O trabalho implementado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e dos municípios nas ações de prevenção, controle e fiscalização implementado nas áreas das vigilâncias epidemiológica, sanitária, ambiental e de saúde, foi tema do I Simpósio do Curso Técnico de Vigilância em Saúde que a Escola Técnica das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte) realizou terça-feira, 25 de junho, em Montes Claros.

Com a oferta de 90 vagas, a primeira turma do curso faz parte do Programa Trilhas do Futuro, coordenado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE), com o objetivo de formar mão de obra qualificada para atender demandas em diversas áreas do mercado de trabalho. Com duração de 18 meses, o curso foi iniciado no primeiro trimestre deste ano.

Ao proferir palestra sobre “Vigilância em Saúde e o Mercado de Trabalho”, a doutora em ciências da saúde coordenadora de vigilância em saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, destacou a importância da formação de técnicos levando em conta a crescente demanda de profissionais.

“Porém, para garantir uma boa atuação no segmento da vigilância em saúde os profissionais precisam ter, além de conhecimento, o desenvolvimento de uma visão ampliada. Isso porque, a vigilância em saúde envolve um grande leque de atividades e, por esse motivo, além de formação específica os profissionais precisam ter capacidade de gestão e olhar abrangente”, alertou a coordenadora.

Créditos: Pedro Ricardo

Agna Menezes lembrou que atualmente a SES-MG está implementando uma série de ações envolvendo as diversas áreas da vigilância em saúde. No caso do Norte de Minas, a mais recente iniciativa envolve investimento superior a R$ 12,8 milhões, no biênio 2024/2025, na implementação dos programas de Vigilância da Qualidade da Água – Vigiágua; Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres – VigiDesastres e de Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos – VigiAr.

Além disso, explicou a coordenadora, pelo fato do Norte de Minas possuir o segundo maior entroncamento rodoviário do país, interligando as regiões Centro, Sul, Oeste e Nordeste, em 2023 a SES-MG, Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) concretizaram a instalação, em Montes Claros, do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs).

“Trata-se de uma iniciativa que proporciona importante conquista para o reforço das ações de vigilância em saúde no Norte de Minas, levando em conta que o grande fluxo de veículos e pessoas que passam pela região também constitui fator de risco que pode afetar grande número de pessoas”, pontuou.

Além disso, Agna Menezes lembrou que “a recente pandemia da Covid-19 e a mais severa epidemia de dengue ocorrida neste ano em Minas Gerais dá uma dimensão das muitas oportunidades de trabalho existentes na área da vigilância em saúde. O mundo globalizado acabou com as fronteiras de disseminação de doenças e, por isso, as demandas de trabalho no segmento da vigilância em saúde são muitas e diversificadas. Cabe às pessoas que desejam ingressar nesse segmento, adquirir conhecimento técnico e se preparem para ter comprometimento com a obtenção de resultados que minimizem os riscos à saúde da população”, concluiu a coordenadora.

Por sua vez, Liliane Marta Mendes de Oliveira, enfermeira da Vigilância Sanitária do município de Montes Claros, reforçou que as oportunidades de trabalho para técnicos em vigilância em saúde são muitas. Isso porque, só no segmento de inspeção sanitária a rotina de trabalho envolve a fiscalização de uma grande quantidade de estabelecimentos industriais, comerciais, de serviços e de saúde, levando em conta a necessidade dos municípios diminuir ou prevenir riscos à saúde da população, decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e serviços.

Leishmaniose

Ainda durante o I Simpósio do Curso Técnico de Vigilância em Saúde, a referência técnica da SRS de Montes Claros, Arlete Lisboa Gonçalves proferiu palestra sobre as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento das leishmanioses tegumentar e visceral.

“Trata-se de doença endêmica no Brasil, com notificação anual de mais de 20 mil casos. O diagnóstico precoce evita que, no caso da leishmaniose tegumentar, as pessoas tenham sequelas ou, no caso da leishmaniose visceral, venham a óbito”, explicou a referência técnica.

Trilhas do Futuro

Embora a formação de técnicos por meio do Programa Trilhas do Futuro seja destinada principalmente a jovens do ensino médio da rede pública, outros candidatos, de todas as idades, também podem participar. Estudantes que concluíram o ensino médio ou que estejam matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) também são elegíveis.

“Trata-se de um Programa importante para a formação de mão de obra qualificada para atender as demandas do mercado de trabalho. Na Escola Técnica da Funorte nosso enfoque está voltado não apenas para o repasse de informações teóricas mas, sim, com o desenvolvimento de atividades práticas”, explica o professor e diretor da Escola Técnica da Funorte, Pedro Almeida.

Ainda segundo o professor, “o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e a formação de técnicos por meio de cursos contextualizados e com adoção de metodologias ativas em que o aluno busque o conhecimento e o leve para discutir em sala de aula, possibilita a formação de profissionais com mais chances de atenderem às exigências do mercado de trabalho. Além disso, a realização de eventos colocando os alunos em contato direto com profissionais experientes constitui oportunidade para a troca de informações”.

Por Pedro Ricardo