No mês dos Pais é bom lembrar, engana-se quem pensa que somente as mães têm importância no processo de amamentação dos filhos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a criança seja alimentada exclusivamente com leite materno, pelo menos até o sexto mês de vida. E o apoio e o incentivo paterno contribuem para que algumas dificuldades comuns no pós-parto, como a insegurança em relação à amamentação, sejam mais facilmente superadas.

“As mães, nessa fase, ficam mais ansiosas e acham que não estão produzindo leite suficiente. Sem o apoio dos pais, elas acabam optando por complementar a alimentação da criança”, esclarece o professor do programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Joel Alves Lamounier. Para a garantia do sucesso do aleitamento, ele recomenda que uma vez iniciada a amamentação, o pai ofereça apoio verbal e elogios à mulher, “para ela se sentir mais confiante e segura”, reforça.
Algumas dicas aos pais, como ouvir as necessidades da mãe e procurar compreendê-las, participar das tarefas domésticas e ajudar a trocar e dar banho na criança, segundo o especialista, também são importantes para o incentivo ao aleitamento. “Além disso, quando o casal já tem filho, o pai pode dar mais atenção para que essa criança não sinta ciúmes da mãe com o neném”, acrescenta. De acordo com o pediatra, nos 10 primeiros dias após o parto, o leite materno sai em pequena quantidade e só é estimulado à medida que o bebê suga o seio da mãe. Situações, como o surgimento de fissuras nas mamas, ingurgitamento mamário – inchaço nos seios – e inflamações nas glândulas mamárias, que podem provocar dores na hora de amamentar, se realçadas pelas mães por falta de suporte do companheiro por sua vez podem levar ao desmame precoce.

Uma pesquisa realizada em 2006, nos municípios de Carbonita, São Gonçalo do Rio Preto e Datas, na região do Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, pelo professor Joel Lamounier e pelo médico Francisco José Ferreira da Silveira, do Hospital das Clínicas da UFMG, demonstrou que quando os pais aprovavam a amamentação, 98,1% das crianças eram amamentadas, e quando ele era indiferente, o índice reduzia para 26,9%. O mesmo estudo mostra que crianças que não residem com o pai biológico têm 1, 47 vezes mais risco de interromper o aleitamento materno, se comparadas com as que residem com os pais.  Embora o pai possa demonstrar interesse e disposição em ajudar a mulher no início da amamentação, a ausência ou pouco conhecimento sobre aspectos práticos pode influenciar a opção por mamadeiras e outros tipos de leite.

O pré-natal consiste no período adequado para que esses conhecimentos sejam passados aos companheiros. Porém, de acordo com o estudo, apenas 25% dos futuros pais estavam presentes nas consultas. E os motivos alegados para esse menor comparecimento vão desde a “impossibilidade de ir ao serviço de saúde” até o fato de achar que “o médico poderia não gostar”.

Corresponsabilidade

Lamounier destaca a necessidade de que os programas públicos de saúde formulados para incentivo e apoio ao aleitamento materno devem incluir ações específicas para os homens. No caso das mães que não possuem companheiros próximos, de acordo com a pesquisa é preciso que os agentes de saúde ofereçam suporte para que não haja interrupção da amamentação.

“A orientação sobre aleitamento materno deve ser importante preocupação para os profissionais de saúde. Com os resultados encontrados, é possível verificar a necessidade de mais investimento desses profissionais em ações educativas direcionadas não só para a mãe, mas para o casal”, observa o professor, citando outra pesquisa realizada por ele, junto com a consultora em Dietoterapia e Reeducação Alimentar Cleise dos Reis Costa Piazzalunga, em 2006, no Hospital Amigo da Criança, em Belo Horizonte.

Por Jornalismo Faculdade de Medicina da UFMG