Os municípios norte-mineiros de Porteirinha e Espinosa são os primeiros do país que entre os dias 25 e 28 deste mês estão recebendo a formação presencial específica do módulo de doença de Chagas no SisVetor. Trata-se de um software voltado para sistematizar dados vetoriais, entre eles os relacionados a triatomíneos, insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo, transmissores da doença de Chagas.

O processo formativo “Vigilância Ambiental e Controle da Doença de Chagas: Unidade Vetorial” começou no dia 25, em Porteirinha, numa iniciativa do Projeto IntegraChagas Brasil. A capacitação termina nesta sexta-feira, 28, em Espinosa.

A formação é voltada à participação de agentes de combate a endemias. Além das facilitações sobre o módulo em doença de Chagas do SisVetor, o processo formativo aborda outros aspectos como a Operacionalização das Ações de Campo; Oficina de Vivência Temática - Construindo a Vigilância da Doença de Chagas no Sistema Único de Saúde (SUS); Controle Químico de Triatomíneos e Práticas de Campo.

Divulgação Integra Chagas Brasil

Sob a coordenação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o IntegraChagas Brasil é um projeto estratégico demandado e financiado pelo Ministério da Saúde. Tem como objetivo ampliar o acesso à detecção e ao tratamento da doença de Chagas crônica na Atenção Primária à Saúde (APS). A Universidade Federal do Ceará (UFC) é parceira na implementação do Projeto.

A formação sobre o módulo específico do SisVetor aborda funcionalidades do sistema, entre eles aspectos como cadastramento de imóveis, territórios e atividades de base territorial, envolvendo ainda a utilização do sistema para inserção de dados vetoriais no campo.

“O SisVetor foi criado para substituir o atual sistema e nasceu como uma nova solução para captação, organização e análise de dados vetoriais. O objetivo central é garantir a tomada de decisão baseada nos dados entomológicos obtidos em cada um dos territórios”, explica a consultora do Grupo de Trabalho Chagas, do Ministério da Saúde, Rafaella Albuquerque e Silva.

Ainda segundo a consultora, “como o software faz parte do processo de caracterização do território, ele se adequa plenamente ao propósito do Projeto IntegraChagas Brasil. O SisVetor vai facilitar no sentido da análise dos dados que estão sendo coletados e o direcionamento onde deveriam ser buscados os casos de doença de Chagas”.

A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também participa da implementação do Projeto IntegraChagas Brasil. Os municípios de Porteirinha e Espinosa integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e as referências técnicas das coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde, Nilce Almeida Fagundes e Bartolomeu Teixeira Lopes participam de todas as ações implementadas no Norte de Minas.

A doença

Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde da SRS de Montes Claros explica que, assim como outras doenças negligenciadas, Chagas está associada às condições de vida em vulnerabilidade.

“Trata-se de uma das doenças tropicais negligenciadas mais silenciadas. Estima-se que, no mundo, entre 6 e 8 milhões de pessoas têm a doença e mais de 75 milhões moram em áreas de risco de transmissão”, explica a coordenadora.

Estimativa da Fiocruz aponta que aproximadamente 12 mil pessoas morrem anualmente por causa de Chagas em todo o mundo. Desse total, cerca de oito mil óbitos têm como vítimas bebês que se infectaram durante a gravidez ou no parto.

Diante da grandeza dos números do cenário epidemiológico, com elevada carga de doença e morte, Agna Menezes entende que a doença precisa de permanente atenção por parte do poder público, incluindo o reforço e integração das ações de vigilância epidemiológica e de saúde com os serviços municipais de atenção primária e especializada.

Por Pedro Ricardo