Como parte das ações do Janeiro Roxo, mês de mobilização e combate à hanseníase, a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá apresentou o Boletim Epidemiológico de Hanseníase, disponibilizando o cenário do agravo entre os anos de 2017 e 2021 na região compreendida pelos 31 municípios sob a área de atuação da GRS. A apresentação foi realizada por meio de videoconferência no dia 23 de janeiro, contando com cerca de 42 participantes representando os municípios.

A divulgação do boletim busca subsidiar as secretarias municipais de saúde quanto aos diferentes padrões de ocorrência da doença no território, bem como as áreas com maior vulnerabilidade e fragilidades na vigilância, a fim de que estratégias de prevenção e controle da hanseníase sejam propostas levando em conta as especificidades locais.

Em Miradouro, equipe de saúde do bairro Primavera realizou abordagem da população para orientar sobre a Hanseníase como parte das ações do Janeiro Roxo - Foto: Divulgação

 

Cenário Epidemiológico

Entre os anos de 2017 e 2021 foram diagnosticados, nos municípios que compõem a GRS Ubá, 104 casos novos de hanseníase. "Foi possível identificar um perfil de adoecimento de homens e mulheres em idade economicamente ativa. Além disso, o diagnóstico em menores de 15 anos é um fato que chama atenção, uma vez que a ocorrência de hanseníase em crianças é um importante indicador epidemiológico que determina o grau de transmissão da doença, sinalizando a necessidade de reforço nas ações de vigilância, sobretudo no âmbito domiciliar”, interpretou os dados Priscila Teixeira, referência técnica em Hanseníase da GRS Ubá.

 

Os dados do boletim apontam que a detecção precoce, quando o agravo ainda não provocou danos irreversíveis ao paciente, deve ser priorizada pela Atenção Primária à Saúde em suas unidades como PSFs (Programa de Saúde da Família) e Centros de Atendimento de Saúde. “Infelizmente, verificamos a predominância das formas clínicas mais graves da doença - dimorfa e virchowiana -, 59% e 26% dos casos, respectivamente, o que sugere um déficit assistencial importante. Isso significa que estes pacientes já possuíam algum grau de incapacidade física quando foram diagnosticados, mais um motivo para realizarmos não apenas o Janeiro Roxo, mas um ano inteiro de esforço intenso para diagnóstico precoce”, afirmou Priscila.

Clique aqui e acesse o Boletim Epidemiológico de Hanseníase da GRS Ubá na íntegra.

 

Reforço nas ações da APS para diagnóstico precoce

O cenário exposto no Boletim Epidemiológico sugere que a detecção de casos precocemente, que confere maiores benefícios para o paciente, poderia ser mais elevada, caso fossem estabelecidas ações rotineiras de investigação, tanto da população em geral quanto dos contatos dos pacientes. Portanto, o ponto de atenção dos gestores de Saúde e das referências técnicas municipais deve se nortear para este propósito. 

Em Rodeiro, sala de espera do “Janeiro Roxo” realizada em PSF leva informação à população e objetiva quebrar o “tabu” sobre a hanseníase - Foto: Divulgação

“É necessário aumentar a capacidade de diagnóstico das equipes de saúde, seja fomentando as habilidades dos profissionais ou otimizando o acesso aos serviços; reforçar a busca ativa de pessoas que tiveram contato com pacientes diagnosticados para testagem; além da conscientização da comunidade sobre os sinais e sintomas da doença, quebrando estigma associado à hanseníase. É preciso que todos saibam que a hanseníase tem cura, e o tratamento é feito nas unidades de saúde, completamente gratuito. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico”, salientou Priscila.

Para mais informações, clique aqui e acesse ao hotsite da SES-MG sobre Hanseníase.

 

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa, transmissível e de caráter crônico, que ainda persiste como problema de saúde pública no Brasil. Seu agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo que afeta principalmente os nervos periféricos, olhos e pele. A doença atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, podendo apresentar evolução lenta e progressiva e, quando não tratada, é passível de causar deformidades e incapacidades físicas, muitas vezes irreversíveis.

Por Keila lima