A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni realizou um encontro para atualização da Vigilância Epidemiológica da febre amarela e descentralização do Sistema de Informação em Saúde Silvestre, no dia 30 de maio, na Fundação Educacional Nordeste Mineiro, em Teófilo Otoni.

O objetivo foi reforçar as ações de vigilância para o monitoramento da febre amarela e capacitar os profissionais na operacionalização do Sistema de Informação em Saúde Silvestre.

A coordenadora estadual de Vigilância das Arboviroses, Danielle Capistrano, participou do evento e falou sobre o cenário epidemiológico da febre amarela em Minas Gerais. “Todo estado é área de recomendação vacinal para a febre amarela. Tanto pelos episódios das epidemias ocorridas em 2016, 2017 e 2018, quanto pelo cenário atual. A circulação do vírus amarílico já foi detectada por meio dos primatas não humanos, que são os macacos. Precisamos chamar a população para que consigamos aumentar as coberturas vacinais”, enfatizou.

Daniella também destacou que a população precisa ficar atenta e observar o comportamento dos macacos da região. “Eles precisam estar saudáveis e ativos. Caso contrário, é preciso comunicar o serviço de saúde para que sejam adotadas as medidas necessárias. É importante ressaltar que quem transmite a febre amarela é o mosquito e não o macaco. Ele é apenas um sinalizador de que a doença está circulando naquele território e de que a população precisa se proteger por meio da vacina”, pontuou a coordenadora.

É por isso que a população não deve atacar, matar ou agredir os macacos, pois eles são aliados da vigilância, na medida em que as epizootias (ocorrência ou detecção de animais doentes) é um fator de informação sobre a circulação do vírus na região.

Na área de atuação da SRS Teófilo Otoni, a referência regional em arboviroses, Rosiane Teixeira Pessoa, explicou que desde de 2019 não há notificação de febre amarela em humanos. “Temos apenas notificação de primatas não humanos com suspeita de estarem infectados pelo vírus. Contudo, não temos resultado positivo”, salientou Rosiane.

Foto: Déborah Ramos Goecking

SiSS-Geo

O Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) é uma das formas de comunicação da população com os órgãos de saúde. O SISS-Geo é um aplicativo gratuito, disponível em smartphones e também possui uma plataforma na web, para o monitoramento da saúde dos animais silvestres em ambientes naturais, rurais e urbanos. O Sistema apoia a investigação da ocorrência de agentes causadores de doenças, como agentes infecciosos, que podem acometer pessoas e animais. “Basta enviar o registro pelo aplicativo. Essa informação passa por uma análise para saber se é um dado real ou não. A informação é disparada em um e-mail para todos os âmbitos da saúde, municipal, regional, estadual e federal, notificando que um animal morto ou doente foi encontrado”, explicou a representante da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Jéssica Andrade de Oliveira, que apresentou a plataforma SISS-Geo durante o encontro.

Os coordenadores de Vigilância em Saúde, Vigilância Epidemiológica e supervisores de endemias dos 32 municípios pertencentes à área de abrangência da SRS Teófilo Otoni participaram do evento.

 

Febre amarela

A febre amarela é uma doença viral aguda, imunoprevenível (ou seja, para a qual existe vacina), transmitida ao homem e a primatas não humanos (macacos, símios e lêmures), por meio da picada de mosquitos infectados. Possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano.

O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. Em áreas de mata, os principais vetores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Já nas áreas urbanas, o vetor do vírus é o Aedes aegypti.

O biólogo e também um dos palestrantes do encontro, Filipe Abreu, ressaltou que a febre amarela é uma doença grave, com alta taxa de letalidade. “Cinquenta por cento dos pacientes que procuram o sistema de saúde para se internar vão à óbito. Por outro lado, temos uma vacina super segura, que protege totalmente. Então, a melhor saída que temos para evitar esse adoecimento é a vacinação contra a febre amarela”, enfatizou.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina contra febre amarela para a população. A referência técnica do setor de imunização da SRS Teófilo Otoni, Andrea Uzel, explicou o esquema básico da vacinação contra a doença. “Pessoas acima de 9 meses até 59 anos de idade podem se vacinar. A primeira dose é dada aos 9 meses de idade com dose de reforço aos 4 anos. Para a população acima de 5 anos, basta somente uma dose e já estará imunizada”, declarou.

A vacina contra a febre amarela está disponível, durante todo o ano, nas unidades de saúde em todo Estado de Minas Gerais.

Por Déborah Ramos Goecking