A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova tem empreendido esforços para auxiliar os 30 municípios de sua área de abrangência no enfrentamento das arboviroses (dengue, zika e chikungunya). Na segunda-feira, 13 de fevereiro, foi realizada reunião, por intermédio do Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses e com o apoio da Coordenação de Vigilância em Saúde (CVS) e Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), para discutir ações de controle do Aedes aegypti em período epidêmico. Participaram do encontro gestores de saúde, coordenadores municipais das Vigilâncias em Saúde e Epidemiológica, além de supervisores e coordenadores das ações de campo.

Conforme Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa) - metodologia que permite conhecer, por amostragem, a quantidade de imóveis com a presença de recipientes com larvas do mosquito – realizado em janeiro de 2023, treze municípios do território estão com médio ou alta risco de enfrentarem uma epidemia. Índices menores que 1% são considerados satisfatórios; de 1% a 3,9% indicam alerta; e acima de 3,9% representam alto risco de epidemia. São eles: Acaiaca (6,5%), Alvinópolis (3,3%), Diogo de Vasconcelos (4,2%), Dom Silvério (3,3%), Guaraciaba (4,3%), Piedade de Ponte Nova (4,9%), Ponte Nova (5,0%), Raul Soares (5,4%), Rio Casca (3,1%), Rio Doce (8,0%), São José do Goiabal (3,1%), São Miguel do Anta (7,2%) e Urucânia (7,4%).

Foto: Tarsis Murad

A coordenadora da CVS regional, Graziele Menezes Ferreira Dias, comentou sobre a importância da reativação do Comitê Regional, composto por representantes regionais de diversos setores e, também, dos municípios, por meio do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), com previsão de reuniões semanais durante as fases mais críticas. “As arboviroses exigem um enfrentamento contínuo, e temos que trabalhar tanto nos períodos não epidêmicos quanto nos epidêmicos. Agora, com os índices de infestação e registros de casos acima do esperado, temos que intensificar nossas ações de maneira intersetorial, com o objetivo precípuo de evitar óbitos e reduzir a força de transmissão da epidemia”, alertou. A coordenadora destacou que as epidemias de arboviroses são cíclicas, em geral ocorrendo de 3 a 5 anos. “Este ano também contamos com o calor intenso e o grande volume de chuvas, o que favorece a proliferação do mosquito”, esclareceu. 

O supervisor de endemias da SRS Ponte Nova, Geraldo Caldas, destacou como uma das principais medidas durante o período a realização das notificações de casos. “Alguns hospitais e unidades básicas de saúde não têm realizado as notificações. Para que possamos programar ou requerer certas intervenções, temos como parâmetro o número de notificações. Por exemplo, se eu for fazer um bloqueio de transmissão com o Ultra Baixo Volume (UBV) pesado, o município deve apresentar um índice de 300 casos prováveis por 100 mil habitantes”. Além disso, Caldas frisou a questão dos pontos estratégicos, que são a porta de entrada do mosquito. “É importante que os municípios realizem as visitas quinzenais a esses locais, além da realização do tratamento focal e perifocal”, observou. 

A referência técnica do  Nuvepi, Paloma Aparecida Costa Gesualdo enfatizou as ações necessárias em caso de epidemia:  visita domiciliar bimestral em 100% dos imóveis; pesquisa larvária nos pontos estratégicos em ciclos quinzenais, com tratamento focal e/ou residual; atividades de educação, comunicação e mobilização; articulação com órgãos municipais de limpeza urbana para melhoria da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos; articulação para atuação intersetorial; realização do bloqueio da transmissão, quando necessário; realização de reuniões por parte dos Comitês Municipais de Enfrentamento das Arboviroses. “As reuniões buscam acompanhar rotineiramente os indicadores municipais para que possamos conhecer o perfil epidemiológico de cada local, discutir estratégias, trocar conhecimentos técnicos e direcionarmos nossos esforços”, explicou.

 

Resolução

A reunião também contou com apresentação da Resolução SES/MG nº 8.386, de 19 de outubro de 2022, em alteração à Resolução SES/MG nº 7.733, de 22 de setembro de 2021, que institui as ações estratégicas e o repasse de incentivo financeiro aos municípios para auxiliar no enfrentamento das Arboviroses. Dentre as ações estratégicas, está a implantação do Comitê Municipal e a elaboração ou revisão do Plano Municipal de Contingência de Arboviroses (PMC), destinado a planejar as ações e preparar os serviços de saúde para cenários epidêmicos. “O plano é muito mais que um documento e deve ser colocado em prática para nortear todo o trabalho, evitando adoecimentos e óbitos causados pelas arboviroses”, disse Paloma. 

 

Mobilização social

Por fim e não menos importante, foi enfatizada a necessidade de realização das ações de mobilização social, envolvendo toda a comunidade, que deve ser alertada e envolvida no processo de prevenção por meio da eliminação de possíveis focos do mosquito. “A fórmula é simples: se eu não mobilizar minha população, não será possível baixar o índice de infestação. E se não baixar esse índice, logo terei alta incidência de casos”, reforçou Caldas. 

“Por isso, é de extrema importância a otimização das ações de prevenção e de controle, que envolvem não somente os trabalhos de rotina dos agentes, mas também as ações de mobilização social e de educação em saúde”, concluiu Paloma.

Por Tarsis Murad