A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com a Escola de Saúde Pública de Minas Gerais e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), encerrou na última semana, em 21 de outubro, em Uberlândia e Patrocínio, a 1ª etapa de oficinas do Saúde em Rede, em que participaram os técnicos da Atenção Primária das 27 Secretarias Municipais de Saúde da macrorregião de Saúde Triângulo do Norte.

Iniciada há quase um ano, a etapa esteve voltada para as ações de macro e microprocessos de trabalho para os atendimentos materno e infantil. A etapa  foi desenvolvida em oito ciclos de oficinas e um encontro para avaliação, apresentação das experiências e do plano de expansão interno. A cada ciclo, os representantes municipais, denominados tutores, aplicavam as atividades com a equipe local de uma unidade de saúde intitulada de laboratório.

Oficina Saúde em Rede Triângulo do Norte - Foto: Lilian Cunha

As oficinas abordaram vacinação, estratificação de risco das gestantes, organização do trabalho dentro da Unidade Básica de Saúde, saúde bucal e cuidado compartilhado entre a Atenção Primária e a Atenção Especializada.

Maria Aparecida Nunes Bezerra, analista do Saúde em Rede da SES-MG, destaca como foi gratificante acompanhar as melhorias no atendimento às gestantes e puérperas ao longo dos últimos meses. “Todos os municípios apresentaram avanços na qualificação dos processos de trabalho e muitas experiências foram compartilhadas. Esperamos que nos próximos dois anos, que é a fase de expansão, possamos ter mais avanços”, observou a analista.

 

Experiências municipais

O município de Nova Ponte criou o projeto “Amor de Mãe”. Em parceria com a Secretaria de Serviço Social, organiza-se um único grupo de grávidas, que atualmente tem 130 participantes. “Estávamos com baixa adesão das gestantes por conta da pandemia. Com a unificação, conseguimos profissionais qualificados para as atividades, as agentes comunitárias de saúde estão envolvidas no processo e são gratificadas pela presença das participantes das suas áreas, há sorteio de brindes e entrega de enxovais. Com a reestruturação, aumentamos a participação das gestantes, otimizamos profissionais e motivamos as equipes”, disse o coordenador da Atenção Primária municipal, Zaqueu Gomes Mendonça.

O projeto denominado “Saúde com a gente” foi realizado no município de Ituiutaba. Antes da intervenção, as gestantes eram atendidas somente na Unidade Mista, e agora o atendimento é feito nas 17 Unidades Básicas de Saúde. “Com o novo fluxo, elas são atendidas perto de casa e conseguimos melhorar o indicador do Previne Brasil, que é de, no mínimo, seis consultas de pré-natal. Há três médicos obstetras que fazem o acompanhamento junto com os dezessete médicos da Saúde da Família”, relatou o coordenador da Atenção Primária, Celismar Vieira de Lima.

O avanço em relação à educação permanente foi relatado pelo município de Uberlândia. Antes mesmo de iniciar o Saúde em Rede, as equipes das Unidades Básicas de Saúde da Família possuíam horário reservado na agenda, em que todas as quintas-feiras às 15 horas, os profissionais se reúnem para alinhar os processos de trabalhos e dedicar às capacitações. As tutoras relataram que estão articulando a extensão deste horário reservado para as Unidades Básicas de Saúde.

A microrregião de Saúde Patrocínio/Monte Carmelo possui nove municípios e há um Centro de Estadual de Atenção Especializada (CEAE) em Patrocínio para atender a população da região. Após o início do Saúde em Rede, a gerente administrativa do CEAE, Luciana Rocha Nunes Nogueira, pontuou três principais avanços. “Aproximação com os técnicos das Secretarias Municipais de Saúde para alinhamento dos serviços de referência e contrarreferência, criação da Central de Regulação para diminuir as faltas nas consultas e exames e orientar quanto a documentação correta, o que facilita inclusive conhecer antecipadamente o perfil do paciente para a triagem. E o aspecto mais importante, a valorização de cada profissional, o que impacta no atendimento humanizado aos pacientes”, disse a gerente.

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que é a instituição de referência da gestação de alto risco macrorregional, está participando das oficinas e o projeto “Materna Fone” encontra-se em fase final de desenvolvimento. O objetivo é estreitar o contato do hospital com as secretarias municipais de Saúde, sanando as dúvidas quanto ao correto encaminhamento das gestantes por meio de um profissional médico do HC-UFU. Ressalta-se que todo o processo ocorre de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

 

Saúde em Rede

O Projeto foi iniciado em 2019, em sua etapa piloto, para os 29 municípios da macrorregião de Saúde Jequitinhonha. Aquela etapa teve a condução da SES/MG, com o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e do Hospital Israelita Albert Einstein, no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS, do Ministério da Saúde.

Já a expansão do projeto para o restante do território mineiro, que atualmente está na 2ª onda, na qual a macrorregião de Saúde Triângulo do Norte foi contemplada, terá continuidade de ciclos em outras oficinas que estarão voltados para a saúde bucal, hipertensão, diabetes e segurança do paciente.

Por Lilian Cunha