicológica

O Centro de Informações e Assistência Toxicológica de Belo Horizonte (CIAT-BH) fica localizado na própria unidade de Toxicologia do HJXXIII e fornece orientações em caso de acidentes. Os telefones são (31) 3224-4000, 3239 9308 / 9390 ou 0800-7226-001.

Serviço

Semana de Prevenção de Intoxicação e Acidentes com Envenenamento e Animais Peçonhentos
De 23 a 30 de setembro (segunda a sexta-feira)
Segunda, das 10h às 17h. Demais dias, das 9h às 17h.
Local: Pátio do Hospital João XXIII – entrada de visitantes
Avenida Alfredo Balena, 400, bairro Santa Efigênia.

Fique atento

:: Acidentes por plantas

Como prevenir?
- Mantenha plantas venenosas fora do alcance das crianças;
- Procure conhecer plantas venenosas existentes em sua casa e arredores pelos nomes e características;
- Ensine às crianças a não colocar plantas na boca e nem utilizá-las como brinquedos (como fazer comidinhas, tirar leite, etc.);
- Não prepare remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação médica;
- Não coma folhas, frutos ou raízes desconhecidas;
- Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex. Proteja os olhos;
- Use luvas ao lidar com plantas venenosas e lave bem as mãos após a atividade.
Em caso de acidente, o que fazer?
- Procure atendimento médico imediatamente e leve a planta para identificação.

:: Acidentes por escorpiões

Como prevenir?
- Mantenha o quintal e jardins sempre limpos;
- Mantenha a casa limpa;
- Não acumule lixo e nem o deixe jogado na rua;
- Vede frestas de parede, móveis e portas;
- Instale tela nos ralos;
- Não deixe formar entulhos em sua casa, lotes vagos e terrenos baldios;
- Verifique sempre roupas e o interior dos calçados antes de vesti-los;
- Lembre-se que o principal alimento dos escorpiões são as baratas. Eliminando-as, evita-se a presença do escorpião.
Sintomas:
- Dor intensa no local da picada, irradiando-se pelo membro afetado;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Salivação intensa;
- Palpitação;
- Falta de ar (dispneia).
Em caso de acidente, o que fazer?
- Procure atendimento médico imediatamente;
- Colete, se possível, o escorpião, para correta identificação na unidade de saúde onde o paciente será atendido.

:: Acidentes por lagartas

Como prevenir?
- Observe cuidadosamente troncos e folhas de árvores;
- Use luvas, camisas de manga comprida e botas durante atividades agrícolas;
- Tenha cuidado ao pisar ou sentar-se embaixo das árvores;
- Evite desmatamento, queimadas e uso abusivo de inseticidas.
Sintomas:
- Dor e queimação no local onde teve contato com a lagarta, seguidas de desconforto e dor generalizada pelo corpo;
- Dor de cabeça, náuseas e vômitos;
- Hematomas no local ou em outras partes do corpo;
- Sangramentos na gengiva, nariz, urina e feridas recentemente cicatrizadas podem ocorrer até três dias após o acidente.
Em caso de acidente, o que fazer?
- Procure imediatamente um posto de saúde;
- Se possível, colete com cuidado a lagarta e leve-a ao posto de saúde para a correta identificação.
- Passe uma espuma de sabão e raspe o local do contato para remoção das cerdas, utilizando uma lâmina ou faca. Tome cuidado para não se ferir.
- No caso do acidente ser causado por lagarta do gênero lonomia, o quadro pode se agravar muito além de dor local. Nunca deixe de procurar atendimento médico. Poderá ser necessária soroterapia específica.

:: Acidentes com serpentes, abelhas e outros animais peçonhentos

Como prevenir?
- Não ande descalço. Observe com atenção ao andar em matas, plantações, margem de rios ou lagoas;
- Use sempre luvas e botas no trabalho rural;
- Não coloque a mão em buracos, tocas, troncos e colmeias;
- Mantenha a casa e áreas próximas sempre limpas;
- Verifique roupas e calçados antes de usá-los;
- Evite roupas amarelas, laranjas e perfumes em locais onde há a presença de abelhas.
Em caso de acidente, o que fazer?
- Lave o local afetado com bastante água limpa e sabão;
- Mantenha a pessoa acidentada em repouso;
- Transporte a vítima, o mais rápido possível, à unidade de saúde mais próxima;
- Se o animal causador for capturado, leve-o para identificação;
- Não amarre, fure, corte ou sugue o local da picada;
- Não coloque nada sobre o ferimento;
- Não ofereça bebida alcoólica ou “remédios milagrosos” ao acidentado;
- No caso de ferroada de abelha, retire o ferrão raspando o local com faca, sem se ferir;
- Em caso de picadas múltiplas de abelhas, procure com urgência um serviço médico, pois o caso pode ser muito grave, especialmente em pacientes hiperalérgicos;
- Pessoas muito alérgicas podem precisar portar medicamentos constantemente para utilização em caso de picadas por abelhas, vespas ou marimbondos. Consulte seu médico.

Por Fhemig