Numa ação conjunta entre Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Montes Claros e mais dez municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) serão os primeiros do Estado a implementar, a partir de janeiro de 2024, o projeto de fortalecimento de monitoramento do Aedes aegypti com metodologia de uso de ovitrampas.

Ovitrampas são armadilhas constituídas de um vaso de planta preto, no qual é adicionada água, uma palheta de madeira e substância atrativa para o mosquito. Nesse ambiente, as fêmeas do Aedes aegypti depositam ovos e, por meio de monitoramento semanal, agentes de controle de endemias avaliam a evolução ou não da proliferação do mosquito. Caso necessário, são realizadas ações de eliminação de focos nas regiões mais infestadas, evitando, com isso, o aumento de casos notificados de dengue, chikungunya, zika e da febre amarela urbana. 

1-12-23-SRSMocOvitrampas

“A utilização de ovitrampas já existe há um bom tempo, porém, a metodologia ainda não estava na rotina de trabalho dos agentes de controle das arboviroses”, disse Danielle Capistrano, coordenadora Estadual de Vigilância das Arboviroses e Controle Vetorial (Cevarb). Segundo ela, o Ministério da Saúde (MS) começou a incentivar que todos os municípios utilizem a metodologia e a SES-MG está investida nesse processo. “A meta é implantar o uso das ovitrampas em todos os municípios mineiros, mas como são muitas localidades, o trabalho será executado por etapas, e Montes Claros está incluída nessa primeira fase”, explicou Capistrano. 

A inclusão de Montes Claros no projeto ocorreu durante uma visita técnica realizada no início deste ano, envolvendo representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), e da SES-MG. Na oportunidade, o município manifestou o interesse de utilizar a metodologia das ovitrampas e foi incluído como convidado. 

“A metodologia é complementar a outros métodos de monitoramento do Aedes aegypti. As armadilhas vão fornecer mais conhecimento e dados ao município sobre a presença do mosquito no território”, ressaltou Danielle Capistrano.

A previsão é de que, em Montes Claros, 340 agentes de controle de endemias sejam envolvidos na implementação do projeto, com a instalação e monitoramento de 543 ovitrampas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. 

Em julho deste ano, técnicos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Montes Claros participaram, no município de Florestal, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, da primeira etapa de capacitação para o uso das ovitrampas. Entre os dias 28 e 29 de novembro, Danielle Capistrano e Roseli Andrade, referência técnica da OPAS, juntamente com técnicos da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, ministraram a segunda etapa de qualificação dos técnicos no CCZ. Na oportunidade, foram abordadas questões relativas à instalação das ovitrampas, contato com os moradores, alinhamento de informações, e aspectos do plano de ação apresentado pelo município para o início da instalação das armadilhas a partir de janeiro.

Ficou definido que, entre 26 de dezembro deste ano e 14 de janeiro de 2024, o Centro de Controle de Zoonoses realizará a multiplicação da capacitação para os agentes de controle de endemias. Além disso, para o início da implantação da metodologia, em janeiro do próximo ano Montes Claros sediará um seminário envolvendo técnicos do Ministério da Saúde, da Fiocruz e da SES-MG. 

Valdemar Rodrigues dos Anjos, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, disse que “o uso da metodologia das ovitrampas será mais um importante instrumento que ajudará a Secretaria de Saúde de Montes Claros no controle das arboviroses, pois possibilitará ao município ter uma avaliação, em tempo real, da proliferação ou não do Aedes aegypti”. 

 

Alerta

A coordenadora do estadual de Vigilância das Arboviroses e Controle Vetorial, Daniela Capistrano, alertou que “estamos entrando no período sazonal a partir de dezembro deste ano, e que vai até junho de 2024. Nesse período há um aumento da população de Aedes aegypti e de pessoas doentes”. Segundo Daniela, em 2023 houve uma epidemia de dengue e chikungunya, e já há um alerta do Ministério da Saúde para 2024, para mais uma onda de aumento de casos devido à circulação do vírus da dengue tipo 3, já confirmado em São Paulo e em Pernambuco. “Esse tipo de  vírus não circula há muitos anos. Além disso, temos o espalhamento do vírus da chikungunya. Por isso, 2024 será um ano importante para a intensificação das ações de combate ao Aedes aegypti”, disse a coordenadora.

No caso específico de Minas Gerais, Danielle Capistrano observou que, “no momento há aumento da positividade laboratorial para a chikungunya na região do Vale do Aço e o aumento de casos de dengue, de forma espalhada em algumas regiões do estado”.

 Valdemar Rodrigues reforçou que “o enfrentamento ao Aedes aegypti precisa ser intensificado nesta época do ano, em que há alternância de períodos de calor e de chuva. Isso porque, na área de atuação da SRS Montes Claros, os municípios de Bocaiúva, Guaraciama, e Olhos D´Água, já apresentam aumento da incidência de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti”.

Por Pedro Ricardo