O Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis 2021/2023 (PEES) tem como objetivos a redução acentuada do número de casos de sífilis adquirida e congênita em Minas Gerais, além de controlar e eliminar a transmissão vertical da sífilis, entre mãe e bebê. Através da Resolução da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) nº 7.837/2021, as Secretarias Municipais de Saúde (SMS) receberam incentivo financeiro para empreenderem ações que visam, entre outras questões, a obtenção das metas citadas, e, tendo em vista este desafio, a Gerência Regional de Saúde de Ubá (GRS) promoveu o 1º Seminário Regional sobre Sífilis, nos dias 14 e 21 de setembro.
O evento priorizou a apresentação particular do cenário em relação à sífilis nos 31 municípios jurisdicionados da GRS Ubá, apontando práticas exitosas e resultados obtidos, bem como as fragilidades observadas na aplicação do planejamento. “Quisemos proporcionar uma colaboração intensa entre os profissionais das Secretarias Municipais, pois tomar conhecimento das atividades e iniciativas do ‘vizinho’ pode nos levar a reflexões sobre nossos processos de trabalho e identificar soluções que, sendo replicadas, auxiliam a redução de casos de sífilis e na detecção e cura de infectados”, contou Aline Lopes, referência técnica materno infantil da GRS Ubá.
Semelhantemente ao PEES, os municípios elaboraram um Plano Municipal de Enfrentamento da Sífilis, sendo dividido em cinco eixos de intervenções – assistência; vigilância; gestão e governança; mobilização social; comunicação e educação permanente, incluindo estratégias de combate à sífilis adquirida e congênita. Com monitoramento, avaliação e orientação constante da GRS Ubá, foi observado que os indicadores regionais em relação à sífilis estão melhorando, como a ampliação da testagem rápida e gratuita, bem como a assistência para gestantes e bebês.
“Porém, é imprescindível novas discussões neste processo para que as metas, que são ambiciosas, sejam atingidas, pois isso significa caminhar rumo à eliminação da sífilis congênita. Além de ser uma das principais causas de mortalidade fetal e neonatal, pode causar complicações nos bebês, como malformação, parto prematuro, baixo peso ao nascer, surdez, cegueira, alterações ósseas e deficiência mental. Nestes quase dois anos que estamos trabalhando o PEES, temos nos empenhado para que a região consiga prestar assistência e realizar vigilância com qualidade, a fim de prevenir a sífilis congênita por meio da testagem precoce e do tratamento adequado das gestantes e suas parcerias sexuais. O seminário teve esse papel para reflexão e tomada de decisão para o sucesso do PEES”, contou Priscila Teixeira, referência técnica em Infecções Sexualmente Transmissíveis da GRS Ubá.
Vânia Goulart, referência técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) do município de Eugenópolis, contou que o Seminário trouxe soluções para novas rotinas de saúde e reorganização de fluxos e serviços. “Saio daqui com uma sugestão para conseguir aumentar a testagem da população sexualmente ativa, que é incluir o teste rápido para todos usuários do Programa de Saúde da Família (PSF) como rotina. Como contribuição, contamos sobre a nossa experiência em colocar o código da Classificação Internacional de Doenças (CID) na receita da benzetacil, antibiótico utilizado no tratamento da sífilis. Assim o farmacêutico, ao dispensar o medicamento no SUS, poderá indicar no sistema que o paciente teve acesso ao tratamento. Isso era uma lacuna porque a maioria dos pacientes não retornam para confirmar que fizeram o tratamento, e outros municípios relataram que também passavam por isso e que irão replicar nossa prática”, disse Vânia.