Em relação aos casos confirmados e suspeitos de meningite em Ouro Branco e região, a Secretaria de Estado de Saúde informa que:

  • Nesta quarta-feira, 19/10, foi confirmado um caso de meningite no município de Congonhas. Trata-se de uma moradora da cidade, uma adolescente de 17 anos. Ela esta internada para acompanhamento, e seu quadro de saúde está evoluindo bem;
  • Está sendo realizada uma investigação epidemiologia* para verificar se este caso tem ou não relação com os dos outros dois, que ocorreram com funcionários da construtora. Portanto, ainda não se pode caracterizar como surto**, pois os casos notificados até o momento não excederam o previsto para a região;
  • No período entre janeiro e outubro de 2011, foram notificados, até o momento, 793 casos de Meningite no Estado, destes, 117 evoluíram para o óbito.  Em Ouro Branco foram 9 casos, sendo que 2 foram a óbito ( no mês  de agosto e outubro). Em Congonhas foi confirmado apenas 1 caso ( o de hoje);
  • As populações de Ouro Branco e região devem manter a tranqüilidade; o problema foi localizado, está sob controle e  não há risco de epidemia;
  • Todos os 1200 funcionários da empresa onde ocorreu o problema estão sendo acompanhados e foi realizado bloqueio medicamentoso (quimioprofilaxia, que é a prescrição de antibiótico para aquelas pessoas que tiveram contato com quem teve meningite ou suspeita da doença).
  • Após 24h em que é realizado o procedimento de quimioprofilaxia a bactéria é erradicada do organismo (garganta), o que impede a pessoa de desenvolver e transmitir a doença. 
  • Não há necessidade de realizar quarentena pelos motivos explicados acima;
  • A bactéria está presente em 10% da população, que não apresenta sintomas da doença (portador assintomático), portanto ela é circulante;
  • É importante ressaltar que as pessoas não devem se automedicar. Caso surjam alguns dos seguintes sintomas)#, devem procurar assistência médica;

#sintomas: em adultos: febre alta, dor de cabeça forte, vômitos, mal-estar geral, extremidades frias e prostração, podendo ocorrer convulsões, rigidez da nuca, sinais neurológicos de irritação nas meninges; nos bebês, principalmente nos menores de 9 meses, as manifestações podem ser inespecíficas (sem rigidez na nuca, apresentando-se) com: febre, prostração, irritabilidade, choro excessivo, vômitos, recusa alimentar, abaulamento das fontanelas (“moleiras”) e convulsões.

Glossário (fonte: OPAS - Organização Pan-americana de Saúde)

*INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

A investigação epidemiológica é um estudo de campo realizado  a partir de casos  notificados  e  seus contatos, com a finalidade de detectar as fontes de infecção, identificar  casos-índice e  secundários,  delimitar áreas  de abrangência  com o objetivo de indicar medidas de prevenção e controle;

**SURTO X EPIDEMIA

A manifestação, em uma comunidade ou região específica, de casos de uma doença com uma freqüência que exceda a incidência normal prevista (número esperado de  casos)  caracteriza-se como surto.

A epidemia é caracterizada quando ocorre um grande número de casos, com expansão geográfica.

INFORMAÇÕES SOBRE A DOENÇA

O que é a Doença Meningocócica?

A Doença Meningocócica é uma infecção bacteriana potencialmente grave, que pode acometer vários locais do organismo humano. Mais comumente afeta as meninges, membranas que recobrem o sistema nervoso central, originando um tipo de meningite (meningite meningocócica), ou determina um quadro de infecção generalizada, a meningococcemia.

Qual é a causa da Doença Meningocócica?

A Doença Meningocócica é causada por uma bactéria chamada Neisseria meningitidis. Essa bactéria tem formato arredondado e usualmente encontra-se aos pares (diplococo). De acordo com a composição de uma cápsula polissacarídica que envolve a bactéria, essa espécie pode ser subdividida em treze “tipos” (sorogrupos) diferentes: A, B, C, Y, W135 etc. Nos últimos anos, dentre os casos de doença em que se conseguiu determinar o sorogrupo, o tipo mais prevalente em Minas Gerais foi o sorogrupo C.

Como se transmite a Doença Meningocócica?

A bactéria Neisseria meningitidis habita normalmente a orofaringe do ser humano, mas nem sempre causa doença. Estima-se que, em média, cerca de 10 a 20% da população (até 100% em alguns casos) tenham a bactéria em sua orofaringe, carreando-a de forma assintomática. Essa bactéria pode ser transmitida de uma pessoa a outra por meio de gotículas de secreção que são eliminadas durante a fala, a tosse, os espirros, os vômitos etc. Geralmente a infecção ocorre por inalação ou contato direto com essas gotículas.

Para que ocorra a transmissão, usualmente é necessário um contato íntimo (isto é, contato próximo e relativamente prolongado ou frequente) com um doente ou um portador da bactéria, ou o contato direto com secreções contaminadas.

Embora o risco de adoecer seja alto entre os contatos íntimos de uma pessoa com a doença, a maioria dos casos esporádicos ocorre com a transmissão a partir de portadores assintomáticos.

As pessoas com maior risco de adoecer são as crianças, principalmente as menores de dois anos, e os imunodeprimidos.

Prevenção:

  • Manutenção de uma boa nutrição
  • Medidas de higiene (como lavar frequentemente as mãos, usar lenços de papel ao espirrar ou tossir, não compartilhar copos, talheres e outros utensílios sem lavar antes, não dividir garrafas de água ou alimentos, principalmente);
  • Evitar frequentar locais com grande aglomeração de pessoas;
  • Evitar contato com doentes;
  • Manter a casa, o ambiente de trabalho e os veículos de transporte coletivo sempre bem ventilados, e permitir a incidência direta de luz solar nos mesmos;
  • Manutenção de uma boa saúde em geral (praticar atividade física, manter hábitos saudáveis de sono, evitar o tabagismo, o etilismo e as drogas);
  • Manter as vacinações de rotina para a idade sempre em dia.

Quais os sinais e sintomas de uma pessoa que desenvolva a Doença Meningocócica? A doença é grave?

A Doença Meningocócica pode ter manifestações diferentes entre as pessoas, e em alguns casos o diagnóstico pode ser difícil, confundindo-se com o quadro de outras doenças, principalmente quando a infecção está no início.

Quando causa meningite ou infecção generalizada, geralmente o doente apresenta febre alta, dor de cabeça forte, mal-estar geral, extremidades frias e prostração, podendo ocorrer convulsões, rigidez da nuca, sinais neurológicos de irritação nas meninges ou até mesmo o estado de coma. Em casos muito graves pode haver o surgimento súbito de manchas vermelhas, bolhas e sangramentos visíveis na pele. Em bebês, principalmente nos menores de 9 meses, as manifestações são inespecíficas: febre, prostração, irritabilidade, choro excessivo, vômitos, recusa alimentar, abaulamento das fontanelas (“moleiras”) e convulsões.

A doença é grave e pode ocorrer manifestação fulminante, com óbito em poucas horas, mesmo com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A letalidade da doença (i.e., a proporção de indivíduos doentes que morre) é elevada, podendo chegar a 30% ou mais.

Uma parte dos indivíduos que sobrevivem pode desenvolver seqüelas, que podem ser temporárias ou permanentes (surdez, retardo mental, problemas motores, convulsões etc).

Embora freqüente, entretanto, a evolução desfavorável para o óbito ou as seqüelas nem sempre ocorre. Em caso de sintomas suspeitos, orienta-se procurar atendimento médico o mais rápido possível.

O que pode ser feito para prevenir a doença?

As meningites são causadas por vários microorganismos: vírus, bactérias, protozoários etc. Várias vacinas que protegem contra germes que podem causar meningite já fazem parte do calendário básico de vacinação no Brasil, como: vacina contra os vírus de sarampo, caxumba, rubéola, contra o Haemophilus, vacina  BCG e até mesmo contra o poliovírus, rotavírus, vírus da influenza.

Vacina contra o Haemophilus já incluída no calendário oficial há cerca de 10 anos, com grande benefício para a população, e grande impacto na redução de casos de meningite e outras doenças invasivas por aquela bactéria.

No caso da meningite meningocócica:

  • Existem 13 “subtipos” (sorogrupos) das bactérias desta espécie (tipo A, B, C, 29E, Y, X, W135 etc)
  • A vacina contra um tipo não protege contra os outros. Proteção só após 10 a 15 dias.
  • Algumas vacinas são indicadas apenas em casos de surto, porque apresentam imunogenicidade baixa ou ausente em menores de 2 anos, e em adultos determinam imunidade de curta duração, com queda progressiva após 3 anos. Estudos mostram indução de tolerância imunológica (especialmente sorogrupo C – mas W135 e Y parecem se comportar de forma semelhante) em caso de uso por repetidas vezes.
  • A vacina conjugada contra o meningococo do sorogrupo C é a única indicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, inclusive para menores de 2 anos, e que  induz resposta imunológica comprovadamente melhor e mais duradoura. Entretanto, só protege contra o sorogrupo C. Atualmente é disponível no SUS através dos CRIES (Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais), para uso rotineiro em casos de maior risco como: principalmente asplenia anatômica ou funcional (ausência de baço ou seu mau funcionamento), imunodeficiências congênitas e alguns casos de portadores de HIV, portadores de implante de cóclea e de doenças de depósito.

Como a Neisseria meningitidis habita normalmente a orofaringe de uma grande parte da população, e como existem diversos sorogrupos dessa bactéria, a eliminação total da doença até o momento é impossível. A doença meningocócica ocorre o ano todo, em todo o mundo, sendo mais comum no inverno e na estação seca.

Agência Minas, acesse aqui as notícias do Governo de Minas. Acompanhe também nohttp://www.youtube.com/agenciaminasgerais

Autor: Jornalismo/SES