A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, por meio da Coordenação de Atenção à Saúde (CAS), promoveu, no dia 20 de dezembro, um seminário regional para discutir a Saúde Integral da População Negra. O evento teve como público-alvo os profissionais de saúde dos municípios da área de atuação da SRS Juiz de Fora e também os representantes da sociedade civil que compõem os comitês municipais de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde já constituídos e que atuam com população negra e quilombola.

O seminário foi uma oportunidade para apresentar a publicação recente da deliberação CIB_SUS/MG nº3991, de 9 de novembro de 2022, que aprova a Política Estadual de Saúde Integral da População Negra e Quilombola no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde) em Minas Gerais e dá outras providências. Nesta etapa, a política reconhece que é fundamental estabelecer ações de promoção da saúde específicas para pessoas negras. Assim, busca definir ações para garantir o acesso aos serviços de saúde de forma oportuna e humanizada.

 Seminário Regional da Saúde Integral da População Negra - Foto: SRS Juiz de Fora

Para a referência técnica da CAS da SRS Juiz de Fora, Vanessa Pires, o seminário foi momento para a divulgação dessa política e apoio à sua implementação nos municípios. “Durante o evento foi realizado um resgate histórico da escravidão no Brasil, discussões sobre o racismo estrutural e institucional, e seus reflexos no processo de saúde-doença” disse a referência.

A programação do evento contou com a palestrante Danielle Teles da Cruz, professora adjunta do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, que tratou do tema “Saúde Integral da População Negra  e  racismo estrutural e  institucional”. Em seguida, a palestra de Fernando Eleuterio, coordenador do Comitê Técnico de Saúde da População Negra e assessor da Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, falou sobre a “Experiência na implantação do Comitê Técnico da Política de Saúde da População Negra no Município de Juiz de Fora".

Na sequência, Natália Cristina Sales de Paula, assistente social do ambulatório no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (Fundação Hemominas) e Danielle Braga Oliveira, pedagoga da mesma instituição, apresentaram em conjunto o Hemocentro de Juiz de Fora e o tema “Anemia falciforme”. 

Por fim, Ana Beatriz Quirino, enfermeira obstetra que atua na vigilância epidemiológica no Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal e Integrante do Grupo Condutor Municipal da Rede Cegonha, no âmbito do SUS de Juiz de Fora, palestrou sobre a “Sobrecarga e Racismo: reflexo na saúde da mulher”.

 

Quilombolas

Cássia Christina de Assis Almeida é psicóloga e referência técnica de Políticas de Equidade do município de Bias Fortes. Para ela, o seminário trouxe uma importante reflexão, uma vez que, apesar dos avanços nas políticas públicas, o estigma e a discriminação ainda respondem pela vulnerabilidade e exclusão social da população negra, fragilizado o cuidado com a saúde dessas pessoas.

“Lutamos - ainda hoje - pela construção de um atendimento à saúde muito além do mero tratamento de doenças, mas como forma de Justiça social e dignidade”, disse a psicóloga. “Nós, profissionais do município de Bias Fortes, tentamos diariamente entender as necessidades e intervir nos impactos do racismo sobre a saúde das pessoas, em especial para a nossa Comunidade Quilombola Colônia do Paiol, buscando oferecer um serviço de saúde com equidade em busca de uma sociedade menos desigual e mais justa”, completa a referência. O município de Bias Fortes – que pertence à SRS Juiz de Fora - possui cerca de 400 quilombolas na Colônia Paiol.

 

Por Roseli de Oliveira Alves