A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu, nos dias 27 e 28/8, o Encontro Estadual de Vigilância em Saúde Ambiental 2024 na Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG), em Belo Horizonte. Na ocasião, Marcelo Barbosa Motta, coordenador de Vigilância em Saúde da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira, apresentou o artigo científico intitulado "Avaliação de Perigos e Categorização de Riscos Microbiológicos em Sistemas de Tratamento e Distribuição de Água em um Município do Interior de Minas Gerais, Brasil" que foi destaque no evento.

O encontro reuniu referências técnicas e coordenadores dos Núcleos de Vigilância Epidemiológica das Unidades Regionais para discutir os avanços e desafios da área, com especial atenção aos preparativos para o período de seca e estiagem, por meio do programa VigiDesastres.

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O convite para a apresentação foi feito por Alice Senra Cheib, diretora de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-MG, que reconheceu a importância da metodologia proposta por Marcelo Barbosa Motta em seu estudo. Publicado em 2019, o artigo propõe uma abordagem inovadora para a identificação de perigos e avaliação de riscos em estações de tratamento de água, utilizando dados rotineiros de serviço.

"A pesquisa visa implementar uma metodologia prática para que as regionais de saúde possam, de forma sistemática, identificar perigos e classificar os riscos em sistemas de tratamento de água. O modelo proposto pode servir como uma ferramenta valiosa para a gestão e mitigação de riscos relacionados à qualidade da água em outras regiões", destacou Marcelo Barbosa Motta.

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O Encontro Estadual de Vigilância em Saúde Ambiental 2024 foi um fórum relevante para a troca de experiências e a disseminação de boas práticas, reafirmando o compromisso das autoridades em saúde com a qualidade da água para consumo humano e a redução do impacto dos desastres sobre a saúde pública em Minas Gerais.

A pesquisa
A pesquisa apresentada por Marcelo Barbosa Motta aborda um problema de saúde pública referente ao consumo de água com padrão de potabilidade adverso aos requisitos técnicos, representando um perigo significativo para a saúde populacional. Em resposta a essa questão, o Ministério da Saúde (MS) do Brasil criou, em 2005, o Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA). O principal objetivo do VIGIAGUA é a gestão de riscos associados ao abastecimento de água em todo o território brasileiro. No entanto, o programa enfrenta uma limitação importante: a ausência de uma metodologia eficaz para caracterizar e gerenciar os riscos identificados.

Durante a sua apresentação, Marcelo Motta, coordenador de Vigilância em Saúde da GRS Itabira, explicou que o objetivo da sua pesquisa é propor um modelo que transforma dados brutos em dados conceituais, classificando-os em níveis de risco baixo, médio e alto. O estudo foi conduzido com dados obtidos por meio de análises de qualidade da água realizadas pela Gerência Regional de Saúde de Itabira, em um município (não especificado por razões técnicas) com menos de 10 mil habitantes, cujo histórico de resultados apresenta oscilações importantes na qualidade da água. Foram coletadas doze amostras mensais entre maio de 2017 e abril de 2018.

“Os resultados revelaram altos níveis de contaminação na água tratada, com 83,3% de presença de coliformes totais na estação de tratamento e 91,6% no sistema de distribuição. A contaminação por Escherichia coli foi de 16,7% nas amostras da estação de tratamento e 45,2% no sistema de distribuição. Com base nesses dados, o sistema foi classificado como "Alto Risco". Além disso, a análise das amostras de água não tratada mostrou 100% de contaminação por coliformes totais e 97,2% por E. coli, refletindo a grave situação de contaminação da água bruta na região”, detalhou Marcelo.

Marcelo reiterou ainda que os resultados de qualidade de água refletem uma situação pontual, ocorrida à época do estudo, porém a qualidade da água é dinâmica modificando-se através do tempo e das intervenções de melhoria implementadas pelo serviço municipal de saúde. Portanto, a realidade de outrora, não necessariamente é a realidade atual. Por este motivo, a pesquisa não tem foco exclusivo na qualidade da água, mas na metodologia de análise.

Por Flávio A. R. Samuel / Fotos: Coordenadoria de Vigilância em Saúde - GRS Itabira