Mais de 310 mil doadores de sangue captados, gerando a coleta aproximada de 259 mil bolsas de sangue, bem como a produção superior a 687 mil hemocomponentes, a realização de 4.124.625 de testes e exames laboratoriais para liberação das bolsas, além da inauguração de Postos Avançados de Coleta Externa (PACES) no interior de Minas, avanços nas pesquisas e procedimentos hemoterápicos e hematológicos. Destaque especial foi a recertificação concedida pela AABB/ABHH (Association for the Advancement of Blood & Biotherapies (AABB) e Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular) ao Hemocentro de Belo Horizonte. 

Crédito: Adair Gomez

Estes foram alguns dos dados apresentados pela presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi, nesta manhã de quarta-feira, 1º de março, em coletiva com o Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, em evento realizado no Hemocentro de Belo Horizonte (HBH). O evento se enriqueceu, ainda, com a homenagem feita pela Associação de Pessoas com Doença Falciforme (Dreminas) à Fundação pelo atendimento humanizado às pessoas com doença falciforme, que foi representada por sua presidente, Maria Zenó.

Agradecendo a presença do secretário Fábio Baccheretti, a do Secretário de Estado Adjunto de Saúde, André Luiz Moreira dos Anjos, bem como a de Zenó, Júnia Cioffi ressaltou a satisfação de contar um pouco do que a Hemominas fez em 2022. 

“Nosso sangue é realmente de qualidade. E isso é fundamental quando atendemos, em nossos ambulatórios, cerca de 10 mil pacientes com predomínio de portadores de hemoglobinopatias, principalmente os afetados pela doença falciforme, e coagulopatias. Somos responsáveis pelo atendimento de 100% das crianças diagnosticadas com Doença Falciforme no estado, a partir do teste de triagem neonatal – o chamado teste do pezinho, programa que começou em 1998, em Minas Gerais. A cada ano, aproximadamente 100 novas crianças são cadastradas e iniciam o tratamento, principalmente profilático, que prevê também a necessária orientação às famílias nas várias unidades distribuídas no interior de Minas. Antes da triagem, as crianças não chegavam nem aos dois anos de idade; hoje, temos pacientes adultos”, regozija-se a presidente. 

Apontando outras conquistas de 2022, ela destaca a estação móvel de coleta externa de sangue – que pode se deslocar para municípios e empresas que queiram recebê-la. Nesse sentido, ela orienta os interessados a consultar os requisitos no site da Hemominas.  Destacou ainda a inauguração de novos Paces em 2023 em outras localidades do interior: “Importante dizer à população que ela pode doar perto de sua casa, ampliando a capilaridade da doação voluntária de sangue”. 

Cioffi referiu-se também à Técnica de Redução de Patógenos (TRP) utilizada na preparação de 15.874 pools de plaquetas, representando 41% das doses terapêuticas de plaquetas produzidas pela Hemominas, aumentando a segurança dos pacientes que precisam de transfusão.  Salientou, ainda, a propagação do conhecimento construído pela Hemominas através dos cursos disponibilizados por meio da plataforma Educação a Distância (EaD) e atividades de ensino (teórico e prático), desenvolvidas junto a profissionais dos Estabelecimentos de Saúde conveniados à Fundação e de outras instituições, estudantes, professores e servidores.

Referência especial mereceu a recertificação: “Na oportunidade, quero dizer ao secretário que fomos auditados em 2022 e recebemos os avaliadores internacionais - o HBH recebeu e os laboratórios que fazem os testes do sangue doado em todo o estado também receberam a avaliação e, com orgulho, entrego ao senhor o Certificado que atesta a qualidade praticada na instituição, demonstrando que a Fundação faz tudo dentro dos conformes”, ressaltou a presidente.

Júnia informou que Certificado será colocado na sala de triagem dos doadores “para eles saberem que fomos avaliados e certificados e que o sangue doado por eles é tratado com todo respeito e qualidade”.

Vale lembrar que os Programas de Acreditação AABB/ABHH têm como finalidade aperfeiçoar os serviços de hemoterapia e bancos de sangue brasileiros e contribuir para a qualificação e aperfeiçoamento dos centros de terapia celular no Brasil.

Hemominas: referência para o Brasil e o mundo

“Mais uma vez é um prazer estar de volta à Hemominas, e na pessoa da Júnia, quero cumprimentar todos os servidores da Fundação. Trabalho para o estado desde 2011, e nesse tempo só tenho constatado que o trabalho da Fundação é extremamente respeitado. Parabenizo todos que vêm fazendo da Hemominas uma referência para o Brasil e o mundo”. 

Com tais palavras o secretário Fábio Baccheretti saudou os presentes, destacando, “entre tudo o que a Hemominas faz”, uma conquista recente - a inativação de patógenos (TRP): “Poucos sangues no mundo têm a qualidade que o sangue da Hemominas tem e isso é motivo de orgulho para nós mineiros. Sabermos que esse ato de amor que é doar sangue é tratado a melhor maneira possível e levar esse produto de qualidade superior e que gera inúmeros benefícios a tantos que dele precisam, sem temer possíveis efeitos colaterais que toda transfusão pode acarretar, nos tranquiliza e enaltece”, disse ele, explicando que a TRP amplia a segurança transfusional ao inibir os agentes infecciosos no sangue antes da transfusão, reduzindo a transmissão bacteriana e também inativando agentes endêmicos, tais como: coronavírus, dengue, Zika, Chikungunya, malária e febre amarela.

Ele destacou também a ampliação dos investimentos da Hemominas nos últimos anos. Referindo-se aos PACEs - 11 deles já inaugurados, Baccheretti ressaltou que são implantados de forma sustentável, ampliando as oportunidades de doação ao facilitar o acesso dos doadores aos locais. E anunciou a inauguração de mais Postos em 2023, entre eles o de Coronel Fabriciano e Paracatu: “Planejamos mais, não adianta ampliar a coleta sem expandir a capacidade de produção de bolsas de sangue em maiores instalações e, dessa forma, termos condições de atender às demandas com segurança e qualidade cada vez maior. As políticas públicas de saúde têm várias interfaces e os investimentos vão continuar, garantindo a melhor assistência no estado. E a Fundação Hemominas é estratégica”, considerou ele.

O secretário lembrou ainda a estação móvel que começa a rodar já neste mês de março. Segundo ele, além de amplificar o número de doadores, o ônibus será um instrumento de sensibilização da população, ao levar ao dia a dia das pessoas a consciência de que precisam doar e assim, captar cada vez mais doadores voluntários. “Temos certeza de que em 2023 teremos um recorde de doações, estamos vencendo a pandemia, aumentando a capacidade de captar doadores e de produzir bolsas. E na Semana Mundial de Saúde, evento que promoveremos em abril, teremos um dia com foco na doação de sangue, no qual esperamos poder coroar a certificação. Doar é um ato super bonito e espontâneo e esperamos salvar cada vez mais vidas”. Concluindo, salientou que a Certificação, mais do que merecida, atesta que a Hemominas não está parada, está se superando cada vez mais, ampliando a rede e construindo qualidade”.

Homenagem da Dreminas: um SUS que funciona

Na oportunidade, a Fundação Hemominas foi homenageada com um placa entregue pela presidente da Dreminas, Maria Zenó.

Em sua fala, ressaltou o propósito da Associação de Pessoas com Doença Falciforme, uma instituição sem fins lucrativos, fundada há 38 anos, bem como atuação da Fundação Hemominas no atendimento aos pacientes hematológicos: “Movimentos sociais populares e organizados têm papel fundamental na proposição de políticas públicas. Tendo em vista que o atendimento de usuários e usuárias na Hemominas envolve, em sua maioria, pessoas com doença falciforme, acompanhando pacientes e suas famílias, esta é uma parceria de muita cumplicidade e respeito. Entendemos, e falo em nome de todos os pacientes, que se não existisse uma Hemominas, com certeza não haveria pacientes adultos e idosos para contar sua história – um SUS que funciona. Uma parceria que nos permite pontuar o que não está indo bem e propor mudanças para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”.

E mais: “Antes da Hemominas as pessoas só descobriam seu diagnóstico depois do óbito. Hoje, desde março de 1998, com a triagem neonatal instituída pelo estado, executada pela Nupad, da UFMG, temos diagnósticos excelentes. Mas, sem assistência adequada para embasar o tratamento, eles não alcançariam seus propósitos. Eu quase que moro aqui na Hemominas – os pacientes amam estar aqui. Fazemos nossas festas, pacientes se sentem acolhidos e somos recebidos como em nenhum outro lugar do mundo. Não posso deixar de agradecer também ao doutor Fábio, que tem sido um importante parceiro, acessível às demandas necessárias à melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Referindo à premiação concedida à Fundação, Zenó destacou que a homenagem reconhece o olhar diferenciado e humanizado que ela tem e que de fato faz diferença na vida das pessoas: “O Prêmio João Batista é concedido a cada dois anos e seu nome reverencia um dos fundadores da Dreminas, falecido em 2011, e que defendia a Hemominas com unhas, garras e dentes. Assim, o entregamos no dia 10 de dezembro de 2022 – Dia Mundial dos Direitos Humanos - reverenciando principalmente os profissionais dos ambulatórios que nos atendem com respeito, carinho e solidariedade, demonstrados até em pequenos gestos como vaquinhas para comprar gás e alimentos. Temos o Café com amor e marmitex, alcançando pessoas que viajam até 12 horas para se tratarem aqui e não podem receber transfusão com fome. Cerca de 95 % das pessoas com DF são negras, de baixa renda, de grande vulnerabilidade social - 98%delas recebem bolsa família. Não tem como se olhar DF apenas no campo da saúde. A todos nossa gratidão. Com isso, vemos que é possível mudar a realidade com empatia e comprometimento – os profissionais têm todo o nosso respeito, carinho e gratidão”.

A seguir, todos de dirigiram ao ambulatório do HBH para afixação da placa de homenagem recebida da Dreminas. Após o descerramento da placa, feita pelo secretário e a presidente da Fundação, Júnia Cioffi destacou: “Agradecemos a vocês, pacientes, por esta homenagem que é um reconhecimento a todos os servidores que gostam de estar e trabalhar aqui cotidianamente, num das instituições mais respeitadas do Brasil, os servidores que riem e choram com suas histórias, abrindo-lhes possibilidades de uma vida com mais qualidade e dedicação”.

Por sua vez, Fábio Baccheretti manifestou o orgulho de ser secretário de Estado de Saúde e ter a Hemominas como parceira e poder constatar o atendimento multiprofissional prestado aos pacientes.: “E vamos melhorar cada vez mais”, assegurou.

No trajeto, um dos momentos mais gratificantes do evento: a manifestação da paciente Ester Gonçalves, de 12 anos, em tratamento no hemocentro. Ao receber a visita do secretário e demais, ela disse: “A Hemominas é a minha segunda casa, a minha segunda família. Somos amigos e agradeço tudo o que ela faz por mim. E se conseguir um transplante de medula, continuarei vindo visitar todo mundo”.

Não houve quem não se emocionasse!

 

 

Por Assessoria Hemominas