Entre os dias 3 e 13 de junho, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) recebeu integrantes da Rede UAI-ARBO-MG, que é uma Rede Unificada de Análises Integradas de Arbovírus de Minas Gerais. As equipes, originárias da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), participaram do primeiro treinamento do projeto, que tem a Funed e o Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas) como parceiros.


A Rede UAI-ARBO-MG é um projeto patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e tem como objetivo formar e capacitar profissionais, especialmente os originários de regiões do interior de Minas Gerais, para a realização de vigilância genômica e para as análises de bioinformática, incluindo a identificação das sequências, utilização de softwares para análises evolutivas e análises de modelos epidemiológicos.

Para o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Funed, Felipe Iani, que, juntamente com o pesquisador da Fiocruz, Luiz Carlos Júnior Alcântara, coordenam o projeto, essa é uma iniciativa muito importante, uma vez que descentraliza as técnicas mais avançadas de sequenciamento genético. “Nós estamos disseminando conhecimento e isso faz com que Minas Gerais se destaque na vigilância genômica, contribuindo inclusive para a vigilância epidemiológica não só do estado como de todo o país. Identificar os vírus circulantes no estado de forma precoce auxilia na tomada de decisões e na formulação de políticas públicas para o controle das doenças”, reforça.

Ao final do projeto, ou seja, início de 2027, é esperado que sejam estabelecidos três novos Centros de Genômica e Bioinformática de Arboviroses na Ufop, UFVJM e IFNMG, com o propósito de fornecer suporte às atividades de vigilância genômica e análises em tempo real de arboviroses emergentes e reemergentes no estado de Minas Gerais.

O Treinamento

Neste primeiro treinamento, sediado na Funed, os participantes puderam não apenas aprender conceitos teóricos, como colocar em prática o conhecimento adquirido nas bancadas de laboratório da Fundação. Fizeram parte do escopo de amostras sequenciadas ao longo das semanas as de humanos, primatas não-humanos e vetores. Ao todo, foram sequenciados 80 genomas, que representa 13% do montante previsto até o fim do projeto, em 2027.

Segundo Luiz Marcelo Ribeiro Tomé, um dos organizadores do curso, o primeiro treinamento foi essencial. As instituições participantes puderam compreender todo o processo de sequenciamento genômico, incluindo análises de bioinformática para montagem de genomas, identificação viral e estudos evolutivos. “Nosso próximo passo é estruturar os laboratórios das instituições e realizar treinamentos in loco. Com essas ações, será possível estabelecer a rede de vigilância genômica de arbovírus no estado de Minas Gerais, avançar no conhecimento desses patógenos, contribuir para a vigilância epidemiológica e implementar novas medidas de saúde pública”, frisa. Também estiveram à frente desse primeiro treinamento as pesquisadoras do SVR da Funed, Talita Adelino e Natália Guimarães.

A sensação de etapa cumprida foi também compartilhada pelos participantes do treinamento. Para Filipe Vieira Santos de Abreu, do IFNMG, o primeiro curso da rede UAI-ARBO foi transformador. “A partir dele, em breve será possível fazer a vigilância genômica de arboviroses em tempo real na região Norte Minas, isolada dos grandes centros. O curso também foi muito importante para estreitar os laços e fortalecer as parcerias entre os cientistas envolvidos, fundamentais para desenvolvimento da pesquisa em nosso estado”, afirma.

Já para Maysa Farias de Almeida Araújo, da UFVJM, o treinamento da Rede Uai-ARBO foi um importante passo para a ampliação da vigilância genômica de vírus emergentes e reemergentes no estado de Minas Gerais, especialmente porque capacitou profissionais que atendem regiões mais afastadas dos grandes centros, como o Vale do Jequitinhonha. “Temos certeza que toda a sociedade se beneficiará desse intercâmbio de conhecimento. Voltamos para o Vale do Jequitinhonha satisfeitos e ansiosos para contribuir ainda mais com o enfrentamento de doenças que impactam a população”, ressalta.

Por ASCOM Funed