A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), realizou, nos dias 19, 25 e 26 de abril, o treinamento “Vigilância e notificação de doença de Chagas crônica – E-SUS Notifica”. A capacitação, realizada no Centro Vocacional Tecnológico/Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (CVT/Uaitec) - polo Ponte Nova, foi voltada às referências técnicas e responsáveis pela digitação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) dos 30 municípios pertencentes à SRS Ponte Nova, divididos em três grupos. A condução ficou por conta da referência técnica em Sistemas de Informação do Nuvepi, Nelci Nunes da Silva, com o apoio da coordenadora Thiany Silva Oliveira. 

Crédito: Thiany Silva Oliveira

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Resolução SES/MG Nº 6.532/2018, acrescentou a doença de Chagas crônica à lista de doenças e agravos de interesse estadual, dada sua prevalência importante, tornando sua notificação obrigatória. Desde então, as notificações da forma crônica estão sendo realizadas por meio da ficha de Notificação/Conclusão, utilizando o Sinan. 

Porém, a partir de 1 de maio de 2023, as notificações passarão a ser realizadas exclusivamente pelo sistema E-SUS Notifica. "É importante salientar que a migração de sistema é válida apenas para casos de cronicidade da doença. A notificação da forma aguda permanece inalterada, devendo continuar a ser realizada via SINAN-NET”, alertou Nelci, completando que, para acessar o E-SUS Notifica, é necessário que o profissional de saúde faça o cadastro no site https://notifica.saude.gov.br/login.

Ele também destacou que os usuários do sistema devem assinar termo de responsabilidade próprio, uma vez que o sistema dá acesso a dados pessoais protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018). Justificou, ainda, a necessidade de participação de referências técnicas de todos os municípios na capacitação, mesmo aqueles onde não há casos notificados, uma vez que há possibilidade de um paciente com a doença mudar de localidade, devendo ter a continuidade de seu acompanhamento garantida. 

Thiany Oliveira aproveitou para apresentar a caracterização de casos agudos e crônicos da doença de Chagas e os contextos de risco vulnerabilidade para a suspeição, tais como: ter residido ou residir em área com relato de presença de vetor transmissor da doença; ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o convívio com vetor transmissor (barbeiro); residir ou ser procedente de área com registro de transmissão ativa de Trypanosoma cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença; ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes antes de 1992; ter familiares ou pessoas do convívio habitual que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial mães e/ou irmão(s) com infecção comprovada. 

“Chagas é uma doença negligenciada, e este é um momento oportuno para falar dela. Há baixa frequência de casos na área de abrangência da SRS Ponte Nova, o que demanda poucas discussões sobre o assunto. No entanto, elas são necessárias, uma vez que a doença afeta muito a qualidade de vida das pessoas acometidas”, opinou. Além disso, Thiany reforçou como os encontros, mesmo voltados para os sistemas de informação, foram produtivos para despertar a necessidade de ações de educação em saúde e busca ativa para prevenir e identificar casos da doença.

Vale ressaltar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o dia 14 de abril como Dia Mundial da Doença de Chagas, convidando os profissionais de saúde à busca ativa com o slogan: “Ajude-nos a saber quantos somos e onde estamos”. 

Por Tarsis Murad