Imagine fazer a tatuagem que tanto queria, colocar aquele piercing e, após isso, ir doar sangue ou descobrir em um dos exames de rotina que contraiu hepatite. Mas como isso seria possível se nunca sentiu mudanças no corpo, sintomas e sempre foi muito atento à higiene e cuidados pessoais? Este cenário acontece devido às hepatites B e C que podem ou não manifestar sinais, ou seja, os sintomas da doença podem se assemelhar a outros surtos virais, como por exemplo virose e intoxicação alimentar. Essas hepatites causam maior preocupação, pois podem evoluir para cirrose e até câncer no fígado, além de não apresentarem sintomas, o que faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico.

No Brasil, a Lei nº 13.802/2019 instituiu o Julho Amarelo, que marca uma série de ações de conscientização e combate às hepatites virais. O Dia Mundial das Hepatites Virais é comemorado no dia 28 de julho, em homenagem à data de nascimento do cientista Baruch Blumberg. Ganhador do Prêmio Nobel, o pesquisador descobriu o vírus da hepatite B e desenvolveu um teste de diagnóstico e a vacina.

15.07.2024-Teste Rápido Hepatite A e B Lilian Cunha

Prevenção, vacinação, testagem e tratamento
Além das medidas preventivas, evitar o compartilhamento de materiais de uso pessoal, usar preservativo nas relações sexuais e manter a vacinação em dia, a utilização dos testes rápidos para triagem das hepatites virais está sendo ampliado nos municípios da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia para o rastreio das hepatites B e C.

A referência técnica regional da Vigilância Epidemiológica, Mariana Bernardes, ressalta onde, quais situações a população pode ter acesso aos testes rápidos e como é o diagnóstico e tratamento. “As secretarias municipais de saúde devem seguir os protocolos federal e estadual. Os testes são ofertados nas maternidades, unidades de saúde referência de violência sexual, nos serviços de referência de atendimento a acidentes com exposição a material biológico e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), desde que tenha profissional treinado. Os pacientes passam por um acolhimento e triagem para verificar a exposição aos riscos e, sendo reagente (positivo), encaminha para o teste sorológico e acompanhamento médico”, explicou Bernardes.

A logística de distribuição e o treinamento para a aplicação do teste de triagem das doenças são importantes para o rastreio das doenças. “Todos os 18 municípios da região solicitam e recebem rotineiramente os testes rápidos para detecção das hepatites B e C. Fazemos esta articulação e controle para que não haja desabastecimento. Além desta disponibilidade dos testes, é importante que os profissionais de saúde façam os treinamentos e atualizações para a correta abordagem e aplicação dos testes”, destaca a referência técnica em testes rápidos da SRS Uberlândia, Patrícia Nishioka.

Em 2023 foram realizados mais de 32 mil testes rápidos para Hepatite B e C. Em 2024 foram mais de 48 mil e, até o momento (janeiro a junho de 2024), foram 26.021. Já há um teste rápido específico que detecta a hepatite B e outro para detecção da hepatite C. Veja abaixo a evolução na triagem pelo teste rápido na região.

15.07.2024-Testes Rápidos - Hepatite B e C - SRS Uberlândia Vitoria Caregnato

Em 2022, os municípios que pertencem à SRS Uberlândia confirmaram 57 casos de hepatites virais. Em 2023 foram 85 casos e, em 2024 (até 13/6), foram 19 casos.

Hepatites B e C
A hepatite B pode ser evitada com a vacinação que está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade, e é uma doença que não tem cura. Enquanto a hepatite C não tem vacina, mas 95% dos tratamentos medicamentosos levam à cura. Veja a distinção detalhada abaixo.

Hepatite

Transmissão

Prevenção

Tratamento e/ou cura

Hepatite B

Compartilhar com materiais de higiene pessoal  contaminados e materiais hospitalares; instrumento de tatuagem e piercing não esterilizados e relações sexuais desprotegidas.

Vacinação; não compartilhar objetos de higiene pessoal; não reutilizar instrumentos de tatuagem e piercing; uso de preservativos em relações sexuais.

Acompanhamento médico que visa reduzir as complicações e avanços da doença, em que os medicamentos estão disponíveis pelo SUS. Hepatite B não tem cura.

Hepatite C

Compartilhar materiais de higiene pessoal  contaminados e materiais hospitalares; instrumento de tatuagem e piercing não esterilizados; relações sexuais desprotegidas; transmissão vertical (durante a gravidez e parto).

Não existe vacina como prevenção. Para não contrair a doença é preciso não compartilhar objetos de higiene pessoal; não reutilizar instrumentos de tatuagem e piercing; uso de preservativos em relações sexuais.

Tratamento medicamentoso, e em 95% dos casos acontece a cura durante o acompanhamento médico.

Saiba mais em: https://www.saude.mg.gov.br/hepatites

Por Lilian Cunha e Vitória Caregnato (estagiária sob supervisão) / Foto: Lilian Cunha