Secretários municipais de Saúde e prefeitos de municípios da área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS Passos) discutiram sobre a carência de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em hospitais de referência de Passos, São Sebastião do Paraíso e Piumhi. O assunto foi debatido em uma reunião promovida pela Associação Pública dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (Ameg) realizada na quinta-feira (13/6). A superintendente Kátia Rita Gonçalves participou do evento, em que apresentou a situação dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) na região.

A reunião teve a presença de secretários de saúde de vários municípios e prefeitos de Alpinópolis, Capetinga, Capitólio, Ibiraci, Itaú de Minas, Piumhi, Pratápolis, São João Batista do Glória, São Sebastião do Paraíso e São Tomás de Aquino. Também participaram dirigentes executivos, supervisores e diretores clínicos das santas casas de Passos, São Sebastião do Paraíso e Piumhi.

Kátia Gonçalves, superintendente da SRS Passos, entre diretor hospitalar e prefeitos

A reunião foi dirigida pelo prefeito de Alpinópolis e presidente da Ameg, Rafael Henrique da Silva Freire, que disse entender “as limitações das santas casas” e que a intenção é discutir o problema e buscar a solução. “O problema é nosso e, junto da força política dos prefeitos e da Ameg, nós queremos entender o que está acontecendo e, de que forma cada prefeito e depois coletivamente, podemos ajudar a solucionar isso”, disse.

A reunião foi solicitada à Ameg pelo prefeito de Ibiraci, Ismael Silva Cândido, que se queixou de negativas de vagas de UTI nas santas casas, sob alegação de falta de leitos. “A provocação dessa reunião de hoje foi para que a gente, de forma clara, de forma técnica, pelo menos converse sobre isso”, disse.

A referência técnica em Rede de Urgência e Emergência (RUE), Patrícia Souza Magalhães, fez uma apresentação sobre o número de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) nas três santas casas e dos recursos para o custeio das diárias de internação, que variam conforme o tipo de leito. Na Regional de Passos, para atender aos 27 municípios, existem 98 leitos de UTI, entre adultos, neonatais e pediátricas, com proposta de 13 ampliações. A referência mostrou também a necessidade de ampliação de 48 unidades em toda a macrorregião de Saúde Sudoeste.

A reunião envolveu prefeitos, dirigentes hospitalares e a SRS Passos

Segundo a superintendente Kátia Gonçalves, é importante ressaltar que o desequilíbrio entre oferta e demanda é influenciado pelo fato de que pacientes de UTI têm permanências variáveis e não agendam atendimentos. “Na prática, a disponibilidade e necessidade de leitos de UTI mudam rapidamente, o que torna complicado o planejamento dos recursos necessários”, analisou.
O superintendente da Santa Casa de Passos, Daniel Porto Soares, falou das dificuldades do hospital para a ampliação de leitos de UTI, mas que há a possibilidade de ajustes para otimizar a ocupação atual e atender aos prefeitos a curto prazo. “No médio e longo prazo, depende de projetos, de área física”, disse.

O gerente geral de operações da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso, Renato Figueiredo dos Santos, também falou da possibilidade de disponibilizar novos leitos. “Nós temos capacidade de operacionalização maior e isso a gente tem condições de contribuir da forma que for de interesse das partes, para que a gente possa pactuar”, afirmou.

A superintendente da SRS Passos observou que a perspectiva de aumentar a capacidade das UTIs leva em conta os estudos sobre a transição epidemiológica e mudanças demográficas, com estimativas populacional e etária. “As discussões foram proveitosas e a procura por uma solução passou pela dependência de grandes investimentos e dependência de recursos financeiros, visando a construção de novas infraestruturas e contratação de equipes”, disse.

Kátia Gonçalves também avaliou que a discussão sobre os leitos de UTI levou em consideração bem mais que o simples aumento da oferta. “O debate também envolveu o uso de novas tecnologias, associadas a estratégias para aumentar a rotatividade de leitos. Essas estratégias podem ser a promoção de uma linha de cuidado para a alta segura do paciente, a capacitação de equipes multidisciplinares, mais investimentos em recursos terapêuticos auxiliares para evitar o prolongamento da internação, levando ao uso racional de recursos e tornando o programa mais sustentável”, explicou.

A reunião terminou com a formação de uma comissão de prefeitos, secretários municipais de saúde, representante de hospital e SRS Passos para dar continuidade aos estudos de proposições para apresentação junto à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

Por Enio Modesto / Fotos: Ascom SRS Passos