No dia 5 de julho a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros vai iniciar a 1ª capacitação de referências técnicas municipais para a descentralização das atividades do Programa de Controle da Febre Amarela na microrregião de Saúde de Salinas. O treinamento faz parte de uma ação conjunta entre a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a Fundação Ezequiel Dias (Funed), o Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).

A microrregião de Saúde de Salinas, que é composta por seis municípios, é a primeira do estado que iniciará a execução de ações que atualmente são implementadas pela SES-MG, entre elas a coleta de vísceras de macacos encontrados mortos, para análise laboratorial. “A descentralização das atividades do Programa de Controle da Febre Amarela começa a ser implementada no Norte de Minas num momento oportuno, uma vez que, nos últimos anos, tivemos confirmada a ocorrência da doença em primatas não humanos em municípios da região. Com a capacitação de referências técnicas de controle de endemias e de vigilância em saúde, vamos agilizar os processos de coleta de amostras para análise laboratorial e, consequentemente, a investigação de casos. Isso possibilitará à SES-MG agir com maior rapidez junto com os municípios, visando conter a disseminação da doença”, ressalta a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes. 

Até quinta-feira, 7 de julho, referências técnicas dos municípios de Salinas, Fruta de Leite, Novorizonte, Padre Carvalho, Rubelita e Santa Cruz de Salinas participarão de aulas teóricas e práticas sobre coleta, armazenamento e transporte de vísceras de primatas. Também será abordada a identificação e capacitação de agentes para a vigilância de epizootias (ocorrência de doenças em animais em uma região ou localidade, que levam à morte ou não, e que podem ser transmitidas para humanos) e entomologia (estudo dos insetos) para o controle da febre amarela; potencialização da comunicação do risco para as tomadas de decisões, com a utilização do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-GEO). Outro tema que será abordado é a articulação das vigilâncias epidemiológica, ambiental e de imunização, visando potencializar o aumento das coberturas vacinais contra a febre amarela nos municípios.

Foto: Bartolomeu Lopes

Agna Menezes observa que Minas Gerais é uma região de risco para a ocorrência de surtos da febre amarela. Dois deles ocorreram entre 2016 e 2018. A letalidade variou de 34,1% a 33,5% nos dois períodos, nas regiões dos vales do Rio Doce e Mucuri; Região Metropolitana de Belo Horizonte; Zona da Mata; Campo das Vertentes; Oeste e Sudoeste de Minas.

De acordo com levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), nos últimos três anos, têm ocorrido o recrudescimento da morte de macacos no estado. De 20 epizootias confirmadas, 90% ocorreram na macrorregião de Saúde Norte. Em 2020 as epizootias foram registradas em Unaí e Juramento. No ano seguinte foram registradas mortes de animais em Belo Horizonte e Curvelo, bem como nos municípios norte-mineiros de Brasília de Minas, Coração de Jesus, Icaraí de Minas, São João da Lagoa e Ubaí. Já neste ano as epizootias ocorreram nos municípios de Brasília de Minas e Ubaí e em Itapagipe (Triângulo Mineiro). 

PROGRAMAÇÃO

A capacitação será realizada a partir das 8h30 no auditório do Portal do Desenvolvimento, em Salinas. A referência técnica em febre amarela na Superintendência Regional de Saúde, Bartolomeu Lopes fará apresentação do Programa de Descentralização das Atividades de Vigilância das Epizootias. Em seguida, Danielle Capistrano, referência técnica da Coordenadoria Estadual de Vigilância das Arboviroses (Cevarb), apresentará o cenário epidemiológico de epizootias de primatas não humanos e as estratégias para a organização de fluxo da vigilância da febre amarela em Minas Gerais.

A programação do primeiro dia de encontro também terá apresentação sobre o cenário epidemiológico da vigilância de epizootias e cobertura vacinal da população residente nos 54 municípios da SRS de Montes Claros. O controle vetorial; principais vetores de transmissão da febre amarela; o cenário da vigilância das arboviroses; a aplicação de recursos financeiros disponibilizados pela SES-MG e a importância da vigilância da saúde dos trabalhadores, serão abordados pelas referências técnicas da SRS, Ronildo Santos; Cássia Morais; Valdemar Rodrigues e Rita de Cássia Rodrigues. Também participará das apresentações, a referência técnica do laboratório de entomologia da Fundação Ezequiel Dias (Funed) , Ana Lúcia Pedroso.

O Projeto Febre Amarela Brasil: Desafios na vigilância de primatas não humanos e estratégias de coleta em diferentes cenários será apresentado pelo professor Filipe Vieira, atuante no campus de Salinas do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais.

Quarta-feira, seis de julho, a partir das 8 horas, a referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Patrícia Brito, fará treinamento teórico-prático dos municípios quanto ao preenchimento da ficha de epizootia no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). Já o professor Filipe Vieira fará apresentação do Sistema de Informação em Saúde Silvestre  (SISS-GEO).

Entre os dias seis e sete de julho, as referências técnicas dos municípios participarão de treinamentos teóricos e práticos sobre coleta e armazenamento de vísceras de primatas. O treinamento será no campus do IFNMG, com a participação de profissionais do Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte, da Superintendência Regional de Saúde e do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. 

 

A DOENÇA

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos infectados e não há registro na literatura científica de transmissão de uma pessoa para outra. 

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser prontamente comunicado pelos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos. 

No ciclo silvestre os macacos são os principais hospedeiros do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro de importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus.

A doença pode ser prevenida por meio de vacina disponibilizada gratuitamente, em todos os municípios, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). As recomendações para a vacinação são as seguintes: criança com nove meses de vida, uma dose; crianças com quatro anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinado ou sem comprovante de vacinação, uma dose.

A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária.

 

Este conteúdo foi produzido durante o período eleitoral e publicado após o fim da vedação legal de divulgação

 

Por Pedro Ricardo