A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está alertando as secretarias municipais de saúde do Norte de Minas sobre a importância do incremento das ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, devido ao aumento de casos notificados de dengue e da febre chikungunya, além do reforço de orientações assistenciais, coleta de amostras para análise laboratorial e notificação dos casos. 

A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a situação preocupa devido à detecção da circulação do vírus da dengue sorotipo 3, em um homem de 31 anos de idade, residente em Belo Horizonte. O caso está sob investigação para caracterizar o provável local de infecção.

11.12.2023-Montes-Claros-Arboviroses

Existem quatro sorotipos da dengue e o sorotipo 3 circulou de forma significativa no país entre 2004 e 2008. Em 2019, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) identificou a circulação do sorotipo 3 em quatro casos, o que representa 0,5% das amostras positivas analisadas na época. Já nos últimos quatro anos, os sorotipos 1 e 2 foram os circulantes no estado.

“É importante destacar que a possível reintrodução do sorotipo 3, somado ao expressivo número de indivíduos suscetíveis, torna o cenário epidemiológico propício ao aumento da transmissão de dengue neste período sazonal e potencializa a ocorrência de surto e epidemia de maiores proporções. Especialistas alertam para o risco de uma epidemia em 2024 pelo sorotipo 3 no Brasil”, reforça o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde.

Neste ano, Minas Gerais apresenta 395.853 casos prováveis de dengue, sendo que 299.268 casos já foram confirmados, com ocorrência de 192 óbitos. Outras 69 mortes ainda estão em investigação. 

Já em relação à febre chikungunya, o Boletim Epidemiológico, divulgado dia 4 de dezembro pela SES-MG, revela que há 91.948 casos prováveis da doença no estado, sendo que 75.238 casos já foram confirmados. Neste ano, 42 pessoas morreram em Minas Gerais por causa da febre chikungunya e 19 óbitos estão em investigação. 

“Neste ano, entre as semanas 1 e 47, os casos prováveis de chikungunya se concentram principalmente nas macrorregiões de Saúde Norte e Nordeste do estado, somando 44,832 mil casos prováveis. Esses números são maiores do que aqueles observados no mesmo período em 2022, sendo 9,797 mil casos nas macrorregiões de Saúde Norte e Nordeste e 13,133 mil para todo o estado. Para este período de entrada da sazonalidade 2023/2024, identifica-se um aumento de positividade laboratorial para chikungunya, que corresponde a 28,5% para sorologia IgM e 24,4% para biologia molecular, com aumento deste último para 29,1% na semana 47. A co-circulação do sorotipo 3 e do vírus da febre chikungunya é um alerta para a rede assistencial, uma vez que pode aumentar a sobrecarga de atendimentos nos serviços de saúde e demandar a necessidade de diagnóstico diferencial devido à sintomatologia semelhante”, pontua o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde no comunicado enviado aos municípios.  

Neste ano, há 144 casos prováveis de zika no estado e 32 foram confirmados para a doença, sem ocorrência de óbitos.

 

A doença

A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática e, quando sintomática, causa uma doença de amplo espectro clínico. Os casos podem evoluir para remissão dos sintomas ou podem se agravar, exigindo constante reavaliação e observação, possibilitando intervenções oportunas a fim de reduzir a gravidade e evitar o óbito. A segunda infecção por qualquer sorotipo da dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua sequência.

A maior parte dos casos graves ocorre pelo extravasamento plasmático. Neste caso, a observação dos pacientes e o uso racional de líquidos intravenosos são essenciais. Entre os sintomas de alerta estão: febre; manchas vermelhas pelo corpo; dor abdominal; vômito persistente acompanhado de sangramento na gengiva, no nariz ou na urina. Ao perceber qualquer sintoma, a pessoa deve procurar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima.

Já a chikungunya pode causar diferentes manifestações clínicas, mas é caracterizada principalmente pela ocorrência de febre associada à artrite ou artralgia. Outras manifestações clínicas comuns são: dor de cabeça e muscular; erupção cutânea e prurido. As manifestações variam de alguns dias até vários meses, o que determina as diferentes fases da doença: aguda, pós-aguda e crônica. 

A fase aguda dura até duas semanas e a pós-aguda vai da terceira semana até o terceiro mês. A fase crônica acontece a partir do quarto mês e pode durar até anos, com piora da qualidade de vida.   

 

Prevenção

A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, revela que, dentre outras recomendações repassadas pela SES-MG aos municípios, visando o enfrentamento e controle das arboviroses estão: a notificação dos casos em tempo oportuno para garantir melhor resposta ao enfrentamento; realizar coleta de amostras laboratoriais, preferencialmente no momento em que as pessoas procuram as unidades de saúde; solicitar exames para diagnóstico diferencial de dengue e outras doenças febris agudas; monitorar e acompanhar sistematicamente os casos com sinais de alarme ou gravidade, lactentes, gestantes, adultos acima de 65 anos e pessoas com condições clínicas especiais.

Além disso, as secretarias municipais de saúde estão sendo orientadas a intensificar a realização de visitas domiciliares para vistoria de depósitos de água, realizando as ações de bloqueio de transmissão ao detectar os primeiros casos suspeitos de arboviroses. Também para organizar os serviços de saúde para garantir o atendimento da população, inclusive em horários estendidos; capacitar profissionais de saúde para reconhecer os casos e oferecer manejo clínico adequado aos pacientes; intensificar as medidas de controle e eliminação de focos do Aedes aegypti; atualizar e acionar o plano municipal de contingência conforme o nível de alerta local.

 

Por Pedro Ricardo / Foto: Fábio Marçal - Prefeitura Montes Claros