A saúde materna e infantil foi tema da oficina "Redução de cesáreas desnecessárias: a importância de mobilizar e informar as mulheres" realizada pela Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte (URS-BH) nesta quinta-feira (15/06), entre 9h30 e 16 horas, no auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) na rua da Bahia 1.600 na capital mineira.

Participaram da atividade referências da saúde materno infantil, Atenção Primária e de mobilização social dos 39 municípios que compõem a Regional. A proposta foi debater cenários recorrentes em que a gestante opta pela cesárea, em detrimento do parto normal. “Muitas vezes, a escolha é feita sem a gestante e a família estarem devidamente informada sobre a melhor indicação, riscos e benefícios de cada via de parto”, destaca a superintendente regional de Saúde de Belo Horizonte, Débora Marques Tavares. A superintendente destaca a importância do diálogo respeitoso, com informações adequadas e evidências científicas. "Assim é possível realizar enfrentamento em relação aos fatores que contribuem para as cesáreas desnecessárias e para fortalecer o protagonismo da mulher".

Nesse contexto, ocorreram, no encontro, estações com temas comuns que são abordados durante a gestação: “Prefiro a cesárea, não quero sentir dor”; “Prefiro a cesárea, é melhor pro meu corpo, não quero prejudicar minha vida sexual”; “Prefiro a cesárea, parto normal tem muita chance de complicação para o bebê, não?”; “Prefiro a cesárea, meu médico do pré-natal disse que não tenho dilatação suficiente” e “Prefiro a cesárea, porque já quero aproveitar e fazer a laqueadura.

Créditos: Cristiane Reis


A proposta consistiu em discutir estratégias no âmbito da assistência e gestão, assim como na mobilização social, para enfrentamento dos cenários apresentados. Organizadora do evento e referência técnica da URS-BH, Letícia Rodrigues destaca os índices apresentados na regional e as implicações na saúde familiar. Do total de 38.793 partos ocorridos em maternidades SUS da SRS/BH em 2022, 36 % foram cesáreas. Não é um percentual muito alto considerando as metas pactuadas, mas ao observarmos isoladamente a taxa em cada maternidade, vemos que o desafio para a redução das cesáreas desnecessárias ainda é realmente grande em alguns locais”, explica.

A representante da superintendência de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Amanda Guias Santos Silva, destacou a importância do evento em parceria com os municípios para a melhoria dessa realidade. “Para a gestão 2023-2026 a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais definiu como um dos projetos prioritários externos a redução das mortes maternas e infantis, com a meta de alcançar em 2026 uma Razão de Mortalidade Materna de 30 mortes por 100.000 nascidos vivos e uma taxa de mortalidade infantil de um dígito”. Amanda Silva explicou resslatou o impacto da redução de cesáreas não necessárias nesse contexto. “A redução das cesáreas desnecessárias implica uma mudança no modelo assistencial e uma conscientização e mobilização da sociedade, promovendo assim, a autonomia, o conhecimento de práticas baseadas em evidência e as boas práticas do parto para a redução da morbimortalidade materna. Nesse sentido, a discussão com o território e o debate é fundamental”, salienta.

Para o assessor-chefe da Assessoria de Comunicação Social da SES-MG, Antônio Cotta, a mobilização social possui papel estratégico. “A mobilização social possui papel fundamental para a conscientização e mudança desse cenário”. Referência técnica de saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a médica ginecologista e obstetra, Vanessa Gomes Rogana, enumerou as ações realizadas na capital mineira sobre o tema. “Realizamos reuniões mensais com os representantes das sete maternidades do Município e atualizamos recentemente o protocolo de pré-natal para ser publicado em breve. Estamos terminando as oficinas de pré-natal com a capacitação permanente dos nossos profissionais. Recentemente iniciamos o curso de doulas do município com o objetivo de capacitar as pessoas para acompanhar e apoiar mulheres durante o trabalho de parto e o parto”.

A oficina contou com as palestras “O que podemos/devemos fazer para evitar cesarianas desnecessárias?” da médica obstetra Regina Aguiar, “O cenário da cesárea na SRS-BH”, da referência técnica de saúde materno infantil da Regional BH, Letícia Rodrigues e “Mobilização Social no enfrentamento da mortalidade materno infantil” apresentada pela assessora de comunicação da URS-BH, Alessandra Maximiano.

Créditos: Cristiane Reis


Informações sobre o tema

Em 2021 foi aprovado o Plano de Enfrentamento à Mortalidade Materna e Infantil de MG em que são propostas ações que possibilitem avanços na melhoria da saúde materno-infantil, objetivando a redução do número de óbitos maternos e infantis por causas evitáveis em todo o território estadual, no período de 2021 a 2023. Entre as áreas estratégicas do Plano de Enfrentamento, destacamos o acesso aos serviços de qualidade e a mobilização social.

A SES-MG desenvolveu, em seu portal, espaço para informações a respeito do cuidado materno infantil. Pelo endereço eletrônico https://www.saude.mg.gov.br/cuidadomaterno , é possível acessar informações sobre gravidez, direitos e deveres, aleitamento, parto, gestação, verificar dúvidas frequentes, entre outros temas.

Por Leandro Heringer