“Depois das experiências vivenciadas durante a pandemia da covid-19, Minas Gerais tem um grande desafio de retomar o aumento das coberturas vacinais de todos os segmentos da população visando se consolidar, até 2026, como referência no país como estado com classificação muito baixa de condição de reintrodução de doenças imunopreveníveis. Para chegarmos a essa condição, a adoção de estratégias será fundamental por parte do Estado e dos municípios”.

As afirmações acima, feitas pelo subsecretário de vigilância em saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Eduardo Campos Prosdocimi, foram destaque na abertura do “Seminário Macrorregional de Vigilância Epidemiológica 2023: Desafios e Perspectivas”, que foi realizado nesta quarta e quinta-feira, 28 e 29, em Montes Claros. O evento contou com a participação de mais de 260 profissionais de saúde de 86 municípios do Norte de Minas e que integram as áreas de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e das Gerências Regionais de Saúde (GRS) de Januária e Pirapora.

Créditos: Pedro Ricardo

Ao reforçar a importância de Minas Gerais retomar o protagonismo no aumento das coberturas vacinais no país, o subsecretário frisou que a SES-MG vai investir num grande movimento de mobilização da sociedade, visando evitar que doenças até então controladas por meio de vacinas sejam reintroduzidas no Estado.

“Para evitarmos essa situação, o Estado e os municípios precisam investir na conscientização da população e falar para públicos distintos. Nesse contexto, vamos estabelecer parcerias entre a SES-MG e a Secretaria de Estado da Educação com os municípios, por exemplo, para juntos chegarmos às escolas e conscientizar não só os estudantes sobre a importância das vacinas para a saúde de toda a população, mas também de toda comunidade escolar”, frisou Eduardo Prosdocimi.

Quanto aos municípios, Eduardo Campos destacou a importância do fortalecimento das equipes de imunização, visando viabilizar o funcionamento das unidades de saúde em horários especiais e realização de atividades em ambientes que recebem grande fluxo de pessoas. O objetivo será facilitar o acesso da população às campanhas de vacinação e atualização dos cartões de vacina.

Ao apresentar o cenário epidemiológico de vacinação em Minas Gerais, a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Josianne Dias Gusmão explicou que desde 2015 as coberturas vacinais vem caindo em todo o país, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a alertar o Brasil, nos anos de 2020 e 2022, sobre o risco de reintrodução de doenças imunopreveníveis, entre elas a poliomielite. No caso da febre amarela, entre 2016 e 2018 Minas Gerais teve casos notificados da doença, bem como óbitos.

“Para revertermos a situação, além do aumento das coberturas vacinais, os serviços de vigilância epidemiológica do Estado e dos municípios precisam acompanhar e definir estratégias eficazes”, observou Josianne Gusmão. Ela explicou que, em 2021 o Estado iniciou projeto voltado para o aumento das coberturas vacinais que atualmente já envolve 22 unidades regionais de saúde da SES-MG e 609 municípios.

Reconhecimento

Em reconhecimento ao empenho de profissionais de saúde visando o aumento das coberturas vacinais, no primeiro dia de realização do Seminário Macrorregional de Vigilância Epidemiológica a SES-MG entregou certificados a 28 municípios do Norte de Minas que apresentam baixo ou muito baixo risco de reintrodução de doenças imunopreveníveis. Na área de abrangência da SRS de Montes Claros foram agraciadas 12 localidades: Catuti, Coração de Jesus, Engenheiro Navarro, Gameleiras, Novorizonte, Botumirim, Cristália, Fruta de Leite, Joaquim Felício, Montezuma, Ninheira e Nova Porteirinha.

Outros 13 municípios da GRS de Januária também foram certificados: Ibiracatu, Juvenília, Lontra, Manga, Varzelândia, Brasília de Minas, Cônego Marinho, Icaraí de Minas, São João da Ponte, Urucuia, Ubaí, São Romão e Luislândia. Já da GRS de Pirapora foram contemplados com o recebimento de certificados os municípios de Várzea da Palma, Ibiaí e Ponto Chique.

Ações

Créditos: Pedro Ricardo

Ainda durante a abertura do Seminário Macrorregional de Vigilância Epidemiológica, a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques destacou que “O evento está sendo realizado num momento crucial, pós-pandemia da covid-19, e numa ocasião em que se verifica a possibilidade de surgimento de doenças que até então estavam sob controle por meio da vacinação da população. Isso exige que as equipes de saúde do Estado e dos municípios mantenham o esforço necessário para conscientizar e vacinar a população, visando conter a ocorrência de surtos de doenças”, pontuou.

A gerente regional de saúde de Januária, Ioná de Carvalho Lisboa reforçou que “o momento pós-pandemia da covid exige o fortalecimento dos serviços de vigilância em saúde”. Na mesma linha de raciocínio, a gerente da GRS de Pirapora, Tariana Diniz Oliveira observou que “a auto motivação das equipes de saúde constitui instrumento de fundamental importância para manter a vigilância, visando a evitar a reintrodução de doenças imunopreveníveis no Estado”.

Representando o Conselho de Secretários de Saúde de Minas Gerais (Cosems), a dirigente da entidade na região de Montes Claros, Dulce Pimenta, observou que “o trabalho dos municípios com a notificação de doenças e acompanhamento da situação de saúde da população é fundamental para orientar as tomadas de decisões por parte da SES-MG e pelo Ministério da Saúde”.

Já Eduardo Campelo, dirigente do Cosems na região de Pirapora, lembrou que “as ações de promoção e de prevenção devem se constituir foco principal para preservar a saúde da população”.

Por Pedro Ricardo