Mais de 160 profissionais de saúde de 54 municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros participaram nesta quarta-feira, 15, de capacitação com foco no manejo clínico da febre Chikungunya e da dengue, duas arboviroses que neste início de ano apresentam maior número de casos notificados no Norte de Minas. O evento, realizado por videoconferência, foi organizado pelas coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da SRS, tendo como palestrante Mariano Fagundes Neto Soares. Ele é especialista em saúde da família na Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros.

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes, salienta que a realização da capacitação ocorreu num momento em que os serviços municipais de saúde e os hospitais estão recebendo grande número de pessoas acometidas pela chikungunya, situação até então nunca verificada na região.

“Por esse motivo, a atualização de médicos, enfermeiros e técnicos, além de coordenadores de atenção primária à saúde quanto ao manejo dos pacientes com suspeita de terem sido acometidos por alguma das arboviroses constitui iniciativa importante, diante da situação atípica vivenciada no Norte de Minas. Até então, a dengue era a doença transmitida pelo Aedes aegypti mais notificada pelos municípios e, neste ano, a situação inverteu”, pontua a coordenadora.

Créditos: Pedro Ricardo

Na mesma linha de raciocínio, Mariano Fagundes reforçou que os casos de chikungunya notificados pelos serviços municipais de saúde estão dez vezes acima da dengue.

“A situação preocupa pois, apenas 20% da população adoece por dengue enquanto que, 70% a 80% das pessoas contraem febre Chikungunya, cujo vírus se dissemina com maior rapidez e acaba acometendo famílias inteiras”, alertou o médico. Ele lembrou que a chikungunya é uma doença duradoura e multi sistêmica, podendo até incapacitar pessoas para o trabalho por causa das sequelas que deixa.

“A chikungunya leva até 50% das pessoas a desenvolverem a doença por até dois anos e alguns se tornam incapacitados para executar tarefas normais do dia-a-dia devido às dores. Por isso, crianças menores de dois anos, idosos com mais de 65 anos e portadores de doenças crônicas são mais propensas a desenvolverem as formas mais graves da doença”, frisou Mariano Fagundes.

O tratamento de pacientes acometidos pela doença deve ser escalonado de acordo com o grau de dor apresentado desde o início dos sintomas. Além do cuidado com o uso de medicamentos que podem provocar o surgimento de outros problemas de saúde, entre eles cardíacos e hepáticos, o médico explicou que os profissionais de saúde devem recomendar aos pacientes a realização de sessões de fisioterapia específica, a fim de reduzir o comprometimento permanente das articulações.

“Quanto mais precoce o diagnóstico das arboviroses melhor, além da importância dos serviços municipais de saúde investir no controle vetorial do Aedes aegypti”, concluiu o médico após repassar aos profissionais de saúde recomendações quanto ao manejo clínico dos pacientes.

Por Pedro Ricardo