A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio das Unidades Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Itabira e Sete Lagoas, promoveu, nos dias 12 e 13/11, o II Seminário Macrorregional de Arboviroses da macrorregião de Saúde Macro Centro. O evento, realizado no Auditório da Faculdade Anhanguera, unidade Antônio Carlos, em Belo Horizonte, contou com a participação de 425 representantes de 101 municípios que, juntos, têm cerca de 6 milhões de habitantes, o que corresponde a aproximadamente um terço da população mineira. O objetivo do seminário foi preparar estes municípios da macro Centro para o enfrentamento das arboviroses (dengue, zika, chikungunya, febre amarela e febre oropouche), durante o período sazonal de 2024/2025.

A programação do seminário foi dividida em dois dias: no primeiro, os participantes discutiram ações preparatórias em gestão, vigilância, mobilização social e controle vetorial, além da organização dos serviços de saúde para o período sazonal. Já no segundo dia, foi realizado o treinamento para o atendimento clínico das principais arboviroses (como dengue, chikungunya e oropouche), voltado para profissionais de assistência à saúde, como médicos e enfermeiros, que atuam na macrorregião Centro, composta por municípios que fazem parte das Unidades Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Itabira e Sete Lagoas.

Seminário Arboviroses Macro Centro14

A importância da mobilização social e do trabalho contínuo de prevenção
A participação da população é salientada pelo coordenador de Vigilância em Saúde da Unidade Regional de Saúde (URS) de Belo Horizonte, Francisco Lemos. “A ação da população é essencial no cuidado da sua saúde e da coletividade. Essa participação é ainda mais importante no controle de focos dos mosquitos transmissores de doenças, em especial do Aedes, que transmite doenças como a dengue, a chikungunya e a zika, além de poder reintroduzir a febre amarela no meio urbano, pois a maioria dos focos estão dentro dos imóveis e podem ser introduzidos ou reativados no intervalo das visitas dos agentes municipais”. Dessa forma, para o coordenador, é fundamental a realização de eventos de mobilização social. “Os eventos de mobilização servem para reacender a lembrança de todos de verificar a existência de focos ou possíveis focos em seus domicílios e locais de trabalho, permitindo a redução da população de mosquitos e, consequentemente, o risco de adoecimento”.

Francisco Lemos aborda evolução temporal da dengue em Minas

A agente de endemias do município de Araçaí, cidade do território da Regional de Saúde de Sete Lagoas, Débora de Carvalho Pêgo, que atua há seis anos no combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt, discorre sobre a necessidade da parceria com a população. “A gente precisa da contribuição e da compreensão da população para lidar com essa situação de que o combate ao Aedes não é um serviço feito sozinho, não é só realizado pela equipe da saúde. Temos que atentar para esse lado, mostrar para a população o quanto foi difícil combater o mosquito neste ano durante a fase crítica da doença. Em Araçaí, unimos forças com vários setores como Saúde, escolas e obras para realizar o trabalho”.

Débora Pêgo relatou como tem sido o trabalho de prevenção realizado antes das chuvas. “Atentamos para esse lado de sensibilizar a população, mostrar para eles o quanto eles sofreram com as doenças transmitidas pelo Aedes. Lembramos que foi um ano bem desgastante tanto para população, quanto para os servidores, mas que também é um trabalho que precisa ser contínuo”. A referência analisa também as ações feitas em 2024. “Nós especificamos as ações de vistoria, também temos feito mobilizações, procurado conscientizar mais a população, usando até mesmo os casos que aconteceram no princípio do ano como alerta. Não teve nenhum óbito graças ao trabalho que foi desempenhado, mas tivemos muitos casos com sequelas no município”, finalizou Pêgo.

O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Sarzedo, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, Renato Pereira da Silva, afirma que o seminário possibilita a troca de informações entre municípios e regionais para preparação do período com maior número de ocorrências de casos de dengue, zika, chikungunya e outras arboviroses. “É importante agirmos na prevenção e seguirmos com os planos de contingência. Temos que movimentar os comitês de arboviroses para precaver em relação à dengue e fazermos ações de mobilização e organização dos setores”.

A referência técnica em Vigilância Epidemiológica da GRS Itabira, Fernanda Ferreira Soares Pires, ressaltou a importância do II Seminário Macrorregional de Arboviroses para preparar os municípios para o próximo período sazonal. “Profissionais mais capacitados respondem de forma mais eficiente e rápida aos desafios, o que contribui para a redução do número de casos, dos óbitos e da incidência do vetor Aedes aegypti,” afirmou Fernanda. Ela explicou que o seminário representa um esforço conjunto das regionais de Itabira, Belo Horizonte e Sete Lagoas com o propósito de fortalecer a preparação dos 101 municípios para enfrentar as arboviroses no período sazonal que se aproxima.

Nesse contexto, referência técnica em controle de endemias da Regional de Saúde de Sete Lagoas, José Luiz Teixeira, reforçou a importância do trabalho contínuo no enfrentamento às arboviroses. “Trabalhamos, orientamos, dialogamos e fazemos a análise de território e de risco junto aos municípios para que, no enfrentamento do período sazonal das doenças, possamos definir os territórios e as estratégias prioritárias de atuação. Desta forma, visamos constituir um sistema de controle sensível e mais específico levando em consideração o contexto dos municípios no controle do mosquito Aedes Aegypti, sobretudo em períodos endêmicos”.

A relevância da relação entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Vigilância em Saúde no enfrentamento às arboviroses foi enfatizada pela referência técnica da Atenção e Atenção Especializada da URS BH, Dhebora Lage. “A integração dessas duas áreas é essencial para a implementação de estratégias eficazes, como a eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti, controle de surtos e promoção de medidas preventivas, criando uma rede de proteção para a comunidade”.

O médico da Estratégia de Saúde da Família e Comunidade da Secretaria Municipal de Saúde de Itabira, Clayton Marcos dos Santos, ministrou, no segundo dia do evento (14/11), a palestra “Manejo Clínico e Atualizações sobre Dengue”. Na ocasião, ele destacou a importância do seminário para fortalecer a preparação e a resposta ao período sazonal das arboviroses na região. “Apresentei o manejo clínico da dengue, com seus desafios e boas práticas, visando aprimorar o tratamento em nossa macrorregião e contribuir para o enfrentamento da doença em Minas Gerais”, enfatizou.

Clayton Santos reforçou ainda que o fortalecimento da rede pública de saúde é essencial para enfrentar o possível aumento de casos de dengue em 2025. “A integração entre a atenção primária, os serviços de urgência e os hospitais é fundamental para proporcionar ao paciente um desfecho favorável. Nosso compromisso é com a prevenção primária e com a oferta de um tratamento eficaz aos pacientes acometidos pela dengue”, concluiu.

Por Flávio Ribeiro, Leandro Heringer e Nayara Souza / Fotos: Flávio Ribeiro e Leandro Heringer