Com a finalidade de preparar os profissionais de saúde para eventuais casos de febre maculosa e influenza aviária (H5N1) em humanos, a Superintendência Regional de Saúde  (SRS) de Passos promoveu uma capacitação, por meio virtual, no dia 25 de julho. O público-alvo foram médicos, enfermeiros e profissionais de vigilância em saúde, epidemiológica e da Atenção Primária à Saúde (APS) dos municípios da região. O evento foi realizado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi),  com participação da médica infectologista Júlia Barbosa Silva, que fez uma apresentação sobre a situação epidemiológica e clínica das duas doenças no Brasil.

Os profissionais que ministram a capacitação utilizaram informações do Comitê de Monitoramento de Eventos (CME) do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs-Minas) e notas técnicas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e do Ministério da Saúde (MS).

Segundo a coordenadora do Nuvepi, Márcia Aparecida Silva Viana, a capacitação teve o objetivo de preparar os profissionais de saúde para as intervenções necessárias em caso de registros das doenças na região. “A febre maculosa e a gripe aviária em humanos são doenças possíveis de acometer indivíduos dos municípios da nossa superintendência e precisamos capacitar os profissionais da assistência e das vigilâncias para seu enfrentamento”, observou.

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Capacitação

Júlia Barbosa Silva, médica infectologista que atua no Hospital Samaritano e no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Cruzeiro do Sul, em São Paulo, abordou na apresentação as características gerais, perfil epidemiológico, diagnóstico e tratamento febre maculosa e da influenza aviária. 

 Especificamente sobre a febre maculosa, Júlia Barbosa alertou para a importância do tratamento imediato a partir dos primeiros sintomas. “É uma doença com alta letalidade e uma bactéria muito patogênica”, ressaltou.

Sobre a influenza ou gripe aviária em humanos, a médica advertiu que, por ser de alta letalidade (50% dos casos), a doença requer tratamento imediato nos casos suspeitos, acompanhado de notificação nos sistemas de informações de saúde. “A ideia é quebrar essa cadeia de transmissão e evitar que mais pessoas sejam infectadas”, explicou.

 

Ações

A referência técnica Emyli Chaves Cardoso, apresentou as notas técnicas do Ministério da Saúde Nº 38/2023-CGVDI/DPNI/SVSA/MS, para a gripe aviária, e SES-MG Nº 4 SES-MG/SUBVS/CIEVS-2023, que trata da febre maculosa. A referência falou também das publicações do CME/Cievs sobre a gripe aviária e das ações já desenvolvidas no estado.

Márcia Aparecida Silva Viana, coordenadora do Nuvepi, ressaltou que, no Brasil, até o momento, não existem casos confirmados de Influenza aviária em humanos e que a vigilância de casos em aves está sob a tutela da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). “A orientação para o momento é de que a notificação de casos suspeitos da doença em aves seja realizada a este órgão ou seus correspondentes no estado e nos municípios, tais como o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Polícia Militar, que estão capacitados para atender demandas afins”, orientou.

“Já a vigilância de casos da gripe aviária em humanos é realizada pela epidemiologias regional e municipais. Estamos aguardando a elaboração dos fluxos pelo Ministério da Saúde, mas, por enquanto, somos parceiros do Mapa, haja visto a inexistência no Brasil de casos em humanos”, comentou Márcia Silva.

Em relação à febre maculosa, a coordenadora do Nuvepi observa que trata-se de um agravo já relacionado na portaria que especifica as doenças de notificação compulsória, mas de baixa ocorrência na região, motivo pelo qual foi abordado na capacitação. “Precisamos relembrar os profissionais de saúde quanto às ações de vigilância e manejo clínico. Considerando que vários sinais e sintomas são comuns a outros agravos, é necessário conhecer o possível contato do paciente com o carrapato para estabelecer o vínculo epidemiológico,”, observou.

 

Prevenção

Em junho, a SES-MG lançou um alerta sobre a febre maculosa em Minas Gerais para que a população adote medidas preventivas e faça um controle do carrapato no estado.  Outras medidas são as ações de monitoramento e vigilância de casos humanos e vigilância ambiental de áreas de risco, com divulgação de notas informativas e material educativo para alertar os profissionais de saúde sobre os sintomas da doença.

Sobre a influenza aviária, a SES-MG, através da Fundação Ezequiel Dias (Funed), participou da elaboração do Guia de Vigilância da Influenza Aviária em Humanos, do Ministério da Saúde. O documento foi elaborado em abril, trazendo ações de vigilância em saúde humana para um possível cenário de H5N1 no país. Embora não haja transmissão sustentada do vírus entre seres humanos, as autoridades de saúde trabalham com eventuais “rearranjos nos vírus ou mutações” que podem tornar esse agente suscetível ao ser humano.

Por Enio Modesto