Nesta terça-feira, 18 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) inicia, no município de Coração de Jesus, a segunda capacitação de referências técnicas de vigilância em saúde e de controle de endemias, para a descentralização das atividades do Programa de Controle da Febre Amarela. Os trabalhos seguem até quinta-feira, dia 20 de outubro. Sob a coordenação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, os trabalhos foram começaram em julho deste ano, contemplando a microrregião de Saúde de Salinas. As atividades contam com a participação do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e do Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte.

A capacitação ocorre no auditório da Câmara Municipal de Coração de Jesus.  Além do município sede, participam profissionais de saúde de São João do Pacuí, Lagoa dos Patos, Jequitaí e de São João da Lagoa. Entre outras atividades, as referências técnicas passarão a executar ações que atualmente são implementadas pela SES-MG, entre elas a coleta de vísceras de macacos encontrados mortos, para análise laboratorial.

“A descentralização das atividades do Programa de Controle da Febre Amarela está sendo realizada num momento oportuno, uma vez que, nos últimos anos, tivemos confirmada a ocorrência da doença em primatas não humanos em municípios da região”, destaca a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes. Ela entende que com a capacitação de referências técnicas dos municípios será possível agilizar os processos de coleta de amostras para análise laboratorial e, consequentemente, a investigação de casos, visando conter a disseminação da doença. 

Programação

A capacitação será realizada a partir das 8h30. A referência técnica em febre amarela na Superintendência Regional de Saúde, Bartolomeu Lopes fará apresentação do Programa de Descentralização das Atividades de Vigilância das Epizootias. Em seguida, será feita apresentação do cenário epidemiológico de epizootias de primatas não humanos e as estratégias para a organização de fluxo da vigilância da febre amarela em Minas Gerais.

A programação do primeiro dia do encontro contempla também a apresentação da cobertura vacinal da população do Norte de Minas contra a febre amarela. O controle vetorial; principais vetores de transmissão da febre amarela; o cenário da vigilância das arboviroses; a aplicação de recursos financeiros disponibilizados pela SES-MG e a importância da vigilância da saúde dos trabalhadores, serão abordados pelas referências técnicas da SRS, Ronildo Santos; Cássia Morais; Valdemar Rodrigues e Rita de Cássia Rodrigues. 

O Projeto Febre Amarela Brasil: Desafios na Vigilância de Primatas não Humanos e Estratégias de Coleta em Diferentes Cenários será apresentado pelo professor Filipe Vieira, atuante no campus de Salinas, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. Ele falará também sobre o Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo).

Quarta-feira, 19 de outubro, a partir das 8 horas, a referência técnica do Laboratório Macrorregional da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Clarissa Fernandes Gomes, ministrará treinamento sobre o preenchimento da ficha de epizootia no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam) e a utilização do Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). A capacitação terá prosseguimento com treinamento teórico sobre coleta e armazenamento de vísceras para análise laboratorial e utilização do SISS-Geo.

Quinta-feira, último dia da capacitação, as referências técnicas em vigilância em saúde e controle de endemias dos municípios participarão de treinamento prático sobre coleta, armazenamento e transporte de vísceras em primatas não humanos para análise laboratorial.

Foto: Bartolomeu Lopes/SRS Montes Claros

 

Febre amarela 

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra. 

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser prontamente comunicado pelos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos. 

No ciclo silvestre os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, febre chikungunya e do zika vírus.

A doença pode ser prevenida por meio de vacina, disponibilizada gratuitamente em todos os municípios, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). As recomendações são: criança com 9 meses de vida, uma dose; crianças com 4 anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinado ou sem comprovante de vacinação, uma dose.

A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária.

Por Pedro Ricardo