A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni, por meio da Coordenação de Vigilância em Saúde realizou, na quinta-feira, 27 de abril, no auditório da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, o “Seminário de ações integradas entre vigilância e atenção básica para controle da toxoplasmose”.

A proposta do seminário foi promover a articulação entre áreas corresponsáveis pelo monitoramento da toxoplasmose na região, fomentar a intensificação das ações de prevenção e controle da doença, em especial a toxoplasmose gestacional e congênita, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população. “Não somente a epidemiologia faz o monitoramento da toxoplasmose, a atenção básica, por exemplo, além de ser a porta de entrada do paciente acometido pela doença, pode identificar uma gestante infectada por meio da realização do pré-natal. A gestante, inclusive, está em um dos grupos mais vulneráveis a desenvolver a forma grave da doença”, ressaltou a enfermeira e especialista em Política e Gestão da Saúde lotada no Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS Teófilo Otoni, Rosiane Pessoa Teixeira.

Entre os anos de 2018 a 2022, houve um aumento da incidência da toxoplasmose em Minas Gerais. A referência técnica estadual sobre a temática, Michely Aparecida de Souza, explicou que esse aumento foi decorrente da implementação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose em 2018 no Estado, proporcionando assim, a estruturação, consolidação e qualificação dos dados para avaliar a situação da doença em Minas Gerais. “O Estado vem investindo nessa implementação com o programa de controle e monitoramento dos casos, com integração de todos os setores responsáveis, para que as ações integradas possam minimizar as sequelas dessa doença na população em geral”, declarou Michely.

Foto: Déborah Ramos Goecking

Em 2021, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), mediante a Resolução Nº 7.800 (que institui o Projeto de Integração das Ações de Vigilância em Saúde para Agricultura Familiar - PRO AGRI SAÚDE, no âmbito do Estado), repassou um incentivo financeiro no valor global de R$ 28.320.000,00 para os municípios mineiros selecionados a participar do PRO AGRI SAÚDE. Entre eles estão os 32 municípios pertencentes à área de abrangência da SRS Teófilo Otoni, somados aos municípios que se encontram nas unidades regionais de Saúde de Diamantina, Januária, Montes Claros, Pedra Azul e Pirapora. O valor repassado para cada um desses municípios foi de R$ 160.000,00. 

Entre as ações a serem desenvolvidas no âmbito do projeto (PRO AGRI SAÚDE), estão as de educação em saúde sobre Toxoplasma gondii, com o objetivo de aumentar o nível de conhecimento entre os trabalhadores da saúde e das mulheres em idade fértil sobre a etiologia e consequências da toxoplasmose. 

A SRS Teófilo Otoni monitora o cenário epidemiológico da toxoplasmose na região e auxilia os municípios na implantação do serviço em seus respectivos territórios. “Antes de notificar o caso no sistema de informação, os municípios buscam apoio técnico para melhor condução do caso”, explicou a referência técnica em toxoplasmose da SRS, Sisli Magalhães.

Foto: Déborah Ramos Goecking

 

A doença

A toxoplasmose é uma doença provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que é encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, podendo se hospedar em humanos e outros animais. A doença é causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados, além do contato com as fezes contaminadas de felinos. 

A principal medida de prevenção da toxoplasmose é a promoção de ações de educação em saúde, principalmente para mulheres que estão em idade fértil e gestantes, sendo fundamental manter boas práticas de higiene pessoal e higienização dos alimentos. A toxoplasmose na gestação (toxoplasmose congênita) é uma doença grave. Pode acometer o bebê, apresentando complicações, como: hidrocefalia, convulsões, atrofia cerebral, anemia, problemas no fígado e alterações oculares.

A coordenadora da assistência farmacêutica da SRS Teófilo Otoni, Tatiana Ladeia, explica que o tratamento para a toxoplasmose está disponível de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas, faz uma ressalva: “a toxoplasmose é uma doença que normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imunidade, não sendo recomendado tratamento específico. As gestantes, os imunocomprometidos e imunocompetentes, que apresentam manifestações graves da doença, devem procurar seu PSF (Programa Saúde da Família) para encaminhamento aos serviços especializados e tratamento, de acordo com avaliação de cada caso”, pontuou Ladeia.

Por Déborah Ramos Goecking