A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos promoveu ações visando preparar os 27 municípios de sua abrangência para o enfrentamento às arboviroses no período sazonal de 2022-2023. Em dezembro, os municípios começaram a trabalhar na atualização do plano de contingência de arboviroses, mediante orientações do Comitê Regional de Enfrentamento às Arboviroses (CREA) da SRS Passos. Outras ações, como a qualificação de supervisores de controle de endemias, foram desenvolvidas pelas equipes de Vigilância Epidemiológica da SRS Passos nos últimos meses.

O Plano Municipal de Contingência das Arboviroses 2022-2023 já foi atualizado pela maioria dos municípios da SRS Passos e encontra-se em fase de análise pelos membros do CREA – Regional de Passos.  Após essa análise, o plano de cada município será devolvido para possíveis ajustes pela equipe de combate a endemias, antes de ser encaminhado para aprovação em conselho municipal de saúde (CMS) e pactuação em comissão intergestores bipartite microrregional (CIB-Micro), a partir de fevereiro.

Para a superintendente da SRS Passos, Kátia Rita Gonçalves, o Plano Municipal de Contingência para o enfrentamento da dengue, zika, chikungunya e febre amarela é um documento norteador das ações preventivas e que ultrapassam o gerenciamento da área da saúde. “Importante destacar que as ações que envolvem as arboviroses devem ser intersetoriais e integradas para garantir a eficácia da atividade a ser empreendida. Desta forma, deve ocorrer a articulação entre diversas secretarias municipais, instituições, órgãos e representantes da população civil organizada para o fortalecimento das ações de controle das arboviroses”, disse a superintendente.

Segundo lembra a referência técnica em arboviroses do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI) e coordenadora-adjunta do CREA/SRS Passos, Patrícia Mendes Costa, o plano de contingência das arboviroses “tem como objetivo evitar a ocorrência de casos graves e óbitos, além de prevenir e controlar processos epidêmicos nos territórios”. Por isso, o plano contempla a organização das ações de prevenção e controle do vetor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela, assistência ao paciente e o fortalecimento da integração das áreas e serviços envolvidos no combate às arboviroses. “A elaboração dos planos de contingência municipais considera o cenário epidemiológico, indicadores de saúde e estrutura de serviços e recursos humanos existentes”, explicou Patrícia. “Devem também agregar ações promovidas por áreas diversas, como vigilância, assistência, comunicação, mobilização social e gestão. São previstas ações para quatro cenários: nível zero, nível 1, nível 2, e nível 3. Estes cenários são monitorados através de indicadores de saúde”, concluiu a referência.

Ainda conforme Patrícia Mendes, a SRS Passos trabalha em conjunto com os municípios. “A superintendência regional oferece apoio técnico às equipes, realiza reuniões preparatórias para replicação de informações, análise dos planos e estabelecimento de cronograma para atender às exigências legais para validação dos planos junto ao Nível Central da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)”, disse. “Espera-se, após todo esse processo, que os municípios tenham no plano importante ferramenta para conduzir o enfrentamento das arboviroses, antecipando cenários desfavoráveis e, principalmente, evitando óbitos”, acrescentou.

 

Qualificação de Supervisores

Outra ação realizada foi o curso “Qualificação de Supervisores de Atividades de Controle do Aedes para melhoria da qualidade de respostas para o enfrentamento das arboviroses", que teve o primeiro de seis módulos realizado em 29 e 30 de novembro e 1º de dezembro, pela SRS Passos, por meio do NUVEPI e da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses (CEVARB), da SES-MG. O curso visa à construção de um projeto regional de multiplicação da qualificação de supervisores, tendo como público-alvo as referências técnicas, coordenadores e supervisores, que realizam o trabalho de campo.

Márcia Silva (esq.) e Elizabeth Franqueira na abertura do curso de qualificação dos supervisores de combate à dengue - Foto: Ascom SRS Passos

Com a capacitação, Elizabeth Franqueira - referência técnica Elizabeth Regina Gomes Franqueira, da CEVARB/SES-MG e apoiadora do curso - espera que os agentes de controle de endemias (ACEs) possam realizar seu trabalho com mais conhecimento técnico e sensibilidade humana, de modo articulado com outras áreas da saúde, identificando possíveis carências do morador quanto à assistência na atenção primária. “Os agentes capacitados vão ser multiplicadores. E, da mesma forma como a gente está falando desse olhar humanizado, dessa mudança de percepção, a gente espera que eles façam isso com os ACEs lá nos municípios”, disse Elizabeth. “Se a gente conseguir que cada ACE passe a enxergar com um olhar humanizado e mais sensível, acreditamos que vai ter uma mudança, uma melhoria, e vai chamar a atenção para mudar, às vezes, a forma de fazer as ações para enfrentar as arboviroses”, concluiu.

A coordenadora do NUVEPI, Márcia Aparecida Silva Viana, disse aos alunos, na abertura do curso, que os profissionais de controle de endemias precisam refletir sobre o próprio trabalho e entender a importância deles no processo, que não é a de simplesmente “matar mosquito”, mas de “salvar vidas”. “Vocês precisam refletir sobre a grandeza dessa ação e contribuir com subsídios de como o município vai enfrentar o problema das arboviroses em 2023”, disse a coordenadora aos participantes.

Ao final do primeiro módulo do curso, um dos alunos, Nilton Batista de Melo Neto, ACE de Delfinópolis, disse que se sentiu qualificado para repassar o que aprendeu aos colegas. “Foi uma abordagem muito boa feita pelo pessoal”, afirmou. “Aprendi muita coisa. O curso é muito completo”, observou.

 

Outras Ações

Também foram realizadas outras ações da SRS Passos no preparo dos municípios para o enfrentamento à dengue e outras arboviroses. Uma delas, em outubro, foram a atualização de supervisores, agentes de controle e digitadores em programas de registros nacionais e notificações do Ministério da Saúde para controle de dengue (SISPNCD), doença de chagas (PCDCH), Sistema de Gerenciamento de Localidades (SISLOC) e Sistema de Insumos Estratégicos (SIES). A outra, em agosto, foi uma oficina para readequação de municípios que ainda não adotavam a metodologia de controle do Aedes aegypti pelo sistema de zoneamento.

Por Enio Modesto